Na
Guiné-Bissau, muitas questões continuam a ser tabus, mesmo
tratando-se dos assuntos de natureza pública e de gestão dos
recursos de Estado.
Tanto assim que – se a memória não me falha – não há
um único caso de um agente de Estado ou um ocupante de
qualquer cargo público ter sido conduzido à justiça por
indícios ou prática de corrupção, isto apesar de o país se
tornar independente há quase 40 anos.
Será que a maioria dos guineenses se identifica
“naturalmente” com a prática da corrupção? E porquê?
Caso as respostas forem afirmativas, pergunta-se então: como
é que se consegue desenvolver um país se as pessoas no poder
ou na administração pública podem “roubar” abusivamente, sem
que NUNCA sejam responsabilizadas?
A gestão honesta da coisa pública, na minha opinião, pode
ser guiada por dois elementos sociais e cívicos: “bons”
princípios morais e individuais ou “uma” boa aplicação da
lei e da justiça.
E, na ausência de ambos, devemos então aceitar o facto de a
corrupção ser tristemente uma parte da “cultura” guineense.
Ela, a corrupção, tem sido de algum tempo para cá, o
sinónimo de “matchundadi”. Os vizinhos, os familiares e
amigos sempre aplaudem. E o povo fica na margem.
Ainda assim, apesar desta atitude de "aceitação" e
"aprovação", pretendemos ter uma nação ímpar e ser gente com
nobres princípios, mas quando todos nós pretendemos apenas
compartilhar o fruto da corrupção. De resto, não queremos
saber – “n’ka mati, n’ka odja”.
Amigos, uma nação não se constrói com os alicerces da
corrupção e da impunidade. Seja ela uma nação africana ou
europeia. Aliás, como vai o ditado, “poucos beneficiam com a
corrupção e todos pagam por ela”. Esta geração e as
vindouras.