A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

27.01.2010

 

 

"Continuar a Trabalhar"

 

Olá Didinho/Nhomba!

 

Antes de mais, espero que tudo esteja bem bem convosco e com os vossos entes queridos!
Sei que estamos atravessando um momento de crise, mas grandes Homens nascem/renascem de situações como estas e espero que aconteça o mesmo com todos envolvidos neste assunto.
A nossa existência neste Planeta é muito efêmera e temos que fazer tudo para que seja frutífera; Percalços como estes não podem constituir motivo para parar um projecto como este, a que decidi aderir porque penso dele como um Projecto para trabalhar pela Guiné e não contra a Guiné; Por isso, apesar das desavenças, não devemos perder de vista "the big picture": Ainda há muito que fazer: Escolas, Hospitais, Saneamento, etc. e este Projecto pode fazer parte de tudo isso,
tentando aliciar e coordenar a Diáspora com a Mãe Pátria.
 

Antes de terminar com o verdadeiro motivo do meu "depoimento", queria contar 2 histórias:

1- Há uma lenda na Guiné que diz que um Rei dos tempos de outrora enterrou algo na zona do antigo Palácio presidencial da Guiné (Praça dos Heróis Nacionais/Praça do Império) e que só depois de se desenterrar esse algo (o nosso Holy Grail) é que a Paz e Harmonia vão voltar à Guine e aos Guineenses. Nunca acreditei em Lendas, para além de que são nada mais do que uma tentativa dos Homens de encontrarem algo para explicar os seus sucessos ou falhas. O nosso Holy Grail (O Cálice dos Cavaleiros da Távola Redonda, para os que não são familiares com os contos anglo-saxónicos) é deixar de lado a cobiça, invejas, preocuparmo-nos com
os Guineenses que, apesar de todas as carências, ainda têm tempo para sorrir...


2- Tivemos na semana passada um caso clínico interessante que quase foi um desastre de relações públicas (PR) da minha parte:
Um doente teve cirurgia da coluna e foi transferido para a nossa unidade de cuidados intensivos; Como médico intensivista, o doente ficou
sob a minha responsabilidade! Teve um colapso do pulmão esquerdo, devido a acumulação de muco; o doente desenvolveu uma crise respiratória aguda e como era 1 da madrugada e eu já estava a caminho de casa para descansar por umas horas, disse à enfermeira para contactar o médico das urgências para entubar o paciente; Ele veio imediatamente à unidade e fez a entubação; mas telefonou-me de seguida a dizer que o doente tinha pneumotorax (colapso pulmonar causado por ar na pleura) e que ia colocar um tubo para esvaziar o pneumotorax. Eu disse-lhe que à tarde, quando revi a radiografia, o paciente tinha opacificação do hemitorax esquerdo devido à obstrução mucosa e não pneumotorax; mas ele insistiu e lá foi pôr o tubo na cavidade pleural esquerda; às 4 da manhã, la voltei ao hospital e depois de rever
a radiografia, o doente não tinha pneumotorax, era atelectasia completa do pulmão esquerdo!!! E lá tive que fazer a broncoscopia para limpar os
pulmões (Ele não viu a radiografia, leu o relatório do radiologista e interpretou a palavra colapso como pneumotorax. Com toda a azáfama, ninguém (eu, o médico das urgências, a enfermeira) informou o cirurgião da coluna sobre o que aconteceu e ele telefonou-me todo irado (com razão); Decidi ir ter com ele, e depois de 20 minutos de conversa lá nos conseguimos entender.

Moral da História: apesar de todas as vantagens da Internet/telefones, a melhor forma ainda de comunicação é face a face; onde se pode ver as intenções
das pessoas, ter uma ideia do estado de espírito e não interpretar mal o que se diz ou se escreve na Net/telefone. Há muitos loucos por aí que só quando
os enfrentamos cara a cara, sabemos que são loucos, mas através da Net ou telefone, dão a impressão de que são um exemplo de sanidade mental; por outro
lado, há pessoas com boas intenções, inteligentes, que, sem falarmos com elas face a face ficamos com a impressão de que são o oposto.

Apelo ao craque Nhomba e ao Didinho que, como é fácil viajar na Europa da EU, um deles tome a iniciativa de marcar uma reunião face a face para
falar deste assunto. Se todos falamos de reconciliação Nacional, temos que provar que realmente queremos reconciliação, liderar por exemplo. O Projecto
Contributo não pode parar: Há jovens e crianças que nos seguem na Net e não os vamos desapontar: os adolescentes são muito influenciáveis e se nos vêem
a esgrimir desta forma,"porque não fazermos o mesmo"!!!


Se tiverem que apontar o dedo a alguém, podem apontar a mim! Fui eu que iniciei o debate quando comecei a falar do H1N1, vacinas, etc. No Problem!
Palavras foram ditas, egos foram beliscados, mas temos que "Continuar a Trabalhar", porque as Aves de Rapina já estão a cheirar sangue e estão-se a preparar
para o golpe fatal ao Contributo.

Paz e Harmonia entre a Guiné e os Guineenses
Não vamos concordar com tudo o que dissermos ou escrevermos, mas também não nos vamos "homicidar" com palavras ou armas, doutra forma, não
haverá nada por que lutar.

Djoca

 


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