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A GUINÉ-BISSAU ENTRE POLÍTICA, FUTEBOL E NEGOCIATAS
Fernando Casimiro (Didinho) 19.03.2010
Cargo que depois passou a ser desempenhado por uma filha do Major, quando este argumentou não ter disponibilidade para ocupar tantos cargos que ocupava... Nino Vieira via no cidadão português Major Valentim Loureiro, um parceiro privilegiado para as suas negociatas em Portugal e não só... Não era por acaso que em muitos círculos políticos, sociais e até militares, o Major Valentim Loureiro era conhecido pelo "Valentim Bissau"! Até à guerra de 98/99 na Guiné-Bissau, funcionou tudo às mil maravilhas, com o Major Valentim a viajar frequentemente à Guiné e a aproveitar ao máximo todas as oportunidades de explorar o que Nino Vieira lhe disponibilizava, convencido de que, o Major "valentão" era mais um "testa de ferro", a exemplo do que também era o actual Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior. Contas furadas! Quando Nino Vieira foi obrigado a exilar-se em Portugal, qual Major, qual Cônsul, qual amigo "testa de ferro", qual Valentim Loureiro... O Major Valentão apenas deu a entender a Nino Vieira que os tempos eram outros... e que não se metesse com ele! Nino Vieira, uma vez mais tinha sido enganado e a Guiné, uma vez mais, perdia bens que só Nino Vieira tinha conhecimento, devido às suas "intimidades" com o Major Valentão... Contudo, Nino Vieira foi um bom professor para muitos guineenses e se a nível das matanças, corrupção, narcotráfico e outros crimes mais, não é difícil concluir que muita gente tem seguido os seus ensinamentos, também se pode concluir que, tal como ele, o actual Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, resolveu assumir uma relação entre política e futebol, que passará obviamente pelos negócios, elegendo para esse relacionamento o Futebol Clube do Porto e o seu Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. De visita a Portugal, pela segunda vez no espaço de 1 mês, com uma extensa comitiva, Carlos Gomes Júnior visitou o Estádio do Dragão, onde foi recebido pelo Presidente do FC Porto. Nada tenho contra se o Primeiro-ministro da Guiné-Bissau e sua esposa que, mais uma vez entra em cena numa visita oficial, o que é lamentável, são adeptos ou sócios do FC Porto, do Benfica, do Sporting etc.
Mas pergunto: em nome de quem o Primeiro-ministro da Guiné-Bissau se referiu ao Presidente do FC Porto «Jorge Nuno Pinto da Costa é, para nós, o maior embaixador do desporto português no mundo. Desejo muitas felicidades a todos os adeptos do FC Porto e que continuem a beneficiar da imensa capacidade do seu presidente para que o clube continue a crescer» Estava a falar em nome da Guiné-Bissau, de todos os guineenses? Estava a falar em nome da delegação composta por 30 pessoas que o acompanharam ao estádio do Dragão, todas de barriga cheia, bem trajadas, com dinheiro no bolso para a missão de serviço, bem alojadas e digam-me se à custa de Portugal ou dele Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. ? Estava a falar em nome dos empresários como ele? Estava a falar em nome dos banqueiros como ele? Estava a falar em nome do seu Partido, o PAIGC? Estava a falar em nome de quem, o Primeiro-ministro da Guiné-Bissau que ainda não percebeu que, as propagandas que tem feito nas suas constantes visitas a Portugal só motivam os políticos, governantes e empresários portugueses, bem como alguns guineenses com alguma posse e outros, quadros desejosos de regressar ao país convictos de que conseguirão colocação no aparelho do Estado, tantas são as promessas do Secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, que tem preparado todas as visitas do Primeiro-ministro... O Sr. Primeiro-ministro da Guiné-Bissau encontra-se com os governantes, políticos e empresários portugueses. Encontra-se com grupos de guineenses que são sondados antecipadamente para esse efeito. Agora pergunto: E os guineenses ditos "pés descalços" dos bairros degradados da Grande Lisboa e outros em diversas localidades de Portugal? O que sabe o Sr. Primeiro-ministro sobre como vivem os nossos compatriotas em Portugal, os seus problemas de integração, direitos e deveres enquanto cidadãos lusófonos residentes em Portugal? O que sabe o Sr. Primeiro-ministro sobre os doentes guineenses que têm sido contemplados com junta médica e chegando a Lisboa, ninguém quer saber deles? Por que o Sr. Primeiro-ministro, que até tem tido tempo para várias actividades, nunca se disponibilizou para visitar, no terreno, uma comunidade guineense algures numa qualquer localidade, por exemplo, da Grande Lisboa? Tem que reunir-se sempre com as pessoas que lhe são fieis/próximas, num meio restrito e de quem nunca ouvirá as verdades sobre como se vive em Portugal, ou sobre o que nós que estamos fora da nossa terra pensamos em relação ao que se passa nosso país? Os guineenses devem estar atentos com toda a propaganda que se está a fazer e que visa "dar" poderes absolutos a alguém que também prejudicou o país e muitas pessoas (há testemunhos disso, quer no caso da DICOL, quer no caso da GUINEBIS), a seu tempo serão relatados, Sr. Primeiro-ministro... Não é minha intenção contribuir para o derrube de nenhum Governo saído de eleições, mas tão somente, responsabilizar o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, pelo prejuízo que causou e tem causado à Guiné-Bissau e aos guineenses! A Guiné-Bissau, não pode continuar a ser dirigida pelos seus piores filhos. Carlos Gomes Júnior é um deles! Não basta dizer que Carlos Gomes Júnior é Primeiro-ministro porque o seu Partido ganhou as eleições legislativas. Ou porque não há mais ninguém que o possa substituir, e assim sendo, é um mal menor... Também o PAIGC de Carlos Gomes Júnior "nunca aceitou" a legitimidade de Nino Vieira como Presidente da Guiné-Bissau, embora as eleições presidenciais de 2005 com vigarice ou não, tenham designado Nino Vieira como vencedor e, por conseguinte, Presidente da República. O mesmo se aplica às legislativas ganhas pelo PAIGC em Novembro de 2008, que, com vigarice ou não, com os apoios dos dinheiros do narcotráfico ou não, deram a vitória ao PAIGC e a consequente nomeação de Carlos Gomes Júnior como Primeiro-ministro. O povo votou em Nino porque confundiu a sua candidatura com a do PAIGC que, por sua vez, continua a enganar o povo guineense utilizando a imagem de Amilcar Cabral, chamando inclusive o PAIGC - Partido de Cabral, quando se Cabral fosse vivo, corria com todos os membros deste PAIGC de Carlos Gomes Júnior.
O Nino ganhou porque comprou
consciências, tal como Carlos Gomes o faz e convém relembrar que os símbolos da
República da Guiné-Bissau confundem-se com os símbolos do PAIGC o que continua a
servir para enganar o nosso povo!
Carlos Gomes Júnior há muito que está a fazer "campanha eleitoral para Presidente da República". Pode-se achar ridícula esta minha afirmação, mas o tempo responderá por mim...Não tenho pressa, apenas apelo aos guineenses no sentido de estarem atentos a certas movimentações, mesmo pequenas, mas demonstrativas do sonho do actual Primeiro-ministro... O país assiste, desde a algum tempo a esta parte, a uma "luta institucional silenciosa", luta essa com diversos posicionamentos de actores sobreviventes da crónica instabilidade política e militar na Guiné-Bissau. Continuemos a assistir, que chegaremos ao final do filme... Continuamos a ser massacrados com propagandas do Sr. Primeiro-ministro, agora com a aprovação da Lei da dupla nacionalidade, que deve ser enviada ao Presidente da República para apreciação e promulgação, o que, parece, não ter ainda acontecido. Estou de acordo com a possibilidade de os guineenses puderem ter outra nacionalidade, mas não sei detalhadamente o que diz a nova Lei aprovada na Assembleia Nacional Popular. Nós sugerimos a revisão da Lei da Nacionalidade em Junho de 2009: "Tomando em consideração as providencias do Governo da Guiné-Bissau devido ao falecimento de Luís Cabral, venho pedir publicamente ao Sr. Primeiro-Ministro Carlos Gomes Jr., na sua qualidade de Presidente do PAIGC partido com maioria parlamentar, que sensibilize os deputados do seu partido para o debate na Assembleia Nacional Popular, da presente Lei da Cidadania da Guiné-Bissau, bem como do artigo 63 da Constituição da República, no sentido de uma revisão quer da Lei da Cidadania quer do artigo 63 da Constituição, pois, estou certo que se devolveria honra e dignidade a todos os combatentes da liberdade da pátria, bem como se estaria a repor a verdade histórica da identidade multicultural do povo guineense.
Com este gesto, também se devolveria o estatuto de cidadão
guineense de pleno direito, quer a Amilcar Cabral, quer a Luís Cabral, porque
ambos, à luz da presente Lei da Cidadania e do artigo 63 da Constituição da
República, não são definidos como cidadãos guineenses de pleno direito, o que é
um grande paradoxo!"
Também lançamos, a
23.04.2009 uma Petição contra a Lei da Cidadania e
contra o Artigo 63
da Constituição da República
Agora, por que usar o futebolista Yannick Djaló para "valorizar" os efeitos da Lei da dupla nacionalidade? Será que o futebol é mais importante do que todas as áreas vitais para o desenvolvimento da Guiné-Bissau? E os milhares dos nossos quadros superiores, técnicos e profissionais que têm outras nacionalidades, por que não houve até agora uma declaração do Governo, através do Primeiro-ministro, convidando-os a regressar, ao país, para darem os seus contributos, se assim o desejarem? É que o Governo vai formalizar convites directos a futebolistas guineenses ou de origem guineense portadores de outras nacionalidades, para passarem a representar a selecção nacional da Guiné-Bissau. Acho bem e estou de acordo, mas e o resto? Vejamos as coisas com realismo, de forma séria. Acabe com as propagandas Sr. Primeiro-ministro. Tenha a coragem de se encontrar com pessoas capazes de lhe questionar sobre assuntos de interesse nacional e não sobre os assuntos que o Sr. quer ouvir e abordar!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO
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