A PROPÓSITO DE REFORMA NO SECTOR DE SEGURANÇA NA GUINÉ-BISSAU
Por: M´BOTÉ N´GUILIM
20.01.2009
Nos últimos tempos, sobretudo após o regresso do General do exílio, têm-se intensificado apelos à Comunidade Internacional no sentido de se levar a cabo uma reforma no sector da defesa e da segurança, especificamente no ramo Militar. Em resposta a essa preocupação, a comunidade Internacional tem investido muito dinheiro, e a própria UE, através do seu Presidente e amigo pessoal do General, o Dr. Durão Barroso, mandou para Bissau uma delegação chefiada por um General Espanhol. Se fosse um General Português, o plano seria desmacarado logo à primeira. Por isso chamo a atenção dos guineenses para estarem atentos. Tudo indica que por detrás desta pressão está um plano maquiavélico do General.
Concordo com uma reforma neste ramo, porque os militares querem-na e muitos já se desmobilizaram voluntariamente e foram para as suas casas, sem apoios do Estado e esquecidos na memória. Destes não se tem falado. Será que vão ser incluídos no pacote da reforma? É que muitos deles já não têm mais pernas para andar.
Porém, não se tem discutido o facto de muitos “políticos” (entendem?) poderem ser incluídos no pacote da reforma porque são militares na reserva. A reforma, a ser implementada, não deve ser imposta por ninguém a ninguém, nem pela Comunidade Internacional:
Não creio que os militares representem o mal maior do nosso país neste momento. Eles que sempre têm defendido com dignidade o país durante e após a luta de Libertação nacional.
· Lembrem-se que foram eles que venceram a guerra contra o Império colonial sob a orientação do nosso saudoso Líder Amílcar Cabral, a quem rendo homenagem por ocasião da data do seu assassinato.
· Lembrem-se que foram os mesmos militares que salvaram a pátria da invasão das tropas estrangeiras do Senegal, da Guiné-Conakry, dos Marines Franceses e dos Aguentas do NINO Viera em 1998….!. Se não fossem estes Militares não sei se estaríamos neste momento, neste site, a partilhar democrática e livremente as nossas opiniões. Acho que eles merecem uma reforma condigna, e sobretudo mais do que todos nós, apenas eles sabem quem deve ser reformado e quem ainda pode manter-se em funções para incutir e passar as suas experiências militares aos mais jovens.
A ideia que quero passar é a de que nós os guineenses não devemos ficar à espera que venham agora os europeus (UE), os senegaleses e os nigerianos (CEDEAO) para desmantelar o nosso aparelho Militar (FARP) que sempre foi o nosso orgulho e o orgulho do fundador da nossa nacionalidade, Amílcar Cabral.
Quem estará por detrás de tudo isso?
Quem andou a vender no estrangeiro que, enquanto houver uma maioria balanta nas Forças Armadas, não haverá estabilidade?
Houve sempre uma maioria balanta nas FA, até porque eles são maioria da população guineense. Mas há muitas razões para que sejam uma maioria na FA. Amílcar Cabral que o diga. Mesmo com essa maioria conseguiu unir o povo e as FA durante toda guerra de libertação e venceu-a. Nunca falou de um suposto equilíbrio étnico nas FA e muito menos de qualquer tipo de maioria étnica.
Atenção……!
Somos todos Guineenses por naturalidade mas diferentes quanto ao sentido patriótico e Cabral constatou este facto. Antes do inicio da luta armada, teve que travar uma dura luta ideológica durante o período da mobilização. Esta fase preliminar da luta de libertação foi importantíssima para o sucesso da guerra por um lado e da unidade nacional por outro. Posteriormente culminou na formação do Estado Guineense. Tudo isso para dizer que não devemos destruir a nossa própria história e a das Forças Armadas Revolucionarias do Povo – FARP.
