CONGREGAR ESFORÇOS PARA A MUDANÇA!
"Quando o saber e a determinação das mulheres e dos homens honestos da nossa terra encontrarem espaço para agirem e oportunidade para se fazerem sentir, veremos a radiosa alvorada de novas esperanças nascer no céu da nossa Querida Guiné-Bissau!. E as gargalhadas das nossas crianças nos trarão alento, nos darão coragem para a imensa labuta de construir uma terra de Paz e Progresso. E teremos certamente de volta o orgulho de sermos Guineenses... Que assim seja!" João António Galvão dos Reis Borges 26-12-2007
Sr. Didinho Votos de Boas Festas e Novo Ano Próspero Que Deus Nosso o acompanhe e ilumine sempre a sua inteligência para dizer a verdade. Talvez com essas verdades poderá ajudar o país a sair do marasmo em que se encontra. O nosso 1° Bispo, D. Settimio Ferrazzetta dizia: "a VERDADE vos libertará! " Augusta, mulher e mãe guineense 27-12-2007 |
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
31.12.2007
Caros amigos e compatriotas,
Não podemos mudar a Guiné-Bissau de um dia para o outro, mas podemos, todos juntos, a cada dia que passa, durante todo o ano, contribuir com algo positivo, de nós mesmos, para a concretização da mudança necessária e urgente, a fim de recolocarmos o nosso país no trilho da boa conduta e consequentemente, da reconquista da sua dignidade e afirmação no mundo!
Não devemos esperar por milagres quando pensamos em mudança!
O único milagre é o nosso trabalho, a nossa entrega e dedicação para a resolução dos nossos problemas e isso, não é tarefa de um, dois, ou três guineenses. É tarefa de todos os guineenses!
Devemos, ainda assim, estar receptivos a todos os amigos da Guiné-Bissau (felizmente temos muitos) que quiserem dar os seus préstimos nesta árdua tarefa da qual todos juntos somos poucos!
É preciso congregarmos esforços, em primeiro lugar, sensibilizando, informando e esclarecendo o nosso povo, mas também, a comunidade internacional.
Sensibilizar o nosso povo para a necessidade de se mudar o perfil orientador que ao longo de 34 anos de independência se caracterizou por falhanços estratégicos imperdoáveis, porquanto repetitivos, negativamente falando, e que hoje retratam quer o estado do país, quer a vida dos guineenses. Uma autêntica desgraça a qual devemos pôr termo!
Sensibilizar o nosso povo sobre a sua responsabilidade, porquanto legítimo dono da terra, nas acções do presente e que tendem a comprometer o futuro dos mais jovens; nossos filhos, netos, bisnetos etc.
A sensibilização não é tarefa fácil quando a maioria do nosso povo carece de educação básica, mas, é a realidade que temos e é com essa realidade que devemos trabalhar, quais pedagogos, na transmissão de princípios e valores consagrados aos cidadãos, quer em relação aos seus direitos, quer em relação aos seus deveres.
Sensibilizar a comunidade internacional para os erros cometidos nas estratégias de ajuda e cooperação com os diversos governos do dirigismo nacional, em nome da Guiné-Bissau e do seu povo, mas que infelizmente têm servido em primeiro lugar as elites do poder, aliás, basta ver as consequências da ineficácia dessas ajudas, espelhadas na incapacidade dos sucessivos governos, particularmente no pagamento de salários, na criação e manutenção de infra-estruturas (nomeadamente de hospitais, centros de saúde e escolas), na concretização dos objectivos do milénio (redução dos valores negativos dos diversos objectivos definidos nos prazos estabelecidos e assumidos) etc.
Sensibilizar a comunidade internacional no sentido de pressionar o poder na Guiné-Bissau sobre a necessidade real de os guineenses se sentirem livres na sua terra e de assim participarem com as suas ideias e opiniões na projecção de um país onde a liberdade de pensamento e de acção, em conformidade com a Constituição da República, não seja visto como desafio ao poder (mas sim como contributo para o desenvolvimento do país).
Que a liberdade de pensamento e de acção deixe de ser sinónima de atentado à segurança do Estado, sendo que muita das vezes quem opina acaba por ser ameaçado, perseguido, preso, torturado e até assassinado!
A comunidade internacional pode ajudar-nos neste aspecto e contamos com os amigos da Guiné-Bissau no sentido de sensibilizarem os seus governos e povos sobre esta matéria.
