A TEORIA DE ESTADO DE DIREITO
NA GUINÉ
Carlos
Humberto Butiam Có
carlosunha@yahoo.com.br
31.07.2010
Bacharel em Contabilidade e
Licenciado em Gestão na UCB
Consultor e Técnico de Contas
a)
DO ESTADO DE
DIREITO EM GERAL
Da regra Ubi Societa Ibi jus, resulta que há tantos direitos
quantas as sociedades diferentes.
A forma mais importante da sociedade actualmente não passa do Estado, em sentido
restrito, pode definir-se como uma sociedade politicamente organizada, fixa em
determinado território que lhe é privativo e tendo como caracteristicas:
soberania e independência.
Do conceito teórico do Estado de direito, pode-se sustentar aquele em que se
vigora o chamado “Império da Lei”. Este termo engloba três aspectos: Primeiro
que, neste tipo de Estado, as leis são criadas pelo própio Estado, através dos
seus representantes politicamente constituidos; o segundo aspecto é que, uma vez
que o Estado criou as leis e estas passam a ser eficazes (isto é, aplicáveis), o
própio Estado fica adstrito ao cumprimento das regras e dos limites por ele
mesmo impostos; o terceiro aspecto, que se liga directamente ao segundo, é a
caracteristica de que, no Estado de Direito, o poder estatal é limitado pela
lei, não sendo absoluto, e o controle desta limitação se dá através do acesso de
todos ao poder judiciário, que deve possuir autoridade e autonomia para garantir
que as leis existentes cumpram o seu papel de impôr regras e limites ao
exercício do poder estatal.
Ora bem; cada Estado tem o seu direito (constituição), isto é, a forma como ele
é organizado, sendo a forma mais importante da sociedade (por razão históricas,
não por qualquer necessidade lógica), através da qual se organizam os homens
sobre a Terra, permitindo assim que haja a resolução de conflitos de interesses
que a vida social inevitavelmente suscita.
Quando se fala de Estado de direito em geral, muitos entendem isto como sendo os
conjuntos das leis (normas jurídicas) que regem uma sociedade ou seja a forma de
fazer política, pois é verdade, não obstante falar de um estado anarquista em
sentido figurativo onde imperam as revoluções democráticas, violação do direito
humano, imposição da força mais do que a razão. Apesar de muitos conceitos
tenham sido debruçados no conceito de Estado de direito, contudo prevalece no
sentido técnico-formal.
No sábio ensinamento de Aristóteles (filósofo grego) << o homem é um animal
social, foi feito para viver em sociedade, e só nela pode viver. Assim deve ter
existido a sociedafde humana desde que dois homens se encontraram sobre a terra.
O instinto natural forçou cada um deles a aproximar-se do outro, pois, a sua
razão indicou-hes que só assim agrupados melhor poderiam ocorrer a satisfação
das suas necessidades materiais e morais>>. Nessa concepção da obrigatoriedade
moral de individuo vincular-se na sociedade, nasce a ideia de criação de Estado
como sendo a forma mais compatível de resolver conflitos de interesses e
assegurar a equidade dentro dele. Com que mecanismo? Muito fácil,
através das regras que regem essa mesma sociedade, adoptando medidas de coação
como meio utilizado pelo Estado com efeito de permitir que cada individuo siga a
sua vocação no seio da comunidade, sem que isso acarrete um prejuizo irreparável
para os outros membros da mesma, mas com a característica de generalização, uma
vez sabemos que a Generalidade é uma das características das normas jurídicas,
isto é, as normas impostas dentro de uma determinada sociedade não escolha o
branco ou preto, rico ou pobre, bonito ou feio, assim por diante.
b)
A CONSPIRAÇÃO POLÍTICA E A INVASÃO DO DIREITO DA LIBERDADE
Os Estados africanos em geral têm passados diferentes fases da conspiração
político-militar, onde cada partido no mal ou bem quer governar, mesmo não tendo
recursos suficientes. O que se verifica ali neste contexto, é a forma de fazer a
política, muitos fazem-na de profissionalismo não como deveria ser “a arte”.
Pois, há mesmo, partidos que conseguem conciliar o incociliável, num programa
preto e branco, capaz de dar satisfação a toda a gente sem contentar ninguém
(pondo de lado a visão funcional partidária). Sendo assim cada geração recomeça
o mesmo caminho à sua própia custa, de maneira que a política torna-se um saco
onde cabe tudo. Toda a plítica, como diz Alain, é “um jogo das políticas”
e, por consequência é ridículo fazer política contra a política. É normal que um
astucioso candidato ao poder se apresente como um homem apolítico (fora da
política), preocupado únicamente em servir e defender o país, mas que pensar dos
que acreditam sinceramente que não farão política depois de alcançarem o poder,
que se manterão longe das manobras, intrigas, conspirações e outros equívocos? O
que nunca acontece no nosso contexto, muitos acabam de continuar a exercer a
política logo assim que chegarem ao poder, ora isto tenha sido a arma secreta
dos adversários políticos que por último acabam com o partido no poder através
das conspirações políticas e demais práticas de boigotes. Como é óbvio na nossa
democracia, desde a sua implantação nunca se verifica a caducidade
do mandato como consta na nossa constituição (artigos 66º nº1 e 79º), já temos
feitos quatro eleições presidenciais e legislativas, agora estão-se a pensar nas
eleições autárquicas como sendo a forma de descentralizar os poderes
administrativos, vamos lá ver se isto terá um resultado positivo, como muitos
analistas de praça de Bissau falam.
