A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

09.08.2009

 A PROPÓSITO DO MMS-BALOBA

Antes de mais, gostaria de cumprimentar o meu amigo e conterrâneo Nhomba pelo seu envolvimento em investigações deste tipo. A Guiné precisa deste tipo de participações.

Indo ao assunto, penso que é meu dever tentar analisar/criticar alguns pontos: porque é por isto que gosto do Contributo: Além de estar informado, também posso manter uma discussão cívica e educativa com muitos dos seus assíduos frequentadores, no caminho aprendendo com as suas ideias e pareceres.

Uma palavra de aviso: não pratico medicina naturalista e por isso, as minhas opiniões podem ser muito enviesadas, mas tentarei ser o mais neutral possível.

Qualquer produto “natural” (desculpem o meu cepticismo, mas desde a revolução industrial, duvido que haja algum produto que se possa chamar  natural), barato, que possa ajudar as nossas populações, será sempre bem-vindo, mas temos sempre que recuar um pouco e fazer perguntas, levantar dúvidas, porque o bem-estar das nossas populações deve ser sempre a nossa maior preocupação.

1-   1 - No capítulo das comparações, começam com indicações para dois produtos (a mefloquina, tratamento oficial aprovado para a malária (paludismo) e o MMS: enquanto a mefloquina está indicada só para a profilaxia e tratamento da malária, o MMS-Baloba trata tudo: arrepiam-me os pelos quando me dizem que há um remédio que pode tratar tudo e todos (as etiologias da obstipação, da asma, da malária, são diferentes, penso, e vamos tratar todos com a mesma substância?)

A explicação que li numa outra página: este produto actua a nível celular - electrões, justificando o seu ecleticismo….vamos dar-lhes o benefício da dúvida…

Mas, para doentes com diabetes insípida (elevado nível de sódio no plasma), dando um produto que vai dar a formação do cloreto de sódio, não estamos a contribuir para a deterioração da doença?

2-   2 - Fala-se de casos de sucesso, em que se curaram 75,000 doentes em 5 países africanos: um sucesso, sem dúvida se, foram tratados 77,700 doentes (99% sucesso) mas não tanto sucesso se curaram 75,000 depois de tratarem 187,500 pacientes (sucesso de 40%); será que me poderão fornecer estes dados?

3-   3 - Não posso contestar a legitimidade ou não deste produto, porque sei bem que na Guiné, tínhamos e temos muitos curandeiros tradicionais que usaram/usam ervas “naturais” para curar muitas doenças, mas também, ainda há muitos dados que faltam até que me convençam que MMS é a solução para todas as mazelas.

Se um doente me perguntar: posso usar este produto?

A minha resposta vai ser a mesma que dou a doentes que fazem a mesma pergunta sobre produtos “naturais” chineses, indianos: não estudei medicina tradicional, não conheço os efeitos nocivos desses medicamentos: se decidir tomá-los, será por sua própria conta e risco).

Há um caso de um doente meu da Tailândia a quem eu, o oncologista e o cirurgião dissemos que o tumor estava muito avançado e que tinha mau prognóstico; ele foi à Tailândia, veio com umas ervas, perguntou-me se podia tomá-las e eu disse-lhe que era o corpo dele, era livre de as tomar e que não tinha nada a perder: tomou a erva por 2 meses (custou-lhe um balúrdio) mas depois de 3 anos ainda está vivo e o tumor já não se vê na TAC.

Em simultâneo, também estava a receber quimoterapia. O que é que tratou o cancro?

A erva?

A quimoterapia?

Ambas?

4-   4 - Outro perigo que este tipo de produto pode causar: um indivíduo com um cancro do cólon (intestino grosso), muito localizado, que pode ser curado pela cirurgia; o indivíduo decide-se pelo MMS (que ”trata cancro”); toma MMS e o cancro progride para estádio 4 e nessa altura decide ir ao cirurgião que lhe diz que o cancro já está muito avançado e não pode ser resectado; Se for aqui nos Estados Unidos, quem quer que seja que receitou ou aconselhou o uso do MMS deve estar preparado com milhões de dólares, porque vai ser levado a tribunal.

Estas são questões que podem ser levantadas e, como disse, não posso condenar este produto, mas também, não o posso sancionar, porque ainda há muitas perguntas sem respostas.

Vou falando com colegas Naturalistas, Integralistas (combinam medicina “cientifica e “natural”) e outras autoridades. Aguardem mais noticias minhas sobre o assunto.

Mais uma vez, Nhomba, sucessos e espero que este produto possa ser de “real thing”.

Obrigado


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