A RESPOSTA QUE ELE PRECISAVA OUVIR

 

 

 

Por: César Ferrage *

 

25/Set/2008

 

 

Didinho

 

Ontem, 24 de setembro, fui participar como sempre, quando convidado, de um evento que se intitulava “Nô Pensa Guiné” - Reflexões socio-políticas e culturais da Guiné – Bissau, organizado pelos estudantes na cidade de Salvador – Bahia. Depois de duas horas de intervenção dos palestrantes convidados, entre eles, brasileiros e guineenses; passou-se um filme que nos emociona nos enchendo de orgulho e ao mesmo tempo, de tristeza, a cada momento das citações mais gloriosos da luta armada, a independência, o sonho da construção de um país – a nossa pátria amada, que hoje vai-se degradando, até quando! Não sabemos. O momento mais crucial do evento, foi quando um jovem estudante indignado com tudo que ali tinha ouvido, perguntava para a mesa dos palestrantes e para a platéia, em tom de desespero; o que temos que fazer? O que podemos fazer? Não podemos deixar isso acontecer na nossa terra! Um silêncio pairou no pequeno auditório por uns minutos. Ninguém tinha a resposta, ninguém respondia nada. Era um momento de desespero de um jovem recém formado e que pretende voltar para a Guiné. Foi assim que terminou o Evento, sem festa.

 

Hoje, o dia 25 ao ligar o computador e vi na sua página de ontem 24 de setembro, a resposta que ele precisava ouvir.

Ainda hoje encontrei este jovem e lhe falei: “te passei um e-mail do Didinho, ali está a resposta que Você procurava ontem. (Que eu copio na sequencia.)

 

Didinho, você é um jornalista de trincheira e revolucionário. E como falou o Orlando Castro, O seu amor à liberdade fá-lo lutar pela dignificação do seu Povo.”

 

Obrigado e parabéns pelo seu trabalho.

 

*Arquiteto e urbanista

Brasil

 


O NARCOTRÁFICO NÃO DEVE, NEM PODE SER CONSIDERADO A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU!

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

24.09.2008

Hoje, 24 de Setembro, estamos todos de parabéns mesmo não havendo motivos para festejar.

Trinta e cinco anos depois da proclamação da nossa independência continuamos orgulhosos do percurso heróico da nossa luta de libertação nacional bem como dos nossos irmãos que heroicamente tombaram nos campos de batalha para que a Guiné-Bissau se tornasse uma Nação livre, independente e próspera sob orientação dos seus próprios filhos.

Falhamos na orientação, mas estamos a lutar pela MUDANÇA POSITIVA. Apesar da globalidade dos erros que hoje colocam a Guiné-Bissau na situação e posição em que se encontra, não há dúvida de que a independência, foi a maior conquista de sempre do nosso povo!

Aproveitando a celebração da data e, tendo em conta o discurso do ditador General-Presidente Nino Vieira, quero manifestar a tristeza e vergonha que me vão na alma, pelo facto de a Guiné-Bissau ter um presidente da República que falta constantemente à verdade e que já não consegue enganar ninguém com a sua boa vontade na luta contra o narcotráfico!

Desde o seu regresso ao poder em 2005, que Nino Vieira hipotecou o interesse nacional, convencido que sempre esteve, de ser dono da Guiné-Bissau. Dos vários apoios recebidos para o seu regresso triunfal ao poder, calhou à Guiné-Bissau entre muitos pagamentos previamente acordados, servir de plataforma giratória ao tráfico de droga.

Na Guiné-Bissau de hoje, quase todos os guineenses sabem quem são os traficantes e para quem trabalham!

Na Guiné-Bissau de hoje, quase todos os guineenses têm uma certeza, a mesma certeza: quem protege o narcotráfico na Guiné-Bissau é o próprio presidente da República, através das suas relações de amizade e outras mais, com a rede dos "barões" guineenses.

Por diversas vezes houve acções que permitiram a apreensão de droga e traficantes. Por ordens superiores os traficantes foram sempre libertados, sem que tivessem sido apresentados à Justiça para serem julgados. Carregamentos de droga foram desviados, sendo que nomes foram referenciados sobre esses desaparecimentos, contudo, nunca houve acções de fundo contra as pessoas referenciadas.