Seria bom voltarmos para trás e fazermos uma análise profunda sobre as
conspirações que aconteceram na Guiné desde história da luta armada até a guerra
civíl de 7 de Junho. Numa visão profunda sobre as perdas dos quadros começando
na mata até a cidade, impõe-nos um pensamento crítico sobre a vivacidade
política na Guiné, onde muitos fazem da política a prifissão para ganhar o bolo,
em vez da arte que irá se preocupar dos interesses de toda nação.
Essa conspiração cria revoltas que hoje em dia antagonizam o direito da
liberdade individual, violando no máximo risco a integridade física e moral dos
nossos cidadões, não é de hoje que se pode falar disto, mas sim da luta armada
onde se verifica a conspiração infernal de um matar outrem pelo poder... O
efeito disto surtiu com o própio pai da nação “Amilcar Cabral” e parecia
terminar em Nino Vieira com Tagma, mas não, continua ainda até aos nossos dias
impedindo as nossas vozes falarem mais alto.
Se na verdade a nossa concepção moral obriga-nos a viver em conjunto para melhor
prossecução da nossa necessidade moral e/ou material, então a nossa força deve
falar baixo do que a razão, permitindo os mais fracos gozarem das suas
liberdades para que sintam realmente de que estão numa sociedade bem organizada
onde as suas opiniões não constituem o motivo da persiguição, isto sim, diz-se
Estado de Direito ao contrário da definição em sentido pejorativo onde se torna
um “Estado da Selva” (Estado em que as forças subjugam a razão).
Hoje em dia jamais se falam da escravatura, todos são iguais perante a lei. Mas
parece ainda há chuvas miudinhas de exploração do homem pelo homem, onde os
ricos detêm o monopólio dos pobres quer no sentido técnico-moral assim como
material, usando estes como a ferramenta de apropiação dos seus poderes como
sempre são. O termo “escravatura” só não é usado para não dar a
continuidade daquilo que tenha-se vivido há muito séculos na África, mas
formalmente isto continua, agora vive-se clima de escravatura selvagem (a
imperatividade da força sobre razão). Imaginem, num Estado onde há impunidade,
Detenções arbitrárias, Invasão (violação) da Constituição, Conflitos
étnicos-morais, etc... Nunca se pode falar da sua liberdade. Embora muitos
países como os da Europa tenham passado essa trauma da implantação política,
começando na França até Espanha, sem esquecer da famosa revolução portuguesa de
25 de Abril, tudo isto demonstra as dificuldades em tentar implantar a
democracia. No nosso caso poder-mos-ia ter acreditado que um dia vamos sair
dessa só se formos capazes de responder as seguintes questões chaves:
Ø
Quem somos nós?
Ø
Onde estamos?
Ø
Para onde queremos chegar?
Ø
Como chegarmos lá? E
Ø
Com que recursos?
Em síntese das respostas, posso dizer que somos um Estado emergente na política
democrática, com falta de experiência para se viver a política; Estamos num
contexto em que as nossas manchas não nos permitem ter uma boa imagem face a
Comunidade Internacional (CI), visto que até então levanta-se o problema sobre
as divisões entre a liderança civíl e militar; Pelo visto parece que nós não
temos ainda uma meta bem definida para lá chegar; Deveriamos começar a pensar
nas metas e, espelhá-las nas caras dos lideres políticos, só assim vamos
conhecer por onde queremos chegar, porque não adianta correr sem ter uma meta
bem específica, todo esforço neste caso seria inválido.
Devemos a partir de já começar a dar o valor à liberdade humana, porque só com
ela podemos criar algo de bom, não como o que tem acontecido aos poucos na
quinta esquadra de Bandim (policia de Sede), onde um individuo foi mortalmente
vitimado pelos agentes da segurança. Onde está a RAZÃO? Seria bom testar a
hipótese de colocar a letra “R” na testa simbolizando a Razão ao contrário
daquilo que muitos fazem, colocam “F” (Força) em vez da “R”.
Se tentarmos fazer esta hiopótese, creio que um dia teremos uma linda História à
contar os nossos netos sobre as dificuldades de implantação de um Estado de
Direito.
VAMOS CONTINUAR A
TRABALHAR!
Associação
Guiné-Bissau
CONTRIBUTO
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