Algumas notas sobre o trabalho de conclusão de curso do Sr. Alberto Oliveira Lopes
TUBERCULOSE - UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA - CAUSAS DO ABANDONO DO TRATAMENTO - Alberto Oliveira Lopes 02.08.2010 Antes de mais, gostaria de dar os meus parabéns ao Sr. Alberto Lopes: não só os teus pais, familiares e amigos estão orgulhosos de ti, mas também todos os Guineenses em geral! Há ainda um longo caminho a percorrer, mas o primeiro passo já foi dado; é o momento em que os nossos sonhos se começam a materializar. Agora, podes tomar algum tempo para festejar, mas não muito, porque “the long and winding rad” só agora começou: haverá muitos obstáculos pela frente, mas tenho a certeza que com a tua preparação física e mental, vais contornar, derrubar, vencer esses obstáculos.
Este trabalho é um estudo retrospectivo, envolvendo a leitura de muitos artigos publicados sobre o tema do tratamento da tuberculose e as razões do abandono do tratamento. É um trabalho extensivo e bem estruturado e que tanto médicos/enfermeiros, assim como estudantes de medicina/enfermagem podem usar como recurso e consulta no dia-a-dia da nossa actividade clínica. Como qualquer trabalho retrospectivo, geralmente não temos nada de novo e na maioria dos casos, o nosso trabalho é tão bom ou não dependendo da idoneidade, número de doentes estudados, dos estudos originais etc. Mesmo tendo em conta todos esses factores, este trabalho ainda é muito interessante, objectivo e cativante e desde já recomendo a todos a sua leitura. Gostaria de acrescentar alguns pontos que estavam fora do âmbito deste trabalho do nosso colega Alberto Lopes, mas que penso poderem ser interessantes e úteis para os nossos leitores: 1- Estamos de acordo que a maioria dos casos de tuberculose são casos pulmonares; até agora, aqui nos Estados Unidos, só vi um caso de tuberculose peritoneal (um indivíduo originário da Índia e que se apresentou com dores abdominais e febre de etiologia desconhecida - Fever of Unknown Origin - FUO); e 3 casos de meningite tuberculosa. 2- Depois de um tempo de acalmia, em que se pensava que a tuberculose podia ser erradicada da América, eis o ressurgimento de casos de tuberculosis, coincidindo com a “descoberta e propagação” de casos de SIDA. 3- A prática aqui nos States: antes de se começar a trabalhar em qualquer sítio (principalmente hospitais), faz-se o teste PPD: se positivo (não importa se uma pessoa se vacinou com a BCG ou não), faz-se uma radiografia; se a radiografia for normal, oferecem-te o tratamento com Isoniazida (tuberculose latente); se a radiografia for positiva, examina-se o sputum para bacilos da TB e se positivo para bacilos, trata-se com 4 medicamentos antituberculosos.
4- Classificação recomendada pela ATS/CDC (American Thoracic Society e Center for Disease Control): Classes: 0 - Nenhuma exposição a Tuberculose (No TB exposure) 1- Exposto ao TB, mas sem evidência de infecção. 2- TB latente (tuberculina positiva), sem evidência clínica ou radiológica da doença. 3- TB clinicamente activa 4- TB, não activa 5- Suspeita de TB.
Opções de tratamento:
1- TB latente (somente PPD positivo) - pessoa nao grávida, HIV negativo a) INH (Isoniazida) por 9 meses; ou Rifampicina com ou sem INH por 4 meses
2- TB latente - não grávida, HIV positivo a) INH por 9 meses ou Rifampicina durante 4 meses ou Rifabutin
3- TB latente - grávida a) INH ou Rifampicina
4- TB activa (não grávida, HIV negativo) a) Sem problemas hepáticos; sem suspeita de MDR (resistência a medicamentos) INH, Rifampin, Pyrazinamida, Ethambutol durante 8 semanas, depois INH, Rifampicin por 18 semanas
5- Problemas hepáticos, MDR: consultar com especialista
6- TB activa (HIV positivo, não grávida, sem disfunção hepática) a) INH, RFM, PZN, ETH durante 8 semanas, depois INH, RFM por 18 semanas. *** Cuidado com as interacções com medicamentos para HIV.
7- TB activa, grávida a) Consultar especialista
8- TB activa e disfunção hepática a) Consultar especialista.
Parabéns Sr. Alberto Oliveira Lopes! Estamos todos orgulhosos de ti e que a chama dos corações dos Guineenses de Bem te ilumine para o resto da tua jornada. Joaquim Tavares, MD, FACP, FCCP, FAASM
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