Conhecer os Ataques de Pânico

 

 Sandra Cardão *

http://psicologiasos.blogspot.com

caminhodapsicologia@hotmail.com

15.03.2011

Muitas pessoas desconhecem que a ansiedade tem os seus picos, constituindo-se poàum continuum que vai da ansiedade normal à patológica.

Os ataques de pânico pertencem ao grupo das desordens da ansiedade (ICD-10, 2001), consistindo numa explosão recorrente de alta ansiedade. Tornam-se visíveis pelos sintomas fisiológicos (somatização) que apresentam, podendo confundir-se com outras patologias. Assim, há que clarificar o que são estes ataques de elevada ansiedade, os seus sinais, suas principais causas e terapêuticas.

«O pânico é uma ansiedade aguda e extrema que é acompanhada por sintomas fisiológicos.

Os ataques de pânico podem ocorrer em qualquer tipo de ansiedade, geralmente como resposta a uma situação específica relacionada com as principais características da ansiedade. Por exemplo, uma pessoa com fobia às serpentes pode entrar em pânico quando encontra uma delas. No entanto, estas situações de pânico diferem das que são espontâneas, não provocadas e que são as que definem o problema como um pânico patológico.

Os ataques de pânico são frequentes: mais de um terço dos adultos manifestam-nos todos os anos. As mulheres são entre duas a três vezes mais propensas. A perturbação por pânico é pouco corrente e diagnostica-se em um pouco menos de 1 % da população. O pânico patológico começa geralmente na adolescência tardia ou cedo na idade adulta (in, Manual Merck, Biblioteca Médica Online).»

O pânico é parte das nossas defesas naturais para combater ameaças externas, colocando a mente em estado de alerta para lidar com ameaças e perigos. Se estivermos à frente de uma cobra venenosa é natural que entremos em pânico. As hormonas do stress, como a adrenalina são libertadas pelo corpo permitindo-nos fugir de forma mais rápida. No entanto, já não será de grande ajuda que esta mesma resposta do nosso corpo seja despoletada numa ida ao mercado.

Com um ataque de pânico a ansiedade aumenta rapidamente, usualmente num período de poucos minutos, e alcança um pico onde se fica convencido de que se vai desmaiar ou morrer, que o coração vai parar, podendo mesmo perder-se o controlo dos esfíncteres. Este tipo de medo é acompanhado por reacções corporais.

Respira-se de forma rápida e o coração bate mais rápido para permitir mais oxigénio nos músculos. Pode-se transpirar muito, sentir tremuras, ou sentir que se está doente.

De qualquer modo, ninguém morre por causa de um ataque de pânico, embora a ansiedade seja quase insuportável. Depois de um ataque de pânico a pessoa pode sentir-se cansada e vazia.

Psicologicamente, estão relacionados com um sentido de perda de controle e de pressentir que o pior pode acontecer.

Pode ocorrer por causa de algo de que temos medo, um trauma, um pensamento, uma memória, ou pode parecer espontâneo, podendo mesmo ocorrer quando estamos a dormir.

Muitos de nós pode nem saber porque ou como começou. Pode ser uma reacção a dificuldades que enfrentamos nas nossas vidas ou nos nossos relacionamentos. Pode ser devido à pressão no nosso trabalho, ou por causa de problemas de habitação ou de dinheiro. Pode dever-se a uma grande perda, a um luto, trauma, divórcio, separação...

Ficar ansioso sobre como vamos lidar com as mudanças pode tornar-nos vulneráveis a ataques de pânico.

O que acontece num ataque de pânico (sintomas dominantes):

Palpitações repentinas; tonturas;

Dores no peito; sensações de asfixia;

Ter necessidade de respirar profundamente ou não ter capacidade nenhuma para respirar;

Pode-se sentir como que separados ou ter sentimentos de irrealidade (despersonalização e desrealização – alteração da sensação que se tem de si mesmo).

De acordo com o ICD – 10 (2001), muitas das vezes, pode existir um medo secundário de se morrer; de enlouquecer, ou de perda de controlo.

O que pode fazer durante um Ataque de Pânico?

As pessoas que experienciam ataques de pânico podem evitar pessoas, lugares, situações que possam despoletar um ataque.

Pode-se fazer uma prevenção transportando coisas que podem ajudar, como uma garrafa de água para a boca seca, um telemóvel para pedir ajuda, etc.

O uso das técnicas de relaxamento que libertam a tensão muscular e que acalmam a mente, previamente aprendidas com um técnico profissional, são de grande ajuda. Estas técnicas fazem com que baixe o nível de ansiedade. Assim, o corpo já não vai reagir tão rápido, dando tempo a que se faça a respiração pelo diafragma, ajudando a que a adrenalina não suba até ao pico do pânico.

Estas técnicas devem ser praticadas regularmente, sempre que não se está ansioso, a fim de que se tornem um hábito.

Outro trabalho importante na prevenção e terapêutica dos ataques de pânico é o de perceber porque nos sentimos como sentimos, pelo que a ajuda de profissionais como os psicólogos é preciosa.

Um ataque de pânico deve ser levado a sério pelo sentido de grande medo que origina, e pelo sentimento de que algo está muito errado.

O papel dos amigos e familiares deve ser o de ajudar a pessoa a estar calma, de a ajudar a ritmar a sua respiração de uma forma lenta e profunda para que o nível de dióxido de carbono no sangue aumente. Se a pessoa estiver a começar um ataque de pânico, ajude-a gentilmente a afastar os seus pensamentos dos seus medos, começando uma conversa que ajude a distrair.

Com a informação correcta, o apoio correcto, pode-se ultrapassar o pânico. Isso não vai acontecer logo, logo, mas pode-se aprender a lidar e a gerir um ataque de pânico.

Sandra Cardão


Fontes:

Panfleto Panic Attacks do NHS, U. Kingdom.

ICD – 10 Classification of Mental and Behavioural Disorders (2001).
World Health Organisation Geneva: Churchill Livingstone


 

* Sandra Cardão nasceu em Angola, é Licenciada em Psicologia Clínica, fez estágio na área da Psicogerontologia e tem trabalhado no âmbito escolar com crianças do Ensino Básico (integração de minorias, crianças carenciadas). Também é Facilitadora de Grupos de Jovens para a Promoção do Desenvolvimento Pessoal. É Autora e Formadora Certificada.

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