Uma das grandes dificuldades, que se define como uma contrariedade na tentativa de convergir os guineenses para a união de esforços na luta comum tendo o interesse nacional como causa, é precisamente o relacionamento deficiente; irmãos desavindos, fruto da divisão fomentada ao longo de 34 anos de independência, por agentes do poder, segundo a velha máxima colonial de dividir para melhor reinar.
Ainda hoje os agentes do poder conseguem dividir o nosso povo, enfraquecendo-o e neutralizando todos os esforços no sentido de uma mudança que seja positiva e benéfica para o nosso país e, por assim dizer, para as nossas populações.
Vejamos quantos partidos políticos temos na nossa terra! Para quê tantos partidos?
Mais alternativas?
Onde está o trabalho de tantos partidos políticos?
Onde estão as alternativas?
O que é que o país tem a ganhar quando cada cidadão pensa que deve criar o seu próprio partido ou uma ONG como se fosse criar uma empresa que lhe garantisse (a sua e da família) subsistência económica?
Qual é a missão dos partidos, quando nem sequer se prestam a ajudar na consciencialização dos seus militantes e muito menos das nossas populações, precisamente por serem carentes de programas e acções políticas?
Estes 34 anos ajudaram-nos, no entanto, a distinguir os melhores, os mais capacitados filhos da nossa terra, que infelizmente não fazem parte do dirigismo nacional, como também aqueles que continuam a merecer a nossa confiança quando não deviam, e estão à frente dos destinos do país, quando não deviam.
Devemos reconsiderar a confiança depositada nas pessoas que estão no dirigismo nacional!
Não devemos continuar a confundir a selecção dos melhores filhos da nossa terra com a marginalização ou discriminação de alguns e nem devemos ter medo de referenciar os melhores, aqueles que servem os interesses do país; bem como os que não prestam, por servirem-se do país, prejudicando todo um povo!
Devemos ter a coragem de chamar as coisas pelos nomes, de apontar o dedo para elogiar, mas também para criticar.
Devemos igualmente, dar ouvidos, parar para pensar e ter a coragem e a humildade de assumir os nossos erros, os nossos falhanços e aprender com eles!
Os melhores, os mais capacitados filhos da nossa terra devem sensibilizar (motivando e servindo de exemplo) as nossas populações!
Os melhores, os mais capacitados filhos da nossa terra não são oriundos das raízes do mal, não têm marcas de referência e conotação com a ditadura, não têm as mãos sujas de sangue, ou do dinheiro da corrupção e do narcotráfico!
Os melhores, os mais capacitados filhos da nossa terra são aqueles que se comprometem com o país, servem o país e não se servem do país!
Como disse, não é tarefa fácil sensibilizar o nosso povo, mas devemos avançar nesse sentido, e de várias formas:
Pela Rádio, nos vários dialectos nacionais, em kriol e também em português.
A Rádio é a arma mais poderosa para a sensibilização do nosso povo, maioritariamente analfabeto, mas também dos que são letrados e carentes de recursos económicos para a aquisição de equipamentos, tais como computadores ou mesmo, no dia-a-dia, de jornais e revistas.
Se bem se lembram, já manifestei no passado a intenção de incluir uma estação de Rádio no site www.didinho.org
A intenção mantém-se, pese embora, ser difícil de concretizar de imediato por dificuldades económicas na sua viabilização. O Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO ainda não é uma instituição, não tem capital social, não tem rendimentos resultantes do pagamento de quotas de associados e nem recebe qualquer tipo de subsídio.
Um detalhe a considerar é o estabelecimento de uma parceria com rádios locais na Guiné, para a retransmissão dos programas de sensibilização nos diversos dialectos nacionais, de forma a chegarem a todos os guineenses e a todas as tabancas, pois na Guiné toda a gente tem um aparelho de rádio.
Já abordei esta questão com alguém ligado às rádios comunitárias na Guiné, mas ainda não tivemos oportunidade de debater o assunto de forma séria!
As nossas Rádios devem tomar o exemplo da antiga e histórica "Rádio Libertação", que foi a mais poderosa arma de consciencialização e moralização utilizada pelo PAIGC durante a luta de libertação nacional.
Hoje a conjuntura é outra, mas continuamos presos e reféns, infelizmente, de irmãos nossos e temos que lutar pela nossa liberdade, para que possamos devolver a dignidade à nossa terra.
Nesta luta, temos que lutar com as nossas armas, que são as nossas mentes e as nossas vozes, o nosso compromisso, a nossa entrega e dedicação à causa nacional, para salvarmos a nossa Guiné-Bissau!
Na Guiné deve-se sensibilizar nas escolas, nas igrejas, nas empresas, nas instituições, todos devem falar, todos devem ajudar uns aos outros a sentir o país!
Devemos perder o medo se quisermos realmente sensibilizar ou estar receptivos à sensibilização!
Na diáspora devemos ser mais audazes, porquanto em liberdade, mas também mais conscientes da necessidade de nos aproximarmos uns dos outros, tendo a Guiné como causa.
As associações de guineenses, um pouco por todo o mundo devem procurar sensibilizar os nossos estudantes e trabalhadores, incutir-lhes a mística do orgulho nacional para que se sintam responsáveis e participativos na construção da terra que é de todos nós.
Sensibilizar impõe Informar e Esclarecer.
Informar o nosso povo, informar os nossos amigos, informar o mundo!
Um povo desinformado é um povo sujeito a erros de percurso e, portanto, à mercê de aventuras, que é precisamente o que tem acontecido em relação ao povo guineense, que continua sem ver traçado um rumo com coordenadas seguras e concretas para trilhar o caminho do desenvolvimento!
Um povo desinformado, como é o nosso, é um povo sujeito à sobrevivência da tradicional ignorância do diz que diz e da manipulação dos agentes do poder que resumem o exercício mental das nossas populações a meros exercícios do tostão para o pão!
Quem informa quem, na Guiné-Bissau, sobre o que se passa na nossa própria terra?
Quem informa quem, no exterior, sobre o que se passa na nossa própria terra?
Se os nossos amigos e o mundo estiverem desinformados sobre as nossas realidades, obviamente que não estarão em condições de nos prestarem os melhores apoios, como também poderão facilmente "julgar-nos" arbitrariamente, pondo em causa a imagem do nosso país, quando, perante responsabilidades deve haver responsabilização, que neste caso não deve ser atribuída ao país, mas aos que dele se servem, caso concreto, a situação do narcotráfico!
Informando sujeitamos a ter que Esclarecer.
Esclarecer o nosso povo sobre as suas dúvidas, as suas inquietações e preocupações em relação a tudo o que diz respeito à nossa terra e ao mundo em que estamos inseridos;
Esclarecer os nossos amigos sobre as suas dúvidas, as suas inquietações e preocupações sobre a nossa terra;
Esclarecer o mundo sobre as suas dúvidas, inquietações e preocupações sobre a nossa terra;
A mudança passa necessária e objectivamente por estes 3 factores quando desejada de forma participada, sustentada e pacífica!
É certo que leva mais tempo a concretizar-se, mas para mim, é a via mais acertada, até porque já perdemos 34 anos caminhando à moda do caranguejo... e, enterrando a cabeça na areia como a avestruz...
Vamos continuar a trabalhar!
Ao fechar o ano de 2007, aproveito para partilhar convosco uma mensagem que me foi dirigida em Outubro de 2006, por uma ilustre guineense radicada no Brasil, quando dei a conhecer, através do artigo "Porque me habituei a todos vós..." que iria ser submetido a uma intervenção cirúrgica ao joelho direito.
Desejo a todos vós que cada dia seja melhor que o outro durante todo o ano de 2008!
Muita Saúde, Paz nas vossas vidas e que sejam Felizes!
Didinho
Caro Didinho,
Porque me habituei a você... Parafraseando o povo brasileiro, dir-te-ia que foi fácil, fácil... Me habituei, porque "fico antenada" com os teus emails, que se tornaram irresistíveis para mim e já não mais consigo deixar de lê-los mesmo que chegue à casa após 23,30H. Para ser sincera "devoro-os" porque se prestam a uma reflexão séria quanto aos paradoxos e as possibilidades da Guiné-Bissau. Portanto, meu caro me importo com você e por uma razão simples: Por fazer parte da grande família "Bissau-Guineense" que construíste e que povoa a internet e que multiplica, partilha, dando eco as tuas reflexões - mesmo que isso significa a lotação das "caixas de mensagens" com o mesmo assunto gerado por Didinho. O mais engraçado é que a "família" comporta gente decidida, que reenvia sem parar os teus emails para todos os outros membros. E por mais que se lhe diga, tal como você, o meu veio diretamente da fonte, simplesmente ignora e não te dá ouvidos. Tudo isso para te dizer, que você nos mobiliza, nos sensibiliza com o teu trabalho. E que não há como "não se importar com você" porque a Guiné-Bissau nos importa e você faz a diferença! Vai um abração do tamanho do mundo e que todos os Deuses da África te acompanhem feito um cidadão do mundo. 08.10.2006 |
COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO