Clementa, um anjo para as crianças da Guiné-Bissau
 

Contacto electrónico de Clementa: clecarlos@live.it

Clementa Dos Olis Vieira  tem uma vocação: ajudar as crianças do seu país de origem, a Guiné-Bissau. Especialmente as crianças que sofrem de malformações, que, naquele paupérrimo país oeste africano têm uma vida difícil. 

 

A crença popular está realmente muito enraizada, principalmente nas aldeias mais remotas, onde se considera a deformação do corpo como obra de espíritos malignos e a pessoa possuída por um demónio. Muitas vezes as crianças com deformações são mortas.


Clementa tem 27 anos e está na Itália desde os 20. Há algum tempo, ela e o marido estabeleceram-se em Santa Lucia di Piave. Ela trabalha como profissional de saúde numa casa de repouso, enquanto que ele é operário, estudando à noite para obter um diploma de operador térmico. Uma vida que não é fácil, mas cujas portas Clementa não fechou aos mais necessitados. "Eu escolhi viver em paz" admite.


 

E assim, no seu apartamento da Via Comisso, hospeda, para além do sobrinho  Edmanuel, Aliou, de 7 anos, Domingas (Minga para todos) também com 7 anos e a mãe desta, N'Indjai. Ambas as crianças foram levadas para a Itália para tratamento. Dos dois, Aliou teve mais sorte, porque a intervenção cirúrgica feita no Hospital Conegliano resolveu completamente os seus problemas motores. A deformação da Minga era mais grave. A ciência médica define-a como "pé torto congénito bilateral" e se não for corrigida nos primeiros anos de vida não só impede a marcha, mas também a posição de pé. Quando chegou à Itália, há dois anos atrás, graças ao empenho de um padre franciscano, o Frei Mariano, e à intervenção da Associação veronesa Rede Guiné-Bissau, Minga não andava, arrastando-se pelo chão com as mãos. Durante este tempo foi submetida a três intervenções cirúrgicas - nas costas, pés e joelhos - em centros especializados do Norte da Itália, a última tendo sido feita no dia 20 de Março em Vicenza.

 

Minga está agora numa cama esperando curar-se e poder voltar ao asilo embora ainda com o apoio de muletas. No Outono, terminará a sua estada na Itália e partirá para África com a mãe para « testemunhar que as malformações não são obra do diabo e que podem ser curadas », explica Clementa. 

À volta desta atípica e grande família concentrou-se, ao longo do tempo, a solidariedade de uma comunidade inteira, que se estende para além das fronteiras de Santa Lúcia e que tem respondido generosamente, inclusivamente ao mais recente apelo da Associação onlus Amici Parco Bolda para a recolha dos fundos necessários para a operação de  Minga. "Na nossa comunidade, a  solidariedade é um facto e não apenas uma palavra - diz o Presidente Giancarlo Antoniazzi, muito satisfeito com a resposta dada pelos seus concidadãos ao apelo de ajuda  à família da Clementa - Para a operação de Minga foram necessários 3700 Euros, tínhamos recolhido 5.500 Euros, o que nos permitirá cobrir também as despesas com a reabilitação e o regresso a África. "

 

A casa de Clementa Dos Olis Vieira está sempre cheia. Toda a gente em Santa Lúcia conhece a dinâmica guineense e seu empenho para com os seus compatriotas menos afortunados. Recorde-se que em Dezembro do ano passado a Associação Dama Castellana atribuiu-lhe o prémio Civilitas, como reconhecimento da sua obra de solidariedade como um factor civil importante.

 

Clementa está agora ocupada com um novo projecto: construir, nos arredores de Bissau, a capital do país e sua cidade natal, uma casa familiar para receber as mães que querem salvar a vida dos seus filhos (e tentar curá-los) que sofrem de uma deficiência . "Já identificámos o terreno e alguns profissionais estão empenhados em fazer o projeto - diz Clementa – Pretende-se que esta casa venha a ser um lar para as mães que não querem sacrificar os seus filhos por causa da superstição. Os casos menos graves podem ser tratados localmente por médicos italianos voluntários, os mais graves poderemos trazer para a Itália, como fizemos com a Minga ".

Em suma, o empenho de Clementa continua e as generosas pessoas que até agora lhe têm sido próximas e lhe têm ajudado terão novas frentes de solidariedade em que se empenhar.

Versão original em italiano. Tradução de Filomena Embaló

 

Clementa, un angelo per i bambini della Guinea Bissau

Clementa Dos Olis Vieira ha una vocazione: aiutare i bambini del suo paese di origine, la Guinea Bissau. In particolare i bambini colpiti da malformazioni, che in quel poverissimo paese dell’Africa Occidentale hanno un’esistenza difficile. Le credenze popolari infatti, molto radicate soprattutto nei villaggi più sperduti, considerano le deformazioni del corpo opera di spiriti cattivi e chi ne è portatore un indemoniato. Molto spesso i bambini deformi vengono uccisi.

Clementa, 27 anni, è in Italia da quando ne aveva 20. Da qualche tempo si è stabilita con il marito Carlos a Santa Lucia di Piave. Lavora come operatrice sanitaria in una casa di riposo, mentre lui fa l’operaio e frequenta le serali per prendere il diploma di operatore termico. Una vita non certo facile, ma di cui Clementa non ha chiuso le porte a chi ha più bisogno. «Non ho scelto di vivere in pace» ammette.

E così nel suo appartamentino di via Comisso ospita, oltre al nipote Edmanuel, Aliou, 7 anni, e Domingas, per tutti Minga, 7 anni, assieme alla madre di quest’ultima N’injdai. Entrambi i bimbi sono stati portati in Italia per essere curati. Dei due, Aliou è più fortunato perché l’intervento chirurgico all’ospedale di Conegliano ha risolto del tutto i suoi problemi deambulatori. La deformazione di Minga, invece, era più grave. La scienza medica la definisce “piede torto congenito bilaterale” e se non è corretta nei primi anni di vita impedisce non solo la deambulazione, ma la stessa postura eretta. Quando è arrivata in Italia, due anni fa, grazie all’interessamento di un frate francescano fra’ Mariano e all’intermediazione dell’associazione veronese Rete Guinea Bissau, la piccola non camminava ma si trascinava a terra con le mani. In tale arco di tempo ha subito ben tre operazione chirurgiche - alla schiena, ai piedi e alle ginocchia - in centri specializzati del Nord Italia, l’ultima il 20 marzo a Vicenza. Oggi Minga è ferma su un lettino in attesa di guarire e di poter tornare, pur sempre sorretta dalle sue stampellette, all’asilo. In autunno, si concluderà la sua permanenza in Italia e rientrerà in Africa con la madre per «testimoniare che le malformazioni non sono opera del demonio e che da esse si può guarire» spiega Clementa.

Attorno a questa atipica e numerosa famiglia si è coagulata, da tempo, la solidarietà di un’intera comunità, estesa oltre i confini di Santa Lucia, che ha risposto con generosità anche al più recente appello dell’associazione onlus Amici Parco Bolda per la raccolta dei fondi necessari all’ultimo intervento chirurgico di Minga. «Nella nostra comunità la solidarietà è un fatto, non solo una parola – dice il presidente Giancarlo Antoniazzi, molto soddisfatto della risposta data dai suoi concittadini all’appello per aiutare la famiglia di Clementa – Per operare Minga servivano 3.700 euro, ne abbiamo raccolti 5.500 euro, che copriranno anche  per spese per la riabilitazione e per il rientro in Africa.»

L’abitazione di Clementa Dos Olis Vieira è sempre molto  frequentata. Tutti a Santa Lucia conoscono la dinamica guineiana e il suo impegno verso i suoi connazionali meno fortunati. Di lei si è accorta anche la Dama Castellana che, nel dicembre scorso, le ha assegnato a il premio Civilitas, riconoscendo le sue opere di solidarietà come un fattore civile importante.

Clementa è impegnata ora in un nuovo progetto: costruire nella periferia di Bissau, la capitale del Paese e sua città natale, una casa-famiglia per ospitare le mamme che vogliono salvare la vita (e tentare di curare) i loro piccoli affetti da qualche disabilità.  «Abbiamo già individuato il terreno e alcuni professionisti si sono impegnati a farci il progetto – spiega Clementa – Questa casa vuole essere un punto di accoglienza per le mamme che non vogliono sacrificare il loro figlio alla superstizione. I meno gravi potranno essere curati in loco dai medici italiani volontari, i più gravi potranno essere portati in Italia, come abbiamo fatto con Minga.»

Insomma, l’impegno di Clementa continua e le persone generose che fino a oggi le sono state vicine e l’hanno aiutata avranno anch’esse nuovi fronti di solidarietà su cui impegnarsi. 

 

 

 

A GUINÉ-BISSAU PRECISA DE MAIS "CLEMENTAS"

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

12.07.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Clementa Vieira deu-nos a conhecer a sua Missão para com a Guiné-Bissau, para com os seus irmãos e irmãs guineenses. Uma Missão motivada pelo amor ao próximo e, concretamente, às crianças do seu país.

Uma fascinante iniciativa quer na acção directa de conseguir apoios para tratamento em Itália de crianças guineenses com casos de malformação, quer igualmente, na sensibilização que a Missão em si comporta, por ajudar a elucidar as nossas populações que ignoram na realidade do que se trata a malformação e, fruto da superstição de uma tradição que há muito importa "adaptar" aos novos tempos, continua a permitir que crianças doentes, mas com possibilidades de cura, sejam sacrificadas de várias formas.

Não se decreta nenhuma tradição, contudo, ela deve ser ajustada/corrigida, para ser favorável à salvaguarda de vidas humanas e sabendo que as nossas populações, infelizmente, carecem de conhecimentos e informações sobre muitas doenças relacionadas com as crianças e por não terem acompanhamento devido, a tradição sustentada pela superstição continua a ter as crianças como principais vítimas  de uma ignorância que pode ser ultrapassada através da sensibilização.

Clementa Vieira mostra-nos igualmente, que todos nós podemos e devemos ser úteis à Guiné-Bissau e aos nossos irmãos mais carenciados, independentemente de onde nos encontramos; independentemente das nossas ocupações profissionais e posses. Tudo passa pelo assumir de uma causa, comprometer-se com ela e, porque para construir precisamos de união, de apoios, apelar à solidariedade e avançar!

Espero que as autoridades da Guiné-Bissau tenham presente o alerta de Clementa Vieira, promovendo campanhas de sensibilização junto das nossas populações, mas também, apelando à solidariedade internacional para a obtenção de apoios com vista a criar estruturas na Guiné-Bissau que venham a servir para o tratamento das nossas crianças afectadas pela malformação e outras doenças.

Parabéns à Clementa Vieira, ao Carlos Lopes, ao Frei Mariano e toda a Comunidade italiana de Santa Lucia.

Felicidades para a Minga, Edmanuel e Aliou.

À N'Indjai, mãe da Minga, os parabéns por ter acreditado que o problema da Minga era apenas uma doença e nada mais do que isso. Que seja a voz de referência na sensibilização de outras mães guineenses, quando regressar ao país!

Obrigado Clementa Vieira pela confiança e reconhecimento do nosso Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO!

Vamos continuar a trabalhar!

 

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Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

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