COISAS NOSSAS...
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo 11.º 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. Artigo 13.º 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. |
O Ministério Público é um Órgão do poder do Estado mas liberto desse poder. O Ministério Público é autónomo e independente face ao Poder Político (entenda-se, Legislativo e Executivo). Extraído da Lei orgânica do Ministério Público da Guiné-Bissau
Fernando Casimiro (Didinho)
29.12.2009
Bubo Na Tchuto nunca foi judicialmente acusado de ter cometido qualquer crime na Guiné-Bissau, nem mesmo em relação a qualquer acção de tentativa de golpe de Estado.
Bubo Na Tchuto nunca foi convocado a depor, nem chegou a ser condenado à revelia por se ausentar do país e se refugiar na Gâmbia. A haver acusadores de algum crime praticado por Bubo Na Tchuto, seriam os assassinados ex-Presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira e o ex- Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie. Estando mortos, quem são os acusadores e de que crime, já que quem falou de tentativa de golpe de Estado, na altura, foi o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Coronel Arsénio Baldé, que foi afastado ilegalmente das suas funções aquando das matanças de 1 e 2 de Março de 2009?!
Não estamos aqui para defender Bubo Na Tchuto, que, enquanto Chefe do Estado-Maior da Armada foi o "Capanga" do assassinado Presidente João Bernardo Vieira no negócio do narcotráfico, no entanto, não podemos ficar indiferentes a mais uma tentativa de ajuste de contas que o Governo chefiado por Carlos Gomes Jr., em conluio com as actuais chefias militares, principalmente com o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas José Zamora Induta quer fazer.
Um Governo que se mostrou surpreso e preocupado com a notícia do regresso de Bubo Na Tchuto a Bissau e do seu refúgio na representação das Nações Unidas. A preocupação que motivou uma reunião de urgência entre o Governo, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e o Procurador-Geral da República, deixou à vista sinais claros de intolerância e de tentativa de violação dos Direitos Humanos.
Afinal, de que aplicação de justiça se falou nessa dita reunião em relação a Bubo Na Tchuto?!
De que ilegalidade se trata o regresso de um cidadão nacional ao seu país?!
Aproveito para discordar da postura do Procurador-Geral da República ao aceitar reunir-se com o Governo e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas sobre um assunto que, aparentemente não justifica nenhuma reunião de urgência, até porque, o Ministério Público é um órgão autónomo e independente face ao poder político.
Não é o Governo quem deve indicar acções judiciais ao Ministério Público e, em particular, ao Procurador-Geral da República!
Na Guiné-Bissau, conforme os interesses, alude-se ao passado como algo para se esquecer.
Depois das mortes de Tagme Na Waie e João Bernardo "Nino" Vieira, muitas foram e continuam a ser as vozes que dizem que isso já é coisa do passado e, por isso, deve-se esquecer tudo e seguir em frente.
Depois das matanças de 4 e 5 de Junho, muitas foram e continua a haver vozes que dizem que isso já é passado e, por isso, deve-se esquecer e seguir em frente.
Agora pergunto: Se as matanças de 1 e 2 de Março de 2009; de 4 e 5 de Junho de 2009 são para esquecer, por pertencerem ao passado na óptica de muitos, por que será que se deve reivindicar a aplicação da Justiça a uma alegada tentativa de golpe de Estado supostamente ocorrida em Agosto de 2008?
Por que se esqueceu igualmente a outra alegada tentativa de golpe de Estado reivindicada pelos partidários do Presidente João Bernardo Vieira em Novembro de 2008 e que, para mim, também foi uma encenação, tal como de resto tem vindo a ser habitual na Guiné-Bissau, quando se pretende "eliminar" pessoas incómodas?!
Quantas tentativas de golpe de Estado; quantos golpes efectivos e, quem foi alguma vez julgado por isso na Guiné-Bissau?!
Carlos Gomes Jr. na qualidade de Primeiro-ministro e José Zamora Induta (actualmente) na qualidade de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas foram acusados publicamente, ainda que fora do território Nacional, pelo então Presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, Francisco José Fadul, de terem sido os mandantes do assassinato do ex- Presidente da República João Bernardo Viera. Não houve até agora nenhuma acção concreta do Ministério Público guineense para investigar e chamar Carlos Gomes Jr., José Zamora Induta e Francisco José Fadul a depor.
Aquando das matanças de 1 e 2 de Março de 2009, se não houve golpe de Estado, cometeu-se uma flagrante ilegalidade com a indigitação de José Zamora Induta para o cargo de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas interino, pois a morte do ex- Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie implicava simplesmente a passagem de um dos chefes dos três ramos das Forças Armadas para a sua posição, num processo rotativo. Não foi isso que aconteceu, pois foi indigitado para o cargo alguém que nem sequer fazia parte das chefias dos 3 ramos das Forças Armadas, portanto, um processo ilegal!
A 4 e 5 de Junho de 2009, Hélder Proença e Baciro Dabó foram mortos e várias pessoas foram detidas e outras acusadas de tentativa de golpe de Estado. Uma acusação dos Serviços de Informação do Estado, que emitiu um relatório oficial sobre o assunto. Um relatório sustentado em mentiras, pois as pessoas abatidas não estiveram em confrontos, não houve trocas de tiros com nenhuma autoridade, tendo sido assassinadas a sangue frio, sendo que Baciro Dabó na sua própria residência e Hélder Proença, mais 2 pessoas que o acompanhavam, na sua própria viatura.
O Governo valorizou o relatório dos Serviços de Informação do Estado e o seu porta-voz, António Óscar Barbosa "Cancan", apresentou provas forjadas da implicação das pessoas abatidas e da lista de acusados na dita tentativa de Golpe de Estado.
Recentemente o Dr. Armando Procel, advogado de algumas pessoas acusadas da
alegada tentativa de golpe de Estado de 4 e 5 de Junho de 2009 afirmou numa
conferência de imprensa
que a denúncia feita contra os seus constituintes de terem
participado numa alegada tentativa de golpe de Estado nos passados dias 4 e 5 do
mês de Junho passado, é “uma denúncia gratuita e não corresponde a nenhuma
verdade”.
Perante estas afirmações, aproveito para encorajar os familiares das vítimas mortais desta infundada tentativa de golpe de Estado, bem como as pessoas que foram perseguidas, detidas ou não; torturadas ou não, mas vítimas de toda a espécie de calúnia, a apresentarem queixa-crime contra o Governo da Guiné-Bissau, pois foi o porta-voz do Governo, António Óscar Barbosa quem confirmou que realmente houve tentativa de golpe de Estado, quando na verdade, não há nenhuma prova real de ter havido tentativa de golpe de Estado, para além da falsa sustentação das mortes ocorridas.
Deve ou não haver responsabilização neste caso?!
Ou também é passado e por isso não se deve falar mais no assunto, mas em contrapartida, deve-se falar em fazer Justiça ao Bubo Na Tchuto?!
Deve haver responsabilização sim, pois só assim acabaremos com a história das alegadas tentativas de golpe de Estado!
Deve haver ou não investigação às mortes de Tagme Na Waie e Nino Vieira?!
Sim, deve haver, tal como se deve investigar e esclarecer todas as mortes ocorridas, conhecidas e atribuídas aos diversos regimes que dirigiram a Guiné-Bissau ao longo destes 36 anos de independência!
Se Bubo Na Tchuto é uma ameaça à estabilidade?
É um cidadão como qualquer outro. A segurança e a ordem interna são da responsabilidade do Estado, mas o Estado, através das suas instituições, deve ser o primeiro a respeitar e a cumprir com a Constituição em geral e com as leis em particular!
Carlos Gomes Jr. já se esqueceu, pelos vistos, quando em Dezembro de 2006 foi obrigado a refugiar-se na representação das Nações Unidas em Bissau, tal como agora acontece com Bubo Na Tchuto... De corajoso passou a medricas e depois, ficou tudo em "águas de bacalhau"...
Os guineenses não devem continuar a aceitar que as disputas pelo poder permitam aos que estão na governação de acusar infundadamente todo e qualquer cidadão incómodo para o regime, seja ele qual for, de tentativa de golpe de Estado, sendo que, chega-se a matar e depois conclui-se que de facto, nada prova a existência de tentativa de golpe de Estado!
Aproveito para recuperar a análise que fiz aquando da alegada tentativa de golpe de Estado atribuída a Bubo Na Tchuto.
SEGUINDO O RASTO DO GENERAL JOÃO BERNARDO VIEIRA 17.08.2008
TODO E QUALQUER CIDADÃO TEM O DIREITO DE REGRESSAR AO SEU PAÍS SEM NECESSITAR DE PEDIR VISTO DE ENTRADA... ILEGALIDADE?! O QUE É ISSO NA GUINÉ-BISSAU?!
Vamos continuar a trabalhar!
Guiné-Bissau: Antigo Chefe de Estado-maior da Armada Guineense está
na capital
Bissau – Bubo Na Tchutu está em Bissau desde as primeiras horas
desta segunda-feira. O antigo Chefe de Estado-maior da Armada
guineense «escapou» das autoridades gambianas. |
ADVOGADO ARMANDO PROCEL CONSIDERA “GRATUITA” DENÚNCIA CONTRA OS DEPUTADOS DANIEL GOMES E MARCIANO SILVA BARBEIRO
12-12-2009
O
advogado disse que a realização da conferência de imprensa era para
informar a opinião pública nacional e internacional de que os seus
constituintes, respectivamente, Marciano Silva Barbeiro e Daniel
Gomes “foram ouvidos pelo Ministério Público simplesmente como
declarantes, sobre o caso de 4 e 5 de Junho último”.
