A Imparcialidade de opinião num País plural em busca de identidade nacional
Por: Mamadu Lamarana Bari
29.03.2009
Caro Didinho
Como sempre, tens sido brilhante em tuas intervenções quer sejam de ordem jornalística, quer sejam opinativas. Ao longo do tempo que participo como colaborador do site Guiné-Bissau Contributo tenho notado e apreciado a tua imparcialidade em termos de colocações ou até mesmo de debates sobre temas delicados da vida institucional e de personalidades de destaques na Guiné-Bissau. Para mim, isto é fazer o Jornalismo com isenção de valores ou de quaisquer outros privilégios inerentes ao cargo ou investiduras. O exemplo disso, o teu tio José Carlos Varela Casimiro “Cacaio” faz parte do primeiro escalão deste novo governo. Lembro-me de quando fizeste a primeira avaliação crítica sobre a composição do elenco governamental da Guiné-Bissau, fizeste-o de uma forma geral e com isenção. Poderia ter sido mais ameno pelo fato de teres uma pessoa importante no grau familiar fazendo parte do governo, mas portaste como um cidadão que sabe que para o exercício do ato merece ser imparcial e justo. Isto para mim, meu irmão, chama-se caráter e honestidade. Estes são dois atributos que não se compram e nem se vendem, adquirem-se do berço. Posto isto passo a narrar se me permitires fatos que mereceram elogios e reconhecimento profissional da tua parte pelos colegas guineenses que vivem na Bahia, bem como amigos da Guiné-Bissau:
1. A tua primeira intervenção ao analisar os fatos geradores da instabilidade que vivia e ainda vive a Guiné-Bissau logo após os bárbaros assassinatos das duas figuras da República. Digo bárbaro, porque não cabe a qualquer cidadão em pleno gozo de suas faculdades mentais, apossado da ira, vingar de forma cruel fatos passados como ajuste de contas. Afinal existem leis e meios jurídicos apropriados para reparar as injustiças e punir as contravenções de naturezas várias.
Nesse momento soubeste separar o joio do trigo pedindo calma e racionalidade aos guineenses, sobretudo aos militares, para não se pensar em fazer justiça com as próprias mãos, apesar de débeis, mas ainda existem os Poderes constituídos que deverão se encarregar de restabelecer a Paz e a Ordem;
2. O contorno (a mediação) que deste às mais diversas manifestações sensatas e insensatas, sem querer ferir a susceptibilidade de quem quer que seja porque respeito a opinião de cada um, mas que no momento toda a calma no expressar e no agir era imperiosa. É de se compreender que há sentimentos de raiva incontidos nas pessoas sejam elas direta ou indiretamente atingidas, mas também, é de bom alvitre manter serenidade nos momentos que ondas de emoções involuntárias tomam conta do nosso ser e nos torna passível de perder a Razão. Nesse aspecto soubeste conduzir o debate de forma que hoje se vê o serenar dos ânimos ao ler-se a página dos comentários;
3. A tua análise sobre os temas BASTA de Imagens sobre a Guiné-Bissau, BASTA de matanças foram sensatas e coerentes. É preciso às vezes, dar um tratamento de choque para que as pessoas voltem à realidade para analisarem os absurdos cometidos pela irracionalidade humana e jurarem trabalhar para que atos como aqueles não voltem acontecer, que sejam banidos para sempre do convívio democrático de um país plural e que seja estabelecido o Estado de Direito. Eis a razão porque após o teu pronunciamento por escrito enviei de imediato o artigo sobre “A Guiné-Bissau acima de Quaisquer Interesses”, cujo objetivo é mostrar que somos plurais vivendo em um país em busca de identidade nacional.
4. As tuas declarações sobre as imagens de autopsia que recebeste foram oportunas, racionais e humanistas. Isso não só eu disse num e-mail enviado logo depois de ler o editorial, mas também têm sido opiniões, pelo menos aqui na Bahia, de todos quanto o leram. Vingança não deve chegar a esses extremos. Isso é a ignorância cumprimentando a insanidade. Quero dizer a Raiva Cega.
Caro Didinho, estamos no bom caminho, podes crer que em nenhum momento vi na tua pessoa ou no teu modo de encarar o embate que às vezes és submetido, à irracionalidade ou desonestidade na forma de agir ou de pensar. Tens publicado todos os textos enviados para o site por mais críticos que eles sejam à tua pessoa. Isto é muito bom, porque só prova a tua maturidade jornalística e a imparcialidade nas opiniões até mesmo quando é contra a tua pessoa, claro com as tuas justificativas amenas ou duras conforme o tom da provocação recebida.
Podes ter a certeza que, se um dia não concordar com a tua intervenção proveniente de opiniões emitidas ou de algum ensaio jornalístico teu, publicado no site de forma desrespeitosa e com parcialidade de modo que possa ferir o interesse da Guiné, receberás de imediato, em público, a minha opinião de desaprovação.
Continuemos trabalhando para que “o filho de se eu soubesse nunca nasça” para atrapalhar os destinos da Guiné, como se diz no nosso Criol.
Esta é a minha opinião, mesmo sabendo que sou falível, mas estou em busca de aperfeiçoamento.
Mamadu Lamarana Bari
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO