A
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Sandra Cardão
*
www.bemestarmenteealma.pt.vg
16.03.2011
A violência
doméstica pode manifestar-se de várias formas:
Agressão física, abuso sexual, violação e ameaças. Além disso pode
incluir criticismo destrutivo, tácticas de pressão, falta de
respeito, quebra de confiança, isolamento e perseguição. Alguns
abusadores oferecem “recompensas” com certas condições para tentarem
convencer o parceiro de que o abuso não voltará a acontecer. Por
mais persuasivos que pareçam, a violência normalmente piora com o
passar do tempo.
A violência doméstica raramente acontece uma só vez. Com o passar do
tempo, o abuso físico e sexual tem tendência a aumentar em
frequência e severidade. O comportamento abusivo e controlador tanto
emocional como físico pode ser contínuo.
Violência doméstica acontece a pessoas de qualquer grupo ou classe
social, idade, raça, capacidade física ou mental, sexualidade ou
estilo de vida. O abuso pode acontecer em qualquer altura da relação
– no princípio ou depois de muitos anos juntos.
O que acontece às crianças?
Foi estabelecida uma relação entre violência doméstica e abuso
infantil. As próprias crianças podem ser agredidas, abusadas, ou
correrem o risco de serem feridas acidentalmente e podem também
sofrer indirectamente mesmo quando o abuso não lhes é dirigido: elas
apercebem-se mais do abuso do que os pais pensam.
Alguns agressores ameaçam o parceiro que se eles abandonarem a
relação ou falarem com alguém sobre a violência, os filhos serão
levados pelos serviços sociais. Os seus filhos não serão tirados do
seu cuidado por esse motivo. O departamento da polícia para a
violência doméstica ou os serviços de ajuda à criança podem
aconselhá-la sobre este assunto.
O que posso fazer?
• Reconheça o que está acontecendo
• Aceite que a culpa não é sua
• Procure ajuda e apoio
Não é fácil aceitar que a pessoa amada possa comportar-se tão
agressivamente. Porque as vítimas não podem compreender o
comportamento agressivo do parceiro, elas assumem que são as
culpadas. Mas não são. Ninguém merece ser agredido, abusado, ou
humilhado, muito menos por um parceiro numa relação supostamente
carinhosa. É o comportamento abusivo do parceiro que necessita ser
mudado. Não há desculpa.
Pedir ajuda:
O mais importante a fazer é dizer a alguém e quebrar o
silêncio. Para algumas vítimas a decisão de procurar ajuda é rápida
e relativamente fácil de tomar. Para outras, o processo será longo e
doloroso enquanto tentam que a relação resulte e a violência cesse.
A ideia de abandonar a relação agressiva pode ser tão assustadora
quanto a ideia de ficar. Muitas pessoas procuram ajuda inúmeras
vezes ate encontrarem o apoio que necessitam e podem ainda estar em
risco depois de deixarem a relação. Não receie pedir ajuda
novamente.
Com quem posso falar?
APAV – Apoio à Vítima - Portugal - Linha de Apoio: 707 20 00 77
Polícia de Segurança Pública e Protecção Legal
Departamento de segurança social
Psicólogos, Serviços Sociais e de Saúde
Como posso ajudar uma pessoa que seja vítima de violência
doméstica?
Se alguém lhe disser em confidência que está a ser vitima de
violência, existem alguns passos básicos que pode dar:
1. Seja
compreensiva(o) – Explique que existem muitas pessoas na mesma
situação. Reconheça que é preciso muita coragem para confiar
suficientemente em alguém para falar acerca do abuso. Permita-lhe
tempo suficiente para falar e não a pressione para contar-lhe
detalhes se não o desejar.
2. Ofereça-lhe apoio –
diga-lhe que ninguém merece ser ameaçado ou agredido apesar do que o
agressor possa ter dito. Seja bom ouvinte, encoraje-a a expressar a
sua mágoa e raiva.
3. Deixe-a tomar as
suas próprias decisões – mesmo que signifique não estar preparada
para abandonar a relação. A decisão é dela.
4. Pergunte-lhe se
sofreu agressão física – ofereça-se para acompanhá-la ao hospital se
for necessário. Ajude-a a participar a agressão a polícia se ela
escolher fazê-lo.
5. Ofereça-lhe
informação – sobre a ajuda disponível. Explorem juntas as opções.
6. Planeiem maneiras
seguras para abandonar a relação violenta – deixando-a decidir o que
é seguro ou não. Não encoraje a pessoa a seguir planos sobre os
quais tenha dúvidas.
7. Ofereça-lhe o uso
do seu endereço ou número telefónico – para informação e mensagens.
8. Sobretudo, cuide de
si enquanto apoia alguém – Não se exponha a situações perigosas: por
exemplo, não se ofereça para falar com o agressor sobre a pessoa
amiga/conhecida, ou se coloque numa situação em que o agressor a
considere uma ameaça para a relação.
RODA DA VIOLÊNCIA : PODER & CONTROLE
Intimidação e medo – Vive com medo? Está sendo agredida (o)?
Abuso emocional – Está sendo humilhada (o)? É rebaixada(o) perante
os outros?
Isolamento e controlo – É-lhe permitido contactar a família, amigos?
Veste o que deseja?
Ameaças e exigências – Está sofrendo ameaças? São-lhe feitas
exigências irrazoáveis emocionalmente, fisicamente, sexualmente?
Controle financeiro – Tem algum controle financeiro? É-lhe permitido
ter o seu próprio dinheiro?
Responsabilidades – São-lhe ditas as suas responsabilidades como
pessoa?
Usando as crianças – Fazem-na sentir-se culpada como mãe/pai? É-lhe
dito que perderá as crianças?
Desonestidade, negação e culpa – Você tem a culpa de tudo? O
agressor nega ser agressivo?
Fonte:
Texto integral revisto e adaptado de Panfleto da: Jersey
Women´s Refuge, United Kingdom.
A violência doméstica
pode definir-se como um padrão de comportamento que se dá em
qualquer tipo de relacionamento onde o poder e o controlo são usados
para submeter uma outra pessoa. Esse padrão de comportamento inclui
abuso físico, sexual, emocional, psicológico, ameaças e acções que
visam assustar, intimidar, aterrorizar, manipular, ferir, insultar o
outro.
A violência doméstica é uma relação
abusiva, de poder desigual, logo opressora, abrangendo não só as
mulheres, mas também os homens, os idosos, as crianças. Não existem
vítimas típicas. A violência doméstica é uma forma de abuso que toca
a pessoas de várias idades, etnias, culturas, e de vários estratos
sociais.
É de um grande
sofrimento para todos as que a vivenciam, directa ou indirectamente.
Não se deixe vitimizar, quebre o silêncio e faça valer o seu direito
a uma vida condigna, onde é respeitada (o).
Se souber de alguém que é abusado -
um amigo, membro familiar, colega de trabalho, cliente, paciente,
etc. - tenha em consideração a necessidade de contactar as
autoridades, ou agentes que o poderão ajudar com segurança.
Sandra Cardão
*
Sandra Cardão nasceu em Angola, é Licenciada em Psicologia
Clínica, fez estágio na área da Psicogerontologia e tem trabalhado
no âmbito escolar com crianças do Ensino Básico (integração de
minorias, crianças carenciadas). Também é Facilitadora de Grupos de
Jovens para a Promoção do Desenvolvimento Pessoal. É Autora e
Formadora Certificada.
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