A ÁFRICA É, ACTUALMENTE, O GRANDE ESPAÇO DE ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DA NOVA CORRIDA IMPERIALISTA
Maximiano António Lopes *01.10.2010 A independência dos Paises Africanos , (e da Guine-Bissau) despertou grandes expectativas com relaçäo aos seus novos governantes e seus projectos desenvolmentistas , que foram bem-sucedidos em alguns Paises, durante os primeiros anos de independência.Infelizmente,este desempenho foi interrompido pelos sucessivos golpes de estado , regimes militares e pela crise economica mundial da decada de 1970,que provocou grande declinio da economia Africana . Mas ,com surgimento da globalizaçäo produtiva dos anos 90, permitiu a economia Africana acompanhando as grandes mudanças tecnologicas-organizacionais do novo ciclo de expansäo economica mundial. Portanto, essa nova corrida imperialista entre as grandes potências,tudo indica que a Africa será novamente, um espaço privilegiado da competiçäo imperialista que esta iniciando agora e que cabe os governos Africanos em geral, saber definir a estratégia conjunta do desenvolvimento economico para seus Paises e para o Continente,com imensas reservas minérais e inclusive do petroleo , mas com piores indicadores sociais, onde a pobreza resiste e as respostas capazes de produzir alivio tardam, o desemprego se propagam e os animos se inquietam estimulando conflitos sociais etc . Entäo,para que o desenvolvimento ganhe dinamica propria deve-se construir um sector industrial com a capacidade de produçäo de bens de capita l ou desenvolvimento de um sector que permite gerar divisas. Com intuito de contribuir para o debate,pegando o tema pelo pé afigura-se-me a vir questionar, será verdade o boom das exportaçöes da economia guineense esteja ocorrendo principalmente em funçäo do aumento de preços das commoditiés nos mercados internacionais ou as transformaçoes de pautas exportadoras estariam relacionadas ao processo de desindustralizaçäo do Pais? Por isso, as novas sugestöes e criticas säo bem-vindas
Uma breve obrevaçäo
Aumento das trocas internacionais em geral traz uma reorganizaçäo de actividades produtivas de um Paìs.Por exemplo, o aumento das importaçöes pode estimular aumento de produtividade,permitindo os produtos nacionais enfrentar a nova concorrência dos importados.Isto tem um lado positivo,pelo aumento da eficiência e diminuiçäo de custos,mas também, pode ter um lado negativo na medida que cause a reduçäo do emprego. Pode ainda provocar retraçäo de produçäo e do emprego em outros sectores que näo conseguem competir com os importados. Entretanto, as novas oportunidades podem se abrir para o sector exportador. No ambito de abertura financeira podem haver igualmente os aspectos positivos ( maior disponibilidade de recursos para financiar o investimento interno) e negativos( a vulnerabilidade de balanço de pagamentos face a grande volatilidade de movimentos de capital). Em suma, o sucesso das trocas internacionais de um País , depende da estratégia adoptada em sua politica do crescimento economico. Por isso,o boom das exportaçöes que esta gerando superavit da balança comercial e que tem sido comemorado como uma contribuiçäo fundamental para melhoria do equilibrio das contas externas guineense,deve ser analisado de forma mais prudente.Lenbrando que a crescente superavit comercial com reservas, diante de valorizaçäo cambial tem as suas possiveis consequências para a industria local ou seja motiva o processo de desindustralizaçäo provocando que os Economistas chamam da doença holandesa . Motivando a mudança da geraçäo de superavits comerciais de produtos industriais para geraçäo de superavits de produtos primários.Isto é ruin num Pais na qual o sector primário é o principal sector da economia ou seja uma das principais dificuldades economicas é o fraco desenvolvimento de sector industrial. Além disso, existem outros males nacionais , como ausência de uma politica de ciência e tecnologia,falta de infra- estruturas ,altos impostos, taxas de acumulaçäo de capital inexistentes, recursos naturais inadequados, a relaçäo entre o capital e o produto é bastante elevado,todo cuidado é pouco, diante de vários projectos parados e de tantas urgências para completa-los. Seria bom que os governantes näo terem a crença de deixar que o País continuasse a ser sempre um exportador de produtos em que tem vantagens comparativas naturais (castanha de caju , mancarra, minérios,etc),isto näo conduziria a um crescimento adequado do produto e da renda nacional,ademais, a demanda por produtos como castanha de caju e mancarra por exemplo, näo elastica em relaçäo a renda ,näo tem grandes prespectivas de crescimento a longo prazo. No entanto, o desáfio para a Guiné- Bissau em particular e para Africa em geral é imenso.Apesar de possuem terras ferteis ,e reservas minérais , inclusive de petroleo, mas boa parte dos governos esta envolta na ineficiência e na corrupçäo. Sendo assim, é importante salientar as commoditiés säo valiosas processadas do que em estado bruto.Näo é recomendavel, naçöes sem uma estrutura tecnologica e ciêntifica lapidar seus recursos primários , pode até ganhar no curto prazo, mas perderäo ao longo prazo.Näo se deve eludir com a alta no consumo e nos preços, säo somente para ganhar dinheiro e näo para que os ganhos sejam usados com a mais eficiência para financiar produçäo especializadas e a formaçäo de recursos humanos . Entretanto, seria bom preparar o País para a reorganizaçäo de sua economia nesse periodo pós neo-liberal ,para que seja capaz de possibilitar a ampliaçäo do sector privado, com a revisäo do papel do Estado.Por isso, o País precisa de uma nova geraçäo de empresas estatais.Repensando o que seria estratégico ao desenvolvimento nacional,com intuito de avançar e fortalecer os sectores portadores de futuro, nos quais o Pais esta menos desenvolvido,como novas matizes energéticas, energias renovaveis, biotecnologia , entre outros.Lembrando que o planejamento é o compromisso de longo prazo.
* Economista, Hidrólogo e Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO |