CASOS CLÍNICOS DIVERSOS

 
Prof. Joaquim Tavares

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM

joaquim.tavares15@gmail.com

26.01.2008

 

1- carcinóide

Fui chamado a consultar um jovem de 33 anos, casado, sem filhos; com registo de asma e frequentes pneumonias num passado recente.

A radiografia mostrou uma opacidade não claramente definida no pulmão esquerdo; O TAC mostrou um colapso/atelectasia do lobo superior esquerdo do pulmão.

Fiz a broncoscopia que mostrou (ver imagem) um tumor quase obstruindo o brônquio esquerdo; e a biopsia confirmou o diagnóstico de tumor carcinóide.

Dois dias depois, o tumor foi resectado, e em discussão com o patologista, as margens da resecção estavam limpas (felizmente para o paciente).

O interessante é que ele não teve as manifestações típicas (como aprendemos nos livros) do carcinóide: diarreia, comichão, flushing (sensação de calor, etc.).

A lição é: não importa a idade, quando um doente tem sintomas recorrentes e não se resolvem com vários tratamentos; tem que se fazer algo, investigar mais em pormenor; como dizemos na gíria médica: o doente tem sempre razão. 
 

Por alguma razão gostam de fazer perguntas sobre o tumor carcinóide nos exames, embora sejam tumores raros; quando tiverem tempo, podem consultar qualquer livro médico/cirúrgico ou ir à internet para rever este tópico.


2- Os malefícios da droga! 
 

2.1 - Individuo de 20 anos de idade, apanhado numa rusga pela polícia e levado à cadeia!

Depois de 24 horas na prisão, começou a ter convulsões e perdeu a consciência. Foi entubado e trazido aos nossos serviços de urgência; na altura, um dos “amigos” informou o médico de urgência que este indivíduo era um (drug mule)- mula transportadora de droga e que tinha ingerido 15 saquitos de cocaína; o gastrenterologista ainda conseguiu remover 10 sacos que estavam intactos.

O individuo ainda esteve dois dias com tremores, agitação, mas depois de 6 dias conseguimos remover o ventilador.

Claro que houve sempre um polícia no quarto até a “alta” para a cadeia. 


2.2 - Indivíduo de 35 anos,”reformado” jovem da Bolsa de Valores, depois de fazer fortuna com os stocks na tenra idade de 25;começou a inalar cocaína para ter energias para trabalhar 12 a 16 horas por dia, como muitos dos colegas faziam; da cocaína, passou a drogas pesadas como a metanfetamina, heroína, etc.

Admitido através dos serviços de urgência com febre, tosse e letargia no exame físico, tem isquemia de pontas de dedos o que presumimos ser devido a embolias sépticas.

A radiografia torácica mostrou infiltrados típicos de embolia séptica; o ecocardiograma mostrou uma sombra consistente com endocarditis; neste momento (hoje); o próximo passo seria fazer um TEE (ecocardiograma trans-esofagico) para confirmar o diagnóstico de endocarditis, mas o especialista de doenças infecto-contagiosas disse que não valia a pena, porque o quadro clínico é consistente com endocarditis;

O tratamento empírico com antibióticos foi iniciado, estando à espera do resultado das culturas.

Neste momento ele está entubado em estado crítico nos cuidados intensivos; se não melhorar, vai definitivamente necessitar de TEE e cirurgia da válvula tricuspida. 
 

Mais dois casos clínicos, para realçar as consequências do envolvimento com as drogas: quando se começa, não é difícil parar:... 
 

Radiografia


Ecocardiograma


Ecocardiograma


3- Caso Clínico AINDA sem diagnóstico 
 

Uma jovem de 27 anos de idade, de raça Índia (native American), vivendo numa Reserva Índia (Indian Reservation) em Arizona, foi transferida pelo médico da Reserva devido a hemoptisis (tosse com produção de sangue, para os não médicos)

História pertinente: Diabetes, injectando-se com insulina lenta (20 unidades por noite); bebe álcool (3 garrafas de cerveja por dia), não fuma, não usa drogas.

Tem vindo a ter hemoptisis ligeiras desde há 3 anos, mas como no dia anterior à admissão cuspiu por volta de 100 ml de sangue, decidiu dizer ao médico da Reserva.

Não há história de contacto directo com pessoas infectadas com tuberculose, nega também promiscuidade sexual.

No exame físico mostra uma jovem bem aprumada, elegante: não tem febre, e o exame físico é normal.

No exame laboratorial, não há leucocitose.

A radiografia e o TAC seguem-se:

Chamaram-me para a consultar e vou fazer um teste amanhã para confirmar ou desmentir as minhas formulações diagnósticas que escrevi no processo (portanto, eu também ainda estou mais ou menos no escuro como vocês, no que se refere ao diagnóstico: 

Pergunta número 1:

Que testes DE diagnósticos o (a) colega poderia fazer para diagnosticar este caso (mais de uma resposta certa); 
 

A- Tuberculina 
 

B- Títulos serológicos para coccidiomicosis 
 

C- Broncografia 
 

D- Broncoscopia 
 

E- MRI (imagem de ressonância magnética) 

Pergunta número 2:

Qual (quais) é (são) os  prováveis diagnósticos? 
 

A- Coccidiomicosis 
 

B- Cancro dos pulmões 
 

C- Tuberculosis 
 

D- Sarcoidosis 
 

E- Abcesso pulmonar de causa bacteriana (estafilococos aureus) 


 Radiografia de frente



Radiografia de perfil


TAC - lesão primária


TAC- lesão primária (2)


TAC - lesão secundária


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