ANGÚSTIA
Luís Barbosa Vicente (Cuca) *
04.10.2007
Angústia, mágoa e dor atravessaram o meu corpo e espírito, ao mesmo tempo que as minhas veias entupiam de sangue gélido. Por instantes perdi a pulsação, parecera que o coração deixara de bater, entrei em pânico e chorei, confesso! Não sei se podia, ou devia, acreditar naquilo que acabara de testemunhar através de uma simples mensagem, que à partida, de inofensivo teria pouco, quando olho para o mausoléu de Amílcar Cabral, literalmente abandonado à sua sorte e a sua memória jaz entre tábuas apodrecidas. Seria possível chegar assim tão longe ao ponto de não ter um mínimo de respeito por aquele que outrora foi o nosso guia, a nossa identidade e razão de ser? Confesso que nunca me tinha sentido assim, sem força, sem motivação e ânimo. Abandonei o meu gabinete e recolhi para o meu lar, junto da minha família, tentando arranjar alento e escrever o que me vai na alma. Escrevo porque não consegui explicar a uma criança de apenas quatro anos de idade, habituada a desfrutar da companhia do pai nas poucas horas que lhes restam para o final de mais um dia esgotante de trabalho, as razões da minha tristeza e desalento. Escrevo porque quero estar junto daqueles que partilham da mesma crença, valor e respeito pela vida e memória do seu semelhante! Escrevo porque quero estar junto daqueles que crêem que só o bem pode combater o mal! Escrevo porque quero estar junto daqueles que acreditam que ainda resta uma oportunidade à Guiné-Bissau! Escrevo, acima de tudo, porque não me resigno!
Bem-haja!
*Economista no Município de Rio Maior
Mestre em Administração e Políticas Públicas
Sexta-feira, Janeiro 20, 2006Guiné Bissau, memórias em ruína
http://www.blogda-se.blogspot.com Faz hoje 33 anos que Amílcar Cabral foi morto. Foi de noite, em Conackry. Se
a morte do dirigente do PAIGC foi um golpe das operações especiais portuguesas,
tratou-se do golpe mais bem sucedido de toda a guerra colonial. Mas foi um golpe
fatal para o futuro do povo guineense, como hoje bem sabemos. Nenhum dos
dirigentes que sucederam a Amílcar Cabral teve o engenho ou a vontade para se
dedicar ao bem-estar e ao desenvolvimento do país. Amílcar teria tido, estou
certo.
Trinta e três anos depois, o mausoléu de Amílcar permanece na sombra das grandes acácias. Porque as velhíssimas acácias permanecem de pé. E teimam em ser generosas. Trinta e três anos depois, o carinho dos guineenses pelo pai da nacionalidade esvai-se na ferrugem que consome o velho VW que pertenceu a Amílcar (em Conackry) e que está abandonado, também, num canto do Forte da Amura. As fotos foram tiradas por mim, em 2004. A memória de Amílcar espelha o que o país hoje é: uma ruína. Publicação devidamente autorizada pelo autor, Carlos Narciso VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO
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