ASSÉDIO HOMOSSEXUAL
«Você nunca encontrará paz até que ouça o
seu coração»
Selo Djaló * 23.07.2011
Estou
sentado num banco do jardim do Centro Comercial Babilónia, na Amadora, a
cantarolar uma melodia e a escrevê-la sobre o livro “O Caminho Menos
Percorrido”, do psiquiatra norte-americano M. Scott Peck. Não é que surge, vindo
de nenhures, um senhor na casa dos 60 anos e se simpatiza comigo! Sem
cerimónias, senta-se ao meu lado; ou melhor, enrosca-se-me. Agarra a minha mão
esquerda. Acaricia-a, vezes sem conta. “ Como se chama? O senhor é guineense?
Mora aqui perto? É casado?”. Satisfaço-lhe a curiosidade. “Que anda a ler?”,
volta à carga. Com uma mão segura o livro, fingindo interesse, e com a outra
procura, sem mais delongas, o meu sexo. Isto, num jardim público, com gente a
passar e tudo! “ O senhor é homossexual?”, atiro-lhe na cara. “Sou casado e
tenho filhos. Mas, gosto de homens”. “Eu, não!” faço-lhe ver. “ Gosto é de
mulheres… de certas mulheres”, remato. O homem lá teve de se ir embora,
sorridente. * Pós-graduado em Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL); co-produtor e co-apresentador do programa o “Prazer da Leitura” na Sol Mansi.
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