AS CRIANÇAS VENDEDORAS NAS RUAS DE BISSAU
Filipe Sanhá
*
filipesanha@iol.pt
22.07.2012
Durante
estes 15 meses de estada na RGB, fiquei francamente desconfortável com algumas
constatações em matéria de Juventude. Embora não hajam pedintes declarados, há
crianças e adolescentes que deambulam pelas ruas da capital, vendendo cartões de
telemóveis, engraxadoras e outras, para o sustento diário. A esmagadora maioria
não é Guineense. Isso naturalmente não absolve as autoridades nacionais das suas
responsabilidades políticas e públicas. Todas as crianças, independentemente da
sua origem e nacionalidade, devem ser protegidas para nos considerarmos, de
facto, defensores dos seus direitos.
Não procedi a nenhuma investigação
aprofundada, mas preocupa-me, porque em pleno horário lectivo e de aprendizagem,
elas rolam e reloram, horas a fio, vendendo tudo o que é comprável ou vendável.
Essas crianças deviam ser obrigadas a estarem no sítio certo, nas escolas,
nessas horas nobres. Há ONG[1], no território, apostadas, seriamente, na
erradicação dessas práticas, independentemente das naturais resistências socio
culturais dos familiares e de alguns oportunistas, que ainda grassam no País.
Há que encontrar estratégias públicas para a
situação! Houve seminários e conferências organizados, por algumas ONG, em
Bissau, sobre o assunto, em que, infelizmente, não pude partilhar como gostaria,
devido aos meus afazeres públicos, como Assessor do Ministro da Função Pública,
Trabalho e Modernização do Estado da RGB[2].
No entanto, chamo a atenção que, em matéria da Juventude, há aspectos muito
positivos, que nos devem orgulhar!
OBS: na próxima edição, falarei doutras matérias relacionadas. Aproveito para
pedir desculpas públicas aos leitores, pela minha ignorância ortográfica, porque
tenho 57 anos feitos e ainda não reaprendi e encarnar o novo acordo ortográfico!
Filipe Sanhá
[1] Organizações Não - Governamentais
[2] República da Guiné - Bissau
* Psicólogo, Mestre e
Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)
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