Procel
lembrou neste particular que no passado dia 4 de Junho do ano em
curso os seus constituintes se encontravam na cidade de Dakar
(Senegal) no âmbito da campanha eleitoral, a responder a solicitação
do Presidente da República, Malam Bacai Sanha, que na altura era o
candidato do PAIGC e se encontrava na capital senegalesa.
“Daniel Gomes e Marciano Silva Barbeiro não assistiram nenhum dos
acontecimentos que decorreram nos dias 4 e 5 de Junho, porque
estavam em Dakar. No próprio dia dos acontecimentos já estavam a
preparar o regresso para Bissau, foi ali que receberam um telefonema
a fim de lhes informar o que estava a passar no país na sequência da
qual morreu o deputado Baciro Dabó. Mais tarde a mesma pessoa voltou
a ligar-lhes informando que tinha morrido também o deputado Hélder
Proença, pedindo-lhes que não viessem para Bissau, tanto mais que
havia um comunicado que estava passar nos órgãos da comunicação
social e os nomes deles juntamente com outros cidadãos estavam a ser
citados como fazendo parte da intentona”, explico o advogado que
entretanto avançou que, a partir destas informações os seus
constituintes decidiram voltar ao hotel a fim de aguardar o
desenrolar da situação.
Armando Procel disse que na qualidade de advogado entrou em contacto
com o Ministério Público que o informou que no momento já estava a
accionar todos os mecanismos possíveis no sentido de se deslocar à
Dakar para poder ouvir Daniel Gomes e Marciano Silva Barbeiro na
qualidade de declarantes. Porém, vincou que insistiu junto do
Procurador-geral da República na altura e a comissão do inquérito
constituída para ouvir todas as pessoas denunciadas nessa tentativa
da subversão do Estado de Direito.
“Nem a
comissão e muito menos o Ministério Público não chegaram de deslocar
à Dakar para ouvi-los e, com o decorrer do tempo, os meus
constituintes manifestaram o interesse de serem ouvidos. O advogado
conta que lhe solicitaram que lhes fosse permitido serem ouvidos
porque “queremos limpar a nossa imagem; porque não sabemos nada e
nem sabemos o que está a passar-se na Guiné-Bissau. Por isso
queremos ir à Bissau para que toda a população guineense saiba, que
não estamos envolvidos nisso e nem se quer sabemos o que está a
passar.” De acordo com o advogado dos deputados Daniel Gomes e Marcial Silva Barbeiro, só depois da divulgação do despacho do Ministério Público que lhes ilibou dessas acusações é que acabou por entender que já havia todas as condições necessárias para que os seus constituintes pudessem voltar ao país.
Asseverou por outro lado que os seus constituintes “na qualidade de
deputados da Nação foram ouvidos pela comissão de inquérito no
parlamento.” Após a audição feita pela comissão a publicação do
despacho foi feita dois meses depois, isto é no dia 24 de Novembro
passado. “De todas as diligências feitas até aqui, e, as audições levadas a cabo, bem como as provas recolhidas e analisadas relativamente aos requerentes, Daniel Gomes e Marciano Silva Barbeiro, nada revelam em termos dos indícios criminais contra os soberanos deputados ora citados. Tanto assim, que foram sob reserva de todas as imunidades parlamentares (art 82n le 2 da CRGB, art 14 da lei n 7/94, de 05 de Dezembro, alterado por força da lei n 03/96, de 24 de Abril e arts 10 e 11 da lei n 9/94 de 5 de Dezembro), ouvidos pura e simplesmente como declarantes”, informou o advogado ao citar uma das partes do texto do despacho publicado pelo Ministério Público no passado dia 24 do mês de Novembro último.
O
advogado recordou ainda que fez um requerimento a pedir ao
Ministério Público o arquivamento do processo, mas esta instituição
por sua vez respondeu de que não ia arquivar o processo porque
contra os seus constituintes não chegou de haver nenhum processo.
Assana
Sambú http://www.gaznot.com/?link=details_actu&id=179&titre=Politica |
Deputado já pode deixar sede da ONU na Guiné-Bissau
Bissau,
27 Jan 2007 (Lusa) - O deputado da Guiné-Bissau Carlos Gomes Júnior,
líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), deve deixar ainda neste sábado a sede da ONU em Bissau,
onde está refugiado, após ter sido revogada a ordem de prisão contra
ele. |
COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL
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Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO