Antibióticos
podem encurtar a duração da doença mas não são tão importantes
como a
hidratação.
Cólera
-
Para profissionais de Saúde
Referência:
Mandell: 1-Textbook of
Infecious Diseases; 2-Medstudy;3-MKSAP-medical knowledge self-assessment
program.
A-
Historial
A Era moderna da
cólera
é caracterizada por 7
pandemias: as primeiras 6
ocorreram entre
1817
e
1923(Ásia, Europa e
Américas). A transmissão da doença
foi reconhecida Só depois das observações feitas por
John Snow
em
Londres
durante a
pandemia
de
1849; Reduziu a
transmissão da
cólera
Através do
bloqueio ao acesso de água contaminada por parte da população.
A sétima
pandemia
começou em
1961
e foi causada pelo biótipo
El Tor of
V.Cholerae O1
(Teve origem na Indonésia e espalhou-se por muitos
continentes, incluindo África (Em
2001, dos
184311
casos reportados,
94%
vieram
de África).
B-
Microbiologia
O
vibrião
da
cólera
(V.cholerae)
é um
bacilo gram negativo
da família das
Vibrionaceae, com um
antigénio somático
(O) e um
antigénio flagelar
(H).
Somente os serogrupos O1 e O139 estão associados com as manifestações
clínicas da
cólera
e as
pandemias.
o
vibrião
é facilmente identificado através do
microscópio
(movimento
caótico de grande número de organismos nas amostras de fezes). Os meios de cultura
mais usados para isolar o
vibrião
das fezes são o
thiosulfato citrate
e o
tellurite taurocholate. Mais recentemente,
passou-se a poder usar o
PCR
(Polymerase Chain Reaction).
C-
Fisiopatologia (Physiopathology)
O
vibrião
da
cólera
causa doença através da secreção de duma
enterotoxina
que
estimula a secreção de
fluidos
e
electrólitos pelo intestino delgado. Quando
o meio de transmissão é a água, são precisas 10000 a 10000000 de
bactérias
para causar doença, mas quando é através da comida, são necessárias somente
100 a 10000
bactérias.
D-
Epidemiologia
O vibrião
da
cólera
vive em ambientes aquáticos; destes ambientes, o
vibrião
passa
para o ser humano através da contaminação de água (canalizada ou da fonte) e
da comida.
Uma outra forma de transmissão da
cólera
(além daquelas que abordamos no
tópico para a população em geral) é a transmissão durante os funerais em
África tocando os cadáveres não desinfectados, comendo arroz nos
funerais, etc.
E-
Manifestações Clínicas e Laboratoriais
A principal manifestação clínica da
cólera
é a produção de uma
diarreia
aquosa
com vários graus de
desidratação; devido à
desidratação, os doentes
têm
cãibras, não urinam ou urinam pouco, olhos encovados, por vezes têm
confusão mental.
As análises laboratoriais mostram
acidose metabólica,
uremia,
hemoconcentração
e
hiperglicemia.
F-
Tratamento
Para casos ligeiros, a
hidratação oral
com soluções mencionados no capítulo
anterior é suficiente.
Para casos delicados, a
hidratação
deve ser
intravenosa
(50 a 100ml/kg/hr de
soro)
O doente só deve ter alta quando:
1-
Capaz de beber por conta própria
mais de
1 litro de fluido por hora;
2-Produzir
mais de 40 ml de urine por
hora;
3-Volume
das fezes é
menos de 400ml por hora.
Os
antibióticos
são secundários no tratamento da
cólera; Nos casos
delicados, podem
reduzir a duração da infecção:
doxiciclina
(1 pílula de 300mg dose única); para
grávidas, pode-se dar
eritromicina.
G-
Prevenção e Vacina
-Recomenda-se ler informação para o público em geral no capítulo 2.
H-
Diagnóstico Diferencial
Há um ditado aqui nos Estados Unidos que muitos professores de medicina gostam
de referenciar: "QUANDO
OUVIRES UM GALOPE NAS PRADARIAS AMERICANAS, NÃO PENSES EM ZEBRAS, PENSA EM
CAVALOS".
O mesmo vai para a Guiné na altura da
epidemia
de
cólera
(se alguém se
apresenta com
diarreia, pensa em
cólera); mas fora das
epidemias, quando
alguém
se apresenta com
diarreia, temos de pensar noutras causas:
DIARREIAS INFECCIOSAS AGUDAS
1-Enterotoxigênicas:
produzem
toxinas; não há
sangue
ou
leucócitos
nas
fezes:
CÓLERA
e
E.COLI
enterotoxigênico.
2-Invasivas:
Fezes
com
sangue,
leucócitos, febre: CAMPYLOBACTER, SALMONELLA, SHIGELLA, E.COLI
0157:H7, CLOSTRIDIA, YERSINIA, GIARDIA, AMEBIASIS.
DIARREIA DO VIAJANTE
(TRAVELLER'S DIARRHEA)
Para viajantes a países em vias de desenvolvimento, recomenda-se levar:
um
agente anti-diarreia
(exemplo
loperamida) e
antibióticos.
Para casos ligeiros de
diarreia:a)-
fluidos;
b)-
loperamida;
c)-
ciprofloxacina:
750 mg(dose única); ou
levofloxacina
(500 mg dose única) ou
ofloxacina
(400 mg dose única).
Para casos mais graves:
fluidos,
loperamida
e:
ciprofloxacina: 500 mg duas vezes
por dia (total de 3 dias);
levofloxacina: 500 mg por dia por 3
dias;
ofloxacina
(300 mg duas vezes por dia, total de 3 dias).
Não administrar os antibióticos acima mencionados
a
grávidas
e
crianças.
VAMOS CONTINUAR A
TRABALHAR!
Projecto
Guiné-Bissau:
CONTRIBUTO
www.didinho.org