A VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO!

Samuel Vieira  *

vieirasamuel@hotmail.com

21.08.2009

Samuel Vieira

 

 

O CONHECIMENTO – QUÃO É ÁRDUO TRILHAR O CAMINHO PARA SUA AQUISIÇÃO... E O QUE FALAR DOS FILHOS DA GUINÉ QUE O BUSCAM INCESSANTEMENTE E SEMPRE A CUSTA DE GRANDES SACRIFÍCIOS?!

 


 

Começamos sua busca muitas vezes pelos arredores de Bissau, pelas escolas de Bissau; estudamos incansavelmente algures perto das nossas casas e às vezes enfrentando nossa dura realidade - que vai desde uma modesta acomodação, falta de infra-estrutura básica, falta de energia elétrica, água encanada, ruas cheias de lamaçais, às sombras do cajueiro, instalações improvisadas, tudo para estudar, aprimorar conhecimentos, além de possibilitar o ganho de fronteiras para novos desafios, que é cursar universidades. Lá do outro lado do oceano o que espera o estudante guineense nem sempre é um mundo cheio de maravilhas! Dependendo do país, da universidade, do apoio da instituição a que ele esteja vinculado e que muitas vezes não atende sua expectativa, mas sua vontade de vencer foi sempre um motivo à parte para uma chamada de atenção especial aos mais atenciosos, que cordialmente acabam se sensibilizando com a sua situação e lhe proporcionam alguma ajuda com vista a superar a crise.  Muitos estudantes guineenses no exterior passaram e passam fome, porque muitos não puderam e nem podem contar com ajuda da família, problemas que eu como você temos profundo conhecimento da realidade. Mas o desejo de vencer sempre ajudou os estudantes guineenses a ultrapassarem esses obstáculos. Eles no estrangeiro, na sua larga maioria, embora enfrentem situações muito desesperadoras, não se doam e nem se vendem a troco de algumas moedas a soldo do banditismo, para matarem a fome. Da sua imensa maioria tem-se conhecimento de que valoriza os estudos e só pouquíssima parcela não alcança os objetivos. Admirados por seus colegas de outros países por passarem sempre imagem positiva de conduta exemplar, assim como por uma parcela de população de onde vive, os estudantes guineenses vão driblando os problemas que a vida lhes impõe e vão se projetando cada vez mais na superação de conhecimento, a ponto de hoje, muito deles, se revelarem professores convidados ou residentes, de muitas instituições superiores do país acolhedor.

 

QUEM PERDE E QUEM GANHA COM ISSO?    

 

A resposta está na sua mente e deixo sob sua livre vontade, essa mínima tarefa de chamar para si a responsabilidade, no que concerne a trajetória do desenvolvimento sustentável de qualquer país, onde a base para sustentação dessa trajetória está alicerçada no conhecimento, que só se adquire com muito esforço e por isso, os esforços dos nossos quadros, precisam ser valorizados. Se o silêncio que povoa o mundo Guiné no que diz respeito à valorização dessa identidade persiste, nossa tristeza aprofunda-se porque sabemos que (O CONHECIMENTO) em muitos lugares do mundo é um privilégio, por isso esperamos que esse privilégio também atinja a Guiné-Bissau e a todos os seus filhos numa esperança que se pode concretizar com novas ações, que esperamos ser implementadas tão logo o novo presidente assuma o cargo. Se nada for feito num curto e em médio prazo a favor da valorização do conhecimento, lamentamos a resistência no que concerne esse assunto, em nossa pauta hoje, porque resistindo a ela, o resultado conduzir-nos-á por longo período a um desenvolvimento a conta gotas, e nossa esperança adiar-se-á para os sonhos dos nossos netos, porque para nós, ela está se corroendo a cada dia que passa e o tempo não espera por ninguém. É bom lembrarmos que os tempos passam e as mudanças acontecem! Antes a Guiné-Bissau ganhava “bolsas de estudo” para seus filhos através de seus parceiros a fundos perdidos, porque o motivo principal dessa benevolência estava aliado à grande vitória que o PAIGC impôs ao exército colonial português, como também houve uma admiração enorme, pelo arrojo de bravura que o nosso povo revelou nos campos de batalha durante um bom período, por toda a extensão do nosso território. Como o país precisava ter os seus próprios quadros, as ajudas para formação dos quadros guineenses apareceram. Isso porque nossa luta moveu os corações dos aliados em nosso favor, que prontificaram em proporcionar-nos ajudas de vária ordem e durante um bom tempo, o que se seguiu à data da independência. Todavia, a atualidade desperta outros interesses junto dos nossos antigos aliados, que valorizam trocas e não mais dádivas, daí a razão por que valorizar o que já conquistamos. Os aliados de ontem são parceiros de hoje, onde todos os negócios entre Guiné-Bissau e eles visam trocas e vantagens! Para o desenvolvimento de qualquer projeto guineense na época contemporânea, sair-nos-ão caros os custos com as contratações de profissionais estrangeiros além de custos com aquisição de equipamentos ou máquinas estrangeiras, porque nem sempre aquisição de máquinas tem avaliação de um quadro nacional experiente. Nossa dependência revelar-se-á nesse aspecto, porque o país que não estuda formas de enquadramento de seus quadros gera dependência por longo período, e na contratação de mão-de-obra especializada oriundos de outros países.

