Senhores
Governantes, políticos e militares, permitam-nos resgatar o BOM NOME e a BOA
IMAGEM da Guiné-Bissau!
Os guineenses têm o direito e o dever de preservar o bom nome e a boa imagem do
país, mas devem saber que só se preserva, o que realmente (ainda) existe!
Há muito que as expressões bomnome e boa imagem deixaram de
ser referências de uma Guiné-Bissau, que se deu a conhecer ao mundo pela
valentia e capacidade do seu povo. Um país forjado na luta de libertação
nacional, que mereceu o reconhecimento de mais de nove dezenas de países de todo
o mundo, de diversas organizações continentais e das Nações Unidas, pelo direito
à independência e bem-estar do seu povo.
Uma Guiné-Bissau que era referenciada com os mais destacados
elogios, que recebeu milhares de cidadãos de todo o mundo, cooperantes e
voluntários que esperavam ver consumadas no terreno, as aspirações de Amilcar
Cabral e de todos os que tinham dado suas vidas ou suas juventudes, em troca da
liberdade, dignidade e bem-estar do povo.
Uma Guiné-Bissau que chegou a dar sinais de organização, de
sonhar com o desenvolvimento, uma Guiné-Bissau que já tinha muitas
infra-estruturas que os seus vizinhos há muito independentes não conseguiam ter.
Uma Guiné-Bissau que era visitada por estadistas de vários
países; que era respeitada e considerada nos grandes meetings
internacionais.
Uma Guiné-Bissau que apenas via partir estudantes para
formação superior no estrangeiro, mas donde ninguém queria sair, apenas entrar,
porque Guiné-Bissau mela... (é doce como o mel).
Não se podem omitir os desvios à linha orientadora, que
fomentaram a intolerância, provocando desmandos, assassinatos, prisões e
torturas de cidadãos que nunca tiveram direito a defesa.
Mas o país tinha património, havia Estado em toda a sua
abrangência. O país tinha companhia rodoviária, marítima e aérea.
Os hospitais funcionavam e eram bem cuidados. Havia médicos
de vários países ao abrigo de acordos ou do voluntariado, que trabalhavam lado a
lado com os nossos médicos e enfermeiros.
As escolas funcionavam, com bons professores, quer
nacionais, quer estrangeiros ao abrigo de acordos de cooperação. O ensino tinha
qualidade!
Havia prestação de contas e responsabilização pelo uso
indevido dos bens do Estado.
Tiravam-se fotografias e faziam-se postais de diversos
locais do país e de Bissau em particular.
Liam-se livros de escritores e poetas guineenses...
Os nossos pais recebiam os seus ordenados no final de cada
mês e não se gabava disso, porque era tão natural receberem ao fim do mês, como
natural era trabalharem todos os dias.
Os militares estavam nos quartéis e até participavam em
competições desportivas com os civis, por exemplo futebol e basquetebol. Eu e
muitos colegas de infância, jogamos basquetebol na equipa das Forças Armadas,
juntamente com altas patentes de então, como por exemplo o falecido Coronel
Pedro Ramos, o Comandante Júlio de Carvalho "Julinho", que está em Cabo Verde.
Havia respeito mútuo entre o cidadão comum e os militares. Não havia medo dos
militares!
O povo gostava de acompanhar a banda de música das nossas
Forças Armadas, gostava de assistir às paradas militares, todos tinham confiança
uns nos outros.
Quem não se recorda da qualidade e capacidade da hierarquia
militar até ao Golpe de Estado de 14 de Novembro? Independentemente dos seus
comportamentos posteriores, tínhamos valores em homens que nos orgulhavam, entre
guineenses e cabo-verdianos que dirigiam as Forças Armadas da Guiné-Bissau, cito
alguns, sem menosprezo para todos os outros que não referencio nesta pequena
lista: João Bernardo Vieira, Umaro Djaló,
Paulo Correia, Honório Chantre, Júlio
de Carvalho, Bobo Queita, Julião Lopes,
Abdulai Barry, Pedro Ramos, Justado
Vieira, João da Silva, Arafam Mané,
Lúcio Soares...
Naquela altura ninguém falava de
quotas étnicas nas Forças Armadas, não que não se soubesse que o grosso dos
militares era de etnia balanta, mas porque apenas se considerava o facto de
serem todos guineenses!
Hoje andamos
a pedir soluções e conselhos para as nossas Forças Armadas, sem olharmos para
trás, para vermos que as Forças Armadas que tínhamos na altura eram das melhores
em África, afim de tentarmos perceber o que falhou para perdermos tudo e assim,
corrigirmos essas falhas num momento que implica mudanças de fundo no país e,
consequentemente, nas nossas Forças Armadas.
O que fez com que as Forças Armadas da Guiné-Bissau
merecessem reconhecimento e granjeassem prestígio internamente e fora de portas
até ao Golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980, para além do percurso
libertador e apesar dos fuzilamentos no pós-independência?
Capacidade de chefia,
organização/estruturação, formação e acompanhamento contínuo em matéria de
relacionamento humano.