Aviões e barcos estrangeiros por diversas vezes aterraram e atracaram em aeroportos e portos guineenses descarregando droga sob acções coordenadas  por alguns oficiais militares próximos ao presidente da República.

Todos sabem disso, mas o presidente veio recentemente dizer que ninguém lhe informava sobre essas movimentações, numa altura em que a situação estava complicada para os seus lados, devido à apreensão de duas aeronaves no aeroporto internacional Osvaldo Vieira em Bissau, carregadas com cocaína.

Sabe-se que militares, concretamente fuzileiros, chefiados pelo Almirante Bubo Na Tchuto, ex- Chefe do Estado-Maior da Armada, deslocaram-se às aeronaves, tendo descarregado a droga transportada, bem como retirado as caixas negras das aeronaves, de modo a não permitir a leitura dos dados registados.

A droga desapareceu, inventou-se um complô em que o principal protagonista é o próprio Almirante Bubo Na Tchuto, acusado de querer derrubar o seu amigo Nino Vieira, a quem inclusive garantia segurança.

Uma história mal contada e que permitiu fazer várias leituras e a sustentação da tese de cumplicidade na questão do narcotráfico entre Nino Vieira e alguns oficiais militares.

Consta que Bubo Na Tchuto tem conta bancária aberta num país que não a Guiné-Bissau, conta essa que é abastecida com dinheiros do narcotráfico, mas que não pertence, na verdade, a Bubo Na Tchuto.  Por que será que o presidente da República enviou uma missão à Gâmbia, constituída pelo seu chefe de gabinete e pela Ministra dos Negócios Estrangeiros?

Se de um pedido de extradição se tratasse, o que não existe entre a Guiné-Bissau e a Gâmbia, por que razão teriam que ser estas duas personalidades a viajar para a Gâmbia?

Seria para, através de movimentações oficiais, impedir que Bubo Na Tchuto acedesse legalmente a essa conta em seu nome, mas que na verdade não é dele?

Cá estamos nós a especular...

É que o passado mostra-nos que Nino Vieira sempre foi fiel a "testas de ferro"...

Quer acabar com o Narcotráfico na Guiné-Bissau, senhor general João Bernardo Vieira?

1- A primeira coisa a fazer para acabar com o narcotráfico na Guiné-Bissau, é o senhor general renunciar ao cargo de presidente da República e entregar-se à Justiça.

2- Desactivar a rede que montou entregando os seus cúmplices à Justiça.

Que fique bem claro para quem lhe escreve os discursos e para si também que os lê, que o Narcotráfico que existe no país não deve, nem pode ser a maior preocupação para a Guiné-Bissau!

Como o senhor sabe, nós não produzimos, nem temos consumo interno de referência. O narcotráfico entrou na Guiné-Bissau com o seu aval e está referenciado num contexto transitório de colocação na Europa, principalmente e não para consumo interno na Guiné-Bissau.

Isto quer dizer que, desde há trinta e cinco anos como povo independente, a preocupação maior dos guineenses continua a estar assente em 3 pilares: Saúde, Educação, Emprego. Estas sim, são questões que preocupam os guineenses, porquanto serem de expressão global numa lógica positiva tendo em vista a estabilidade, o desenvolvimento e a prosperidade!

Nós queremos construir um país de gente digna e comprometida com o desenvolvimento sustentável. Um país onde haja igualdade de oportunidades e respeito pela pessoa humana.

Queremos que a riqueza, a prosperidade do nosso povo seja transparente, ou seja: fruto do seu trabalho!

As nossas populações e principalmente os nossos jovens, devem passar ao lado do consumo de drogas, para que a preocupação continue a ser, como até aqui, dos traficantes (não do nosso povo), que sabem que o cerco está cada vez mais apertado!

Senhor general Nino Vieira, saia pela porta dos fundos e leve consigo a sua equipa de espécies daninhas!

Viva a Guiné-Bissau!

Honra e Glória aos que tombaram pela nossa independência!

 

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