Tudo indica que há um plano maquiavélico para desmantelar as FARP usando como pretexto a reforma, um plano montado pelo General, já aquando do seu regresso do exílio, na Europa, apoiado por amigos pessoais com interesses económicos no nosso país. O General pretende introduzir nas FA elementos da sua confiança (Aguentas?) facilmente influenciáveis por ele, dominando desta maneira a democracia. Já detém a Procuradoria-geral da República (seu familiar) e o Supremo Tribunal (mesmo clã). É um exemplo recorrente em vários países africanos como por exemplo Angola de Eduardo Santos. Será por acaso que este país está muito interessado na formação na área de segurança com a Guiné-Bissau?
Lembram-se dos polícias ditos ANGOLANOS que juraram bandeira recentemente?
Mas vamos ao que interessa.
Não obstante o dinheiro investido, a reforma tarda a concretizar-se. Os militares não são todos ignorantes como nos veio dizer agora o General Nigeriano - que um dos motivos de reforma é que há muitos militares guineenses que não sabem ler nem escrever.
Se calhar na Nigéria todos militares são licenciados.
O que o General nigeriano esqueceu-se de dizer era que se deveria alargar a reforma para os políticos visto que também muitos deles, deputados e ministros mal sabem ler e escrever. Assim seria uma reforma Isenta.
O General guineense insatisfeito com o timing da reforma, com a estrondosa derrota do seu PRID nas legislativas, e as crescentes divergências com o CADOGO e o Dr. Kumba Iala que o acusa de tráfico de droga e ainda com a clivagem evidente com General Tagme, inventou uma estória mal contada – Ataque à sua residência por elementos Armados - militares. Vejam bem a vítima que ele ficou…! Coitadinho agora não tem segurança nenhuma. Isto é inadmissível num mundo democrático…! Mas não surtiu efeito porque fomos nós os primeiros, neste site, que levantamos as suspeitas. Foi realmente uma luta ganha por nós porque todos os guineenses ficaram a saber rapidamente o que se passou.
Com a morte do seu meio-irmão e o golpe militar em Conakry as coisas alteraram-se e de que maneira, para o General, porque perdeu uma importante retaguarda no seu plano. Foi a partir daí que decidiu recuperar os Aguentas, elementos (re) recrutados por Cipriano Cassamá (ex-ministro do Interior de NINO), na altura da guerra de 1998, elementos predominantemente da etnia pepel, a mesma de NINO VIEIRA. Na altura da derrota, uma boa parte deles refugiou-se na Guiné-Conakry sob orientação secreta do Sr. Afonso Té. Os restantes, todos armados, estão na Guiné e alguns receberam preparação militar em vários países mas já regressaram.
O grave disso é que o nosso país esteve à beira de uma Guerra tribal. Os Aguentas, alguns deles residiam ou estavam acantonados em bases na Guiné-Conakry. Caso não conseguissem o seu objectivo em Bissau, passariam à guerrilha. Agora que não têm apoio de Conakry alguns foram obrigados a voltar. Para não dar nas vistas foram ilegalmente incorporados como guardas presidenciais do presidente da República NINO VIEIRA, desrespeitando todas as autoridades de segurança do país, incluindo o próprio CEMGFA. Um Presidente destes não faz falta ao país, pois deveria ser o primeiro a reformar-se ao invés de pressionar a reforma nas FA como forma de eliminar os adversários políticos para instituir a sua tão desejada DITADURA - DEMOCRÁTICA na Guiné.
Espero com este artigo poder antecipar e transmitir aos guineenses os possíveis desfechos.
O pior que poderá acontecer nesta reforma é integrar nas FARP de Cabral elementos como os AGUENTAS que outrora combateram ao lado dos franceses e dos senegaleses, contra guineenses, em defesa dos interesses do NINO.
Estaremos cá para ver.
Este artigo foi escrito no dia 20 de Janeiro 2009 em homenagem ao nosso saudoso Líder Amilcar Lopes Cabral fundador das FARP e Militante nº 1, vamos aos sons da Música SOL MAIOR PARA COMANDANTE – SUPER MAMA DJOMBO
OBRIGADO ERMONS
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