 

O QUE SAI MAIS CARO PARA GUINÉ-BISSAU?

 

Manter as contratações com cooperantes (técnicos estrangeiros) ou assumir sua responsabilidade quanto ao planejamento e a integração de seus quadros? Isso evidentemente não isenta a contratação de profissionais estrangeiros, mas pensando no repasse do conhecimento, podemos pensar que todas as vezes que contratamos os estrangeiros, para um projeto onde temos nossos quadros integrados a esses projetos, ganhamos duas vezes:

1 – O repasse de conhecimento permite manter o funcionamento e o desenvolvimento dos projetos da Guiné-Bissau. Hoje com o avanço da tecnologia da informação fortalecido com disponibilidade da internet, não precisamos custear passagens para que os técnicos desloquem para o nosso país para solucionarem problemas. Essa solução pode ser viabilizada pela internet com disponibilização da imagem ou vídeo onde o profissional guineense consegue assimilar as dificuldades operacionais.

2 – Por outro lado geramos um banco de conhecimento, porque o profissional que assimila conhecimento com o cooperante vai de certa forma fazer proliferar esse conhecimento junto de outros novos quadros, que vão chegando e sendo integrados aos projetos em curso. Nossa dependência com o andar do tempo fica restrita apenas à aquisição de máquinas, pois, suas instalações e manutenção ficarão a cargo dos nossos técnicos e a custo muito baixo. Porque pagar salário a um engenheiro guineense, não sai nada menos que 6 vezes menos que o engenheiro português, brasileiro ou engenheiro de outra nacionalidade. Acredito que o que disse é muito menos para contratação de um profissional estrangeiro! Eles ganham em dólar e a maioria só vai com salários que rondam $US5,000 (cinco mil dólares!) ou mais.   

 

Muito já se escreveu aqui no site CONTRIBUTO, várias opiniões já foram manifestadas chamando atenção dos responsáveis diretos do nosso país, sobre a valorização dos nossos recursos humanos. Nós temos exemplos de sobra para copiar ou tirar conclusões! É bom lembrarmos que, cada dia que passa o tempo que perdemos não se recupera em função da escalada de desenvolvimento que queremos.  A manifestação dos nossos quadros no exterior solicitando integração é algo que só é comum ao guineense, que ama a sua pátria e sente-se triste por não poder fazer nada por ela.  É comum vermos em telejornais, jornais e na internet as mudanças sistemáticas que acontecem diariamente em relação a muitos países de expressão portuguesa. Citamos um caso particular Angola, onde por longo período as brigas políticas contribuíram para estagnação do país, mas atualmente o povo angolano vive um clima de satisfação que é resultado de milhares de empregos que são gerados quase que diariamente, grande número de obras dirigidas por empresas estrangeiras, avanços tecnológicos que permitiram mais sondagens e descobrimento de novos postos petrolíferos, enfim, Angola está andando. Mais recentemente Angola estreita suas relações com África do Sul fechando vários acordos. Sabe o que isso significa?  Mais empregos e desenvolvimento para os dois povos! Os interesses são movidos dos dois lados – África do Sul fornece tecnologia e mão-de-obra especializada e Angola contribui com alguns recursos naturais que são essências para mover as indústrias da África do Sul. Se a partir desses exemplos o guineense não se fizer mover no pensamento e na ação; podemos ter certeza que a cada dia que passa perdemos mercados, perdemos parceiros, perdemos negócios e corremos séries de riscos que podem gerar manifestações!...

 

Nós colaboradores do CONTRIBUTO temos manifestado incansavelmente através de vários artigos postados, quão desejamos que o nosso país se enquadrasse no processo de desenvolvimento como acompanhamos nos países dos PALOPs. É bom saber que muitos colaboradores não vêm a esse espaço para mostrar grau de intelectualidade ou porque sabem escrever melhor que os outros. Aqui há uma demonstração de que estamos atrelados a um único propósito – que é de dar nossa contribuição ao desenvolvimento da Guiné-Bissau, propondo idéias e apontando algumas soluções! Por isso, para escrevermos, pensamos e repensamos.  Porque o que escrevemos é submetido à análise de um grande número de pessoas; uns com muito mais bagagens que nós, mas existe uma grande diferença entre - o ser muito capaz e omisso, ao ser menos capaz, mas que fala e escreve o que pensa! Espero que essa minha modesta contribuição ganhe nova interpretação na mente dos que precipitam em criticar sem um dia escreverem uma linha aqui nesse site, propondo idéias ou ações. Criticar é fácil, o difícil é fazer o que eu faço! Portanto, na se limite a buscar pontos para atiçar briga, valorize o meu ponto de vista como algo positivo, de um cidadão que ama o seu país e sonha poder um dia dar sua contribuição no terreno, onde as evidências aparecerão em função das experiências adquiridas por longos anos em terras brasileiras e absorvidas com minha contratação por empresas brasileiras, na área de tecnologia da informação.

 

Um forte abraço a todos!

 

Samuel Vieira

      

 * Analista de Sistemas

 


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

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