DIREITO DE INDIGNAÇÃO

 

 

Júlio Mendes "JUMÉ"

juvames@gmail.com

26.04.2012

Júlio Mendes "JUMÉ"Como cidadão, preocupado com a situação crónica que se vive na nossa pátria, não podia deixar de manifestar ou expressar o meu DIREITO DE INDIGNAÇÃO, de opinar, de contribuir, de sensibilizar… Até porque nos momentos conturbados, difíceis, de incertezas, de adversos, como estes, é que se deve demonstrar o valor de cidadania, de patriotismo e eu não sou exceção se não o fizer seria imoral da minha parte, porque já representei a Guiné-Bissau em vários panoramas culturais.

Não escrevo para insultar a quem quer que seja, por algumas interpretações que possam surgir, mas ciente nos desafios que a sociedade guineense nos propõe.

Como simples cidadão e tenho imenso amor pela pátria que me viu nascer e crescer, não podia deixar de expor e partilhar as minhas reflexões com os bons filhos da pátria de Cabral. A nossa luta de libertação nacional contra o colonialismo português que durou onze anos de heroicidade, e hoje é objeto de estudo em algumas universidades mundiais, e foi fonte de inspiração para libertação de alguns países.

Nós honramos por aquilo que Ex-combatentes fizeram pela libertação do nosso país sob opressão colonial, mas também nós precisamos de refletir e pôr mão na consciência se realmente valeu a pena a independência? E de que forma valeu?

Volvidos quase quatro décadas de independência da Guiné-Bissau e o país não tem demonstrado sinais de progresso, será que realmente somos capazes de traçar o nosso próprio destino e cumprir a ideologia de Amílcar Cabral? E lutar para o bem-estar do povo guineense?

Não obstante deixar de refletir e perguntar a mim mesmo o porquê de tanto obscurantismo na sociedade guineense ou seja o porquê de tanta oposição sistemática ao desenvolvimento na sociedade guineense e no continente africano?

E como disse num dos meus poemas “VIVEMOS NUM MUNDO EM QUE HÁ POUCOS ALTRUÍSTAS OU FILANTROPOS E ENQUANTO O SER HUMANO NÃO SABER PERDOAR O SEU PRÓXIMO CONTINUAREMOS A VIVER NO MUNDO SEM PAZ” (JUMÉ).

Meus irmãos guineenses tenham piedade do nosso país...                                   

Não posso deixar de refletir, de que a verdade nunca existiu na sociedade guineense, começando desde, a morte do nosso pai fundador, o Amílcar Cabral, 14 de novembro, 7 de junho, morte de Ansumane Mané, veríssimo Seabra, Nino vieira, Tagmé, Hélder Proença, Baciro Dabó, etc., etc. Mas como cidadão e não podia deixar de perguntar, se amamos de verdade a nossa pátria? E por um lado será que honramos a memória daqueles que tombaram pela libertação do nosso país?

Sinto-me orgulho em ser guineense, mas também sinto-me acanhado quando vejo a má imagem que a Guiné-Bissau continua a mostrar ao mundo e como cidadão que ama a sua pátria não deixará de dar o seu contributo, de sensibilizar, de informar, de capacitar que em pleno seculo XXI, o problema que assola o nosso país não se resolve através dos golpes de estado.

Já imaginamos o tempo perdido em retrocesso? Até hoje não vi, o que estes golpes de estado fizeram para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, a não ser de lutar pelos seus próprios interesses…

Tenhamos a coragem de assumir de uma vez por toda de que não somos realmente capazes de desenvolver aquele país, e hoje em dia não é questão da escassez de quadros, mas sim, falta da cultura de valores, de cidadania, da concórdia que sustenta um estado de direito e democrático. E também na minha modéstia opinião e para o bem do nosso povo, nós precisamos de uma força internacional de estabilização, num período não inferior a vinte anos, só assim a Guiné sairá nesse imbróglio e marasmo em que se encontra ou POR UM LADO FAZER UM REFERENDO PARA O POVO ESCOLHER SE QUER UMA FORÇA INTERNACIONAL DE ESTABILIZAÇÃO DE PAZ OU NÃO, NÃO DUVIDO QUE O POVO ACEITARÁ, E NÃO DEIXAR QUE OS NOSSOS POLÍTICOS QUE DECIDAM SE QUEREM UMA FORÇA INTERNACIONAL DE ESTABILIZAÇÃO OU NÃO, PORQUE SE FOREM ELES A DECIDIREM TUDO FICARÁ NA MESMA.

Plantemos a semente de esperança e de harmonia e não de ódio, de feitiço, de tribalismo…tenhamos a coragem de banir a ganância, a cultura de matança e da impunidade.

Tenhamos a coragem de dizer BASTA, o povo quer paz e não porque uns querem subir de hierarquia e único meio para os conseguirem, recorrem via armada.

Tenhamos a coragem de dizer que o golpe de estado não nos conduz ao desenvolvimento e não podemos continuar a comprometer o futuro da geração vindoura.

Tenhamos a coragem de assumir, que na democracia, existe vitória e derrota, e ela não é feita só de vitória.

Tenhamos a coragem de dizer BASTA, e o problema da Guiné não se resolve por via armada, mas sim através da junção de inteligência e de harmonia.

Tenhamos a coragem de ir para reformas, dar o exemplo a nova geração.

Volvidos quase quatro décadas de peregrinação tumultuosa e de incerteza, o povo da Guiné-Bissau, ainda não entende a mudança de paradigmas.

Tenhamos a coragem de assumir perante a comunidade internacional ou dos nossos parceiros do desenvolvimento de que não somos capazes de ultrapassar os nossos imbróglios e de desenvolver aquele país.

Tenhamos a coragem de dizer BASTA, a força do voto é melhor caminho para Guiné-Bissau e ele prevalece sobre a força das armas.

Tenhamos a coragem de dizer BASTA a barbaridade, e a liberdade de expressão é um direito inalienável, e é preciso espirito de diálogo, de convergência, e de concertação.

Tenhamos a coragem de dizer BASTA golpes e contragolpes, queremos a paz, imbuído do espirito construtivo e de patriotismo.

Caros concidadãos como acontece na vida, que nem todos nascemos para sermos ricos, médicos, engenheiros, cientistas, economistas, gestores, advogados, militares, polícias, etc. Até se fomos todos militares ou policias na Guiné, não temos uma economia que nos sustenta, por isso na vida temos que conformar aquilo que escolhemos em ser.

Caros conterrâneos, fazemos o juramento para defender a nossa bandeira, no nosso território, mas não fazemos o juramento para aniquilar o povo. Já imaginamos que a maioria da população guineense esta contra os golpes de estado. Pensemos de uma vez por toda de que não somos militares para guerras civis, mas sim militares para submissão ao poder civil.

Caros compatriotas, o silêncio não nos leva além, e incentivo aos jovens que pronunciem sobre a situação que assola a nossa pátria amada, num clima de paz, de harmonia e para o bem da Guiné-Bissau.

Cordiais cumprimentos a todos os filhos e amigos da Guiné-Bissau!

Que Deus esteja connosco, beijos e abraços!

 Júlio Mendes “JUMÉ”.

20 De Abril de 2012

 

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