A CPLP É UMA COMUNIDADE LINGUÍSTICA E NÃO ECONÓMICA!
Mapa de organizações regionais - Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Regional_Organizations_Map.png
Fernando Casimiro (Didinho) 05.08.2012 Comparar a CEDEAO com a CPLP tendo a Guiné-Bissau como referência de base nessa comparação, numa vertente económica, é realmente algo infeliz! Guiné-Bissau: uma reflexão patriótica – Parte 3 O autor do texto em causa, pesquisou dados para uma comparação desenquadrada. Bastava saber que as duas comunidades que se propôs comparar têm missões e visões distintas, mas sobretudo, legitimidades e responsabilidades distintas, enquanto organizações, também distintas, no quadro da competência geográfica a nível da estrutura continental, a União Africana, para o continente africano, que tem na CEDEAO, o seu interlocutor regional na África Ocidental, que engloba os Estados-membros definidos geograficamente como fazendo parte dessa área geográfica. Que continente, ou que região, sub-região representa a CPLP?! Quem diz que é cidadão lusófono, é cidadão lusófono oriundo de um determinado país, sem dúvida, mas onde se localiza esse país, a que continente pertence...?! Não tenho ouvido, aqui em Portugal, referências a cidadãos da CPLP...Quando se está a referenciar um indivíduo, tomando em conta as suas características fisionómicas, costuma-se dizer: "vocês os africanos...guineenses, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos, são-tomenses...; até pelo sotaque da língua, diz-se, vocês os brasileiros... Por que não se diz, NÓS OS LUSÓFONOS?! Não se deve ignorar que todos os Estados do mundo são, primeiramente, relacionados com as suas localizações geográficas e, por conseguinte, com as suas zonas de integração comunitária, ou de influência, numa abrangência a vários níveis, desde o campo político, passando pelo social, económico etc. etc., e só depois (numa perspectiva cultural, sustentada pela lógica do relativismo, vem a questão linguística) que aliás, não é imperativa para a admissão de nenhum Estado como membro da organização regional a que, geograficamente tem direito! A Guiné-Bissau e Cabo-Verde são Estados-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, ainda que, ambos sejam Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua oficial Portuguesa, mas também, repito também, da Organização Internacional da Francofonia! As línguas oficiais da CEDEAO são: Francês, Inglês, Português. Angola é Estado-membro de uma outra organização regional africana, a SADC, a exemplo de Moçambique, curiosamente, Angola que passou o testemunho da Presidência da CPLP a Moçambique, passará, igualmente, o testemunho da Presidência da SADC a Moçambique. Moçambique vai assumir presidência da SADC As línguas oficiais da SADC são, a exemplo da CEDEAO: Francês, Inglês, Português. Ora, quando se fala de crescimento económico em zona CEDEAO e "zona CPLP", está-se a cometer um equívoco, pois a CPLP é uma Comunidade linguística, a exemplo do que é a Organização Internacional da Francofonia, da qual a maioria dos Estados-membros da CEDEAO fazem parte, não "reclamando" o PIB que corresponde ao total dos Estados-membros da OIF simplesmente por serem Estados-membros dessa organização! Já numa vertente de comunidades de integração regional, de incidência política, económica e social, tal como no caso da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde, relativamente à CEDEAO, Angola e Moçambique são referências da zona SADC, aí sim, pode fazer-se comparação em matéria de PIB entre a CEDEAO e a SADC. Por que se pretende considerar um PIB de uma alegada "zona CPLP" e de instrumentalizar os valores de referência de países específicos, como Angola e o Brasil cujos dados económicos não têm nada a ver com a CPLP, mas, em contrapartida, são elementos de referência das organizações regionais a que pertencem? Quando se fala do crescimento económico de Angola, a referência continental é ou não África e o espaço de integração regional em que Angola está inserida? Quando se fala do Brasil, está-se a falar da América do Sul ou não? Quando se fala de Portugal, creio eu, está-se a falar de um Estado-membro da União Europeia e inserido na Zona Euro. Ou será que antes das referências continentais e regionais destes e doutros países, deveríamos realçar a CPLP, como quê?! Aproveito para dizer que, também tem havido muitos equívocos quanto à cooperação bilateral, confundindo-se relações a 2 entre países que falam a mesma língua, como sendo no âmbito de uma Comunidade, isto no caso da CPLP. Os 8 Estados-membros da CPLP, são Estados soberanos! O que tem a ver acordos de cooperação entre a Guiné-Bissau e Angola; entre a Guiné-Bissau e Portugal; entre a Guiné-Bissau e o Brasil, com acordos multilaterais no âmbito da CPLP? Vejamos as referências relativamente à Integração Regional em África, fornecidas pelo Banco Mundial, para questionarmos onde está incluída a CPLP, ou onde está referenciada a tal "ZONA CPLP" que o autor do texto (que serviu de motivação a este meu artigo) aborda com a convicção de ter esclarecido questões de importância ou menos importância entre a CEDEAO e a CPLP. Vejamos o quadro de referência das Instituições regionais africanas para não termos nenhum complexo em questionar: afinal onde está incluída a CPLP?! Obviamente que temos registos de dados que podem servir de comparação entre a CEDEAO e todas as demais instituições regionais africanas, por exemplo a SADC da qual fazem parte Angola e Moçambique, que num contexto linguístico, pertencem à mesma Comunidade que a Guiné-Bissau e Cabo-Verde, CPLP. Vamos deixar de desvalorizar as instituições africanas, nós que somos africanos e reclamamos pelo desenvolvimento do nosso continente, tão explorado e prejudicado ao longo de séculos, em benefício de outros e não dos africanos! A integração regional é uma força! Não há mal nenhum em valorizar-se a CPLP, mas sejamos honestos, realistas, tendo em conta as comparações que se têm vindo a fazer, em jeito de disputa tomando como referência, a crise despoletada com o golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné-Bissau. É bom recordar que a CEDEAO condenou esse golpe, contrariamente ao que se tem insinuado, de que apoiou o golpe e impôs um governo de golpistas na Guiné-Bissau! Instituições regionais africanas A 5 de Maio último, escrevi o seguinte:
A 11 de Junho escrevi:
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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