DE BISSAU, O APELO DE JAMEL HANDEM

 

De: João S. Handem Jr. (Jamel)

handem_jr@hotmail.com

08.06.2009

Irmãos e irmãs!

Aqui já não se trata de lamentarmos ou termos esperanças. É preciso que os filhos da Guiné-Bissau se levantem para dizerem basta e caminharem unidos (em uníssono) contra a ditadura e o crime organizado para defender interesses obscuros e alheios.

Alguns de nós ficamos e orgulhamo-nos de nunca termos sido cúmplices dessas malfeitorias, mesmo sabendo o risco que corremos de um dia entrarem pelas nossas casas, humilhar-nos, torturar e matar diante dos nossos filhos e família. Mas também nos orgulhamos dos nossos irmãos e irmãs que estão na diáspora não só pela solidariedade e pelo que fazem pelas vossas famílias por cá encurraladas, mas pelo vosso firme desejo e engajamento pela causa de uma Guiné-Bissau em paz e próspera. Vocês hoje são a reserva segura de uma nova “guinendade” ou se quiserem uma nova cidadania Bissau-guineense.

O momento é crítico e nem sei se terei oportunidade para me dirigir de novo a este verdadeiro fórum de cidadania criado pelo Didinho, mas quero aproveitar para lançar este “grito de socorro” e pedir a todos vocês para que pressionem os países que vos acolheram, organizem manifestações, encontros, conferências, dêem voz aos que por cá não a têm. Se ficarmos todos calados vai ser pior. É urgente uma intervenção internacional na Guiné-Bissau para garantir a segurança e a liberdade dos cidadãos e garantir a organização e gestão de um Estado de direito, democrático e participativo.

Acreditem, na Guiné-Bissau não há democracia, estamos longe de um Estado de direito e democrático. Aqui mandam os “gangs políticos e armados” e o pior é que são eles o Estado, decidem da vida ou da morte de qualquer um, entram a qualquer hora nas nossas casas (à luz do dia ou não) para humilhar, torturar e matar diante dos nossos filhos e família.

Queria também pedir, apesar de todo o primitivismo do nosso processo para que não digam “que têm vergonha de ser guineense”. Devemos ter sempre orgulho da nossa identidade, daquilo que somos, em suma, porque a nossa “mamã Guiné” nunca fez mal a ninguém e muito menos aos seus filhos. Chamemos as coisas pelo seu nome e mostremos a nossa indignação contra aqueles, infelizmente “nossos irmãos” que se transformaram em “monstros e nossos carrascos”.

Deus abençoe a Guiné-Bissau e todos os seus filhos para que se acabem todos os males que nos assolam e ensombram as nossas vidas desde a independência para cá.

Um abraço fraterno e de paz.

Jamel Handem


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