COMENTÁRIO DO JORNALISTA PAULO M. A. MARTINS A PROPÓSITO DO TEXTO: UM LUSÓFONO QUE MERECE DESTAQUE
Começo por questionar se a GENEROSIDADE de todos quantos militam e se dedicam à defesa dos DIREITOS HUMANOS, tem preço?... Ser GENEROSO, mais do que ser SOLIDÁRIO, significa ENTREGA SEM LIMITES ao seu semelhante, numa luta sem tréguas, onde os DIREITOS HUMANOS, no mundo em que vivemos, vão sendo cada vez mais arredados, distorcidos, vilipendiados e agredidos. E, de facto, como sublinha FERNANDO CASIMIRO (Didinho), "A vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver...". Mas, a realidade, a dura realidade, é que quase sempre se esbarram com aqueles, "ditos poderosos", que insistem e persistem em não viver e deixar viver, como se fossem os donos absolutos do mundo e do universo, e, muitas vezes, fazem-no em nome da LIBERDADE E DA DEMOCRACIA ... Tenho o privilégio, não me canso de o dizer e proclamar, de ter sido discípulo do saudoso e Grande Humanista e Jornalista, também, ao longo de quatro décadas, Presidente da Academia Brasileira de Letras, AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE, que foi o principal relator e redactor da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, na Assembleia Geral da ONU - Organização das Nações Unidas. Para quem se dedica à defesa dos DIREITOS HUMANOS, é, no meu modesto conceito e entendimento, nos tempos que correm, o assumir de um verdadeiro sacerdócio, envolvido em riscos inimagináveis. Numa palavra: SER INCÓMODO! E, sem margem para quaisquer dúvidas, infelizmente, os factos assim o denunciam e confirmam, os maiores INIMIGOS dos DIREITOS HUMANOS são, universalmente, os poderes político, económico e social, constituídos e instalados, sejam ou não Livres e Democráticos!... Infelizmente, não é só na Guiné-Bissau, também, é em Portugal, em Angola, no Brasil, em Timor-Leste, assim como nos Estados Unidos, na Rússia, e por aí fora... Na realidade, todos, sem excepção, fazem, em cada momento, segundo os seus interesses imediatistas, uma leitura enviezada, de conveniência e oportunista, do que são e constituem esses direitos fundamentais no concerto das Nações e dos Povos. A saga de FERNANDO CASIMIRO (Didinho), atentas as devidas proporções, estão na mesma e rigorosa linha de pensamento e acção de Martin Luther King, Austregésilo de Athayde, Sérgio Vieira de Melo, e tantos, tantos outros... Mas uma certeza é infalível. Por muito que os poderosos, com pés de barro, exerçam as suas tiranias e domínio sobre os povos, nunca hão-de conseguir calar as vozes dos que se erguem para proclamar esses direitos fundamentais e universais! "A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que temos", e FERNANDO CASIMIRO (Didinho), lutando contra os condicionalismos que o cercam, sem margem para dúvidas, está a fazer bom uso do que tem à sua mão... Caso contrário, não estaríamos, aqui e agora, a manifestar as nossas preocupações e pessimisto com o curso dos acontecimentos num país que integra o universo da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: a Guiné-Bissau, que, nesta hora, já se deveria ter erguido e fazer sentir a sua voz, em prole de MÁRIO SÁ GOMES, outro grande lutador! São estas vozes e outras que se erguem e proclamam a CARTA MAGNA DOS DIREITOS HUMANOS que nos enobrecem e orgulham, mas que, por incómodas, logo são anuladas, dizimadas, pela hipocrisia e o fariseísmo dos poderes constituídos! E não são poderes virtuais, são reais! Provavelmente, a esta hora, se tivessem feito ou fazer a apologia dos narcotraficantes já teriam sido objecto de grandes homenagens e honrarias, e, sobretudo, sido colocados num lugar ao sol, onde nada lhes haveria de faltar... É objectivo maior da HUMANIDADE o DIREITO Á FELICIDADE. Só que, os que integram os poderes constituídos, que a deviam promover, não sabem ou não querem saber o que é a FELICIDADE, e, como tal, não admitem que os seus semelhantes a sintam e vivam também. Por isso, a escravatura espiritual, moral e material, cada vez é maior, e mais acentuadas as desigualdades e assimetrias na HUMANIDADE! Nesta hora de grande preocupação, FERNANDO CASIMIRO (Didinho) e MÁRIO SÁ GOMES poderão estar certos e ficar cientes de que, apesar de todas as vicissitudes e contradições, não estão sós e isolados do mundo. Abraçar causas como a defesa dos DIREITOS HUMANOS, é sempre desconfortável e muito sinuosos e perigosos são os caminhos a percorrer, mas, pelo DIREITO À VIDA E À DIGNIDADE, não há obstáculos que nos possam demover! Daqui, da outra margem do Oceano Atlântico, no Brasil, deixo, para FERNANDO CASIMIRO (Didinho) e MÁRIO SÁ GOMES, a minha mais sentida e profunda Homenagem, Solidariedade e Gratidão, na certeza de que estou firmemente EMPENHADO E SOLIDÁRIO COM E NA SUA LUTA PELOS DIREITOS HUMANOS! Para concluir, é sempre oportuno recordar e reflectir sobre o pensamento do Grande Humanista, AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE, expendido no decorrer da entrevista que me concedeu, em 20 de Março de 1990, na Casa de Machado de Assis - a Academia Brasileira de Letras -, na cidade do Rio de Janeiro. ............................................... "É preciso considerar sempre que os Direitos Humanos não são apenas uma obrigatoriedade para os governos, mas sim para os cidadãos entre si. A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é uma lei, mas um ideal a ser alcançado pela Humanidade. Quando alguém atenta contra a vida, contra a propriedade ou, de certo modo, exerce uma tirania – de um indivíduo para outro indivíduo ou de um grupo para outro grupo – está ofendendo os Direitos Humanos, porque os Direitos Humanos vêm da consciência de cada um. Se cada um não está devidamente conscientizado de que é titular e, ao mesmo tempo, defensor desses Direitos, eles nunca chegarão a prevalecer na medida que tanto desejámos, sobretudo, para aqueles que elaboraram a Carta Universal." __________________________ http://sol.sapo.pt/blogs/broca/default.aspx Paulo M. A. Martins Jornalista Luso-Brasileiro Fortaleza (CE) Brasil
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