A HONESTIDADE FAZ PARTE DA POLÍTICA MODERNA”

 

 

Iaia Turé *

tureiaia@hotmail.com

20.07.2010

É aconselhável tornar públicas as suas intenções, pelo menos aquelas que o podem ser em termos políticos, sem arriscar comprometer a adesão do povo e também sem arriscar o sucesso. Nada mais importante do que dar a imagem de clareza e de franqueza. Um pouco de provocação não fica mal: surpreender os seus eleitores naturais ou até chocá-los pontualmente pode contribuir para tornar esta imagem mais forte. O resto será bem aceite. Sobretudo, transmitir o sentimento de que no projecto submetido ao sufrágio do povo nada foi deixado na sombra, de que tudo está programado, de que nenhum aspecto da vida das pessoas foi esquecido: Os estímulos à produção e ao intercâmbio, o uso e a repartição dos bens oferecidos pelo progresso, uma melhor organização da administração, a reforma dos costumes e a sua consequente adaptação às novas aspirações dos cidadãos, a afirmação do papel do país no mundo. Entretanto, evitar longas listas de projectos exagerados e pormenorizados cujas probabilidades de concretização são quase nulas, o que prejudicaria a impressão da seriedade que é necessário e indispensável dar. O político deverá limitar-se a alguns grandes princípios gerais e atractivos, temperados com algumas formas concretas de aplicação e com utilidade prática imediata.

Prever as dificuldades possíveis, enumerá-las e propor sacrifícios pode ser em certos casos extremos; isso confere uma imagem mais marcada de tentar ser verdadeiro. No entanto, o recurso a isso deve ser cuidadosamente pensado. As pessoas não gostam, naturalmente de fazer sacrifícios. Quem gosta?

A franqueza faz-se acompanhar da honestidade, que a reforçar e justifica. A franqueza compensa sempre. As ocasiões de cometer erros e omissões na acção a desenvolver e nos meios para a concretizar são incontáveis e, em geral, tornam-se claros rapidamente. É sensato reconhecê-las sem hesitação, analisar as suas causas e propor as rectificaçõenecessárias. Essas attitudes conferem a quem depende dos sufrágios do povo um rosto humano e uma humildade anunciadores de bons auspícios. Admitir os próprios erros e fazê-lo de modo espontâneo sem ser obrigado a isso, confere uma imagem moral que pode ser frutuosa, reforçar ainda mais a credibilidade das promessas feitas e constitui uma garantia de realismo e de flexibilidade.

Mas também aqui deve evitar-se o abuso. Que pensar de um político que estivesse sempre a reconhecer que errou? Seria porventura honesto, mas revelava que era mal avisado, sem capacidade juízo, e, por isso, obrigado a corrigir a trajectória constantemente; revelava que sobretudo e finalmente, que não era fiável, que não se podia confiar-lhe o poder ou mantê-lo no poder porque não discernimento.

Última precaução: não afirmar que não se mudou de opinião nem se alterou a linha de acção quando o contrário é uma evidência e toda a gente sabe. É o melhor meio de minar todos os esforços para transmitir a ideia de ser franco.

 

 

* Estudante universitário, terceiro ano do curso de Administração Pública

 

 


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO

associacaocontributo@gmail.com

www.didinho.org