A GUINÉ-BISSAU E OS GUINEENSES VALEM MAIS DO QUE CENTO E CINQUENTA MILHÕES DE DÓLARES!
Minha Terra, Minha Amada
Letra de Fernando Casimiro (Didinho) Música de Fernando Carvalho Álbum "Nha Laide"
O maior desafio para todos os guineenses é o de criar mecanismos de mudança para a Guiné-Bissau! Didinho
Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2011 Que os desígnios dos ideais da independência, com realce para a liberdade de pensamento e acção, o bem-estar do nosso povo, materializados no progresso/desenvolvimento do país sejam resgatados num processo de reconhecimento dos desvios, dos erros, cometidos ao longo dos anos e que, infelizmente, continuam a impedir a construção da Nação com que sonhamos e que ainda não temos! A 24 de Setembro de 1973 um dos sonhos de Cabral e de todos os combatentes da liberdade da Pátria concretizava-se, com júbilo, anunciado nos quatro cantos do mundo, ecoando numa majestosa mistura sonora entre balafons, tambores, korá, etc. A proclamação unilateral da República da Guiné-Bissau nas matas do Boé, região libertada, foi um momento de coragem, de afirmação das capacidades de estruturação de um Estado que, fruto dessa proclamação, viu-lhe ser reconhecido por mais de 80 países, em poucas semanas, o estatuto de um país independente anexado por forças estrangeiras, neste caso, afectas ao regime colonial português. Era o princípio do fim do próprio regime colonial. Se valeu a pena a independência? Obviamente que valeu a pena, não só a independência da Guiné-Bissau, mas de todos os países cujos povos se decidiram a isso, quer de forma negociada quer com recurso à luta armada por inviabilidade negocial. Se nos primeiros anos da independência a Guiné conseguiu criar mecanismos e estruturas de desenvolvimento, que, inclusive, em muitos países africanos da sub-região não existiam, em que patamar de desenvolvimento poderia, hoje, estar o país, não fosse desviada a rota do desenvolvimento socio-económico com o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980? Alguém tem dúvidas que a valorização e o aproveitamento das potencialidades e capacidades humanas de toda a riqueza identitária do povo guineense (negros, mestiços, brancos; animistas, muçulmanos, católicos etc.) teria continuado a prevalecer e a impulsionar a busca contínua das melhores vias para o progresso do país e o bem-estar das populações? Nem tudo estava bem, principalmente a nível do respeito pelos direitos humanos, com muitos julgamentos sumários e fuzilamentos, acções de ajuste de contas movidas pelo ódio e pelo espírito de vingança, mas a solução para isso, viu-se, não estava em nenhum golpe de Estado, mas sim, na promoção da democratização da estrutura partidária dirigente, que deveria ter iniciado um processo de reformas tendentes à passagem de testemunho das funções de governação do Estado (até então confundido com o próprio partido libertador) e à abertura ao multipartidarismo por um lado, bem como, na criação de condições para a promoção da economia, com abertura e apoio ao sector privado. Do passado entre o pós-independência e os dias de hoje, já escrevi muito, infelizmente, registos de mágoas, de tristeza, de dor. Desejo e quero escrever coisas boas sobre o meu país e o meu povo, peço aos governantes que me dêem essa oportunidade e prazer, porquanto direito e dever de cidadão, tanto num, como noutro caso! Congratulo-me com os anúncios de obras realizadas e com os valores da exportação da castanha de caju, porém, sobre a exportação da castanha de caju, espero que as lições do passado, com a monocultura da mancarra/amendoim esteja sempre presente quer nos governantes, quer nas populações. Cento e cinquenta milhões de dólares, parece muito dinheiro, mas para um país cujas populações deixam tudo para, durante alguns meses, fazerem apenas a campanha da apanha da castanha de caju, não é nenhum valor acrescentado para a nossa economia, que NÃO DEVE, NÃO PODE depender apenas de um produto! O caju não substitui o arroz, base alimentar das nossas populações. Produzimos arroz suficiente para o abastecimento das nossas populações, mas continuamos a importar arroz, ficando a produção nacional no sul do país, sem possibilidades de distribuição por falta de meios de transporte, mas, também, por manobras políticas tendenciosas, viradas para o ganho de comissões com a importação do arroz. Temos condições naturais e humanas para a auto-suficiência alimentar, mas preferimos dedicar-nos quase em exclusivo à castanha do caju, para depois comprarmos produtos agrícolas nos mercados estrangeiros... Será esta uma boa opção económica? O dinheiro que sai com as importações de produtos que podemos produzir localmente não daria para melhorar as condições de vida dos nossos agricultores, das nossas populações? Quem ganha realmente com a comercialização da castanha do caju? Digam-me, mostrem-me onde está a aplicação dos ganhos da receita da exportação da castanha do caju que pomposamente se tem anunciado? As nossas populações passaram a viver melhor? Em que se revestem esses ganhos, como e onde são aplicados, já que todo um país pára, prescindindo de toda uma diversidade de apostas socio-económicas com potencialidades e possibilidades indiscutíveis, desde a diversidade agrícola, a pesca, a criação de gado e a produção de produtos derivados, o comércio e a prestação de serviços em geral etc., etc.? Expliquem-me o crescimento económico de um país que não tem indústria, em que o comércio informal dominante, é gerido maioritariamente por cidadãos de países vizinhos, cujos lucros obtidos são canalizados para as suas contas nos seus países; um país em que as populações não têm poder de compra, pois poucos trabalham e recebem de vez em quando e a maioria nem sequer trabalha e, por isso, não recebe... Expliquem-me o crescimento económico de um país endividado, que até aqui depende da ajuda externa para tudo, incluindo para o suporte do Orçamento Geral do Estado. Espero que se tenha em conta que a Guiné-Bissau e os guineenses valem mais do que cento e cinquenta milhões de dólares! Aposte-se na diversificação, aproveitando o potencial humano e natural do país! Num dia de comemoração, também se aconselha reflexão. Estaremos divididos quanto à forma e ao teor dos reparos e das críticas em relação à governação e aos modelos de desenvolvimento social e económico do país, mas, seguramente, estaremos todos em sintonia, de que é preciso fazer algo para que a Guiné-Bissau enverede por um percurso mais digno que possibilite a sua estabilidade e consequente integração plena no concerto das Nações. Cabe aos guineenses, em primeiro lugar, a responsabilidade e tarefa nas mudanças que o país precisa! Trabalhemos todos para a reconciliação, sem nos esquecermos que ela se sustenta com a Verdade, com a Justiça e com o Amor (mesmo que seja em forma de perdão mútuo)! O primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com a Guiné-Bissau. Cabe ao povo guineense a acção da Mudança! Didinho
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! associacaocontributo@gmail.com
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