O que originou o descalabro das Forças Armadas
guineenses?
A traição, minado que foi o ambiente
por quem apesar de estar no posto mais alto da hierarquia militar, quis assumir
o mais alto cargo do Estado, por achar que ele sim, era um guineense puro e,
merecedor de ocupar a Presidência do então Conselho de Estado, ao invés de quem
lá estava. Foi a partir dessa data que os militares assumiram de facto o poder
real na Guiné-Bissau, promovendo a promiscuidade que hoje conhecemos entre o
poder político e militar ou vice-versa.
Muitos jovens nasceram na altura da independência, outros,
depois do 14 de Novembro de 1980, por isso, desconhecem que entre estes 2
períodos há uma enorme diferença, que serve de comparação para o bomnome e a
boa imagem da Guiné-Bissau.
É certo que a Guiné não é só Bissau, mas recordo-me das
noites movimentadas de Bissau, com actividades recreativas, culturais e
desportivas, onde se convivia, se batiam palmas e se orgulhava das nossas
potencialidades humanas.
As ruas de Bissau estavam sempre limpas, árvores caiadas de
branco, jardins bem tratados, postes com bandeiras a engalanar as ruas. A
juventude dedicava-se aos estudos e à prática desportiva, não havia espaço nem
margem para drogas, prostituição etc. Havia problemas, obviamente, mas
estava-se a construir um país fundado nas matas.
Sou, com
orgulho, do tempo do bom nome e
da boa imagem da Guiné-Bissau!
O Golpe de Estado de 14 de Novembro afastou a maioria dos
amigos da Guiné-Bissau que até então estavam no país a contribuir para o
enriquecimento da nossa aprendizagem a nível da construção da Nação que ainda
não tínhamos!
O Golpe de Estado de 14 de Novembro, contrariamente ao que
foi justificado como razão de ser, veio confirmar quem mandava matar ou matava,
para depois vir a incriminar um regime que estava a fazer algo de positivo, de
construtivo na Guiné-Bissau e assim obter apoio na justificação do Golpe de
Estado.
A data de 14 de Novembro de 1980 marcou todo um percurso
negativo da Guiné-Bissau, dos guineenses e, do próprio PAIGC, sendo que, com
consequências na interpretação e fiabilidade dos verdadeiros ensinamentos, do
legado de Amilcar Cabral, ainda que, Cabo Verde possa espelhar a outra face da
moeda, de um percurso comum, que em abono da verdade, poderia ser diferente para
melhor, na Guiné-Bissau!
O Golpe de Estado de 14 de Novembro, fez surgir ricos e
donos do poder na Guiné-Bissau, quando antes não existiam esses estatutos.
O Golpe de Estado de 14 de Novembro descapitalizou o país,
desmembrou todo o património nacional, projectou e promoveu a pior das imagens
que se poderia vir a ter da Guiné-Bissau.
O Golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 foi,
infelizmente, uma semente plantada num chão muito fértil, que foi dando, até aos
dias de hoje, "boas colheitas", em prejuízo duma terra e de um povo de bem!
Depois desta breve recordação introdutória, quero lançar aos
guineenses um desafio no sentido de todos juntos, Governantes, políticos,
militares e cidadãos em geral, resgatarmos o BOM NOME E A
BOA IMAGEM da
Guiné-Bissau, pois é notória essa pretensão por parte de todos
na forma como se tem vindo a manifestar ultimamente, independentemente das
motivações, posicionamentos e conceitos de cada um sobre o assunto.
Há que tomar sempre uma referência como ponto de partida e a
minha sugestão é a de fazer da credibilidade das Instituições da República, ou
das pessoas que representam as Instituições da República, a referência para o
resgate e posterior preservação do BOM NOME e da BOA IMAGEM da Guiné-Bissau.
Não se pode/deve pretender uma BOA IMAGEM e um BOM NOME
optando pela mentira, omitindo verdades.
É preciso transparência em tudo para que possamos afirmar de
cabeça erguida que nos orgulhamos do nosso país e dos nossos dirigentes.
Tomando em consideração os acontecimentos do passado dia 01
de Abril na Guiné-Bissau e como factor de referência para a credibilidade das
Instituições da República e dos membros que as representam, proponho o seguinte:
1 - Face à
gravíssima acusação feita pelo Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas da Guiné-Bissau, Major-General António Indjai, ao Sr. Primeiro-ministro
Carlos Domingos Gomes Jr., de ser um assassino, de matar muita gente; Que ambos
coloquem os seus cargos à disposição, sejam inquiridos pelas instâncias
judiciais e se esclareça a gravidade dessa acusação, a bem do BOM NOME e da BOA
IMAGEM do país!
O Sr. Primeiro-ministro não deve ter receio de sugerir um
nome no seio do seu Partido ou dentre os membros do seu Governo para o
substituir interinamente, enquanto não se esclarecer esta acusação.
Ninguém deve fazer qualquer aproveitamento político do caso
para sugerir a queda do Governo, pois as eleições legislativas são partidárias e
não de candidatos independentes. O PAIGC poderá sempre indicar um substituto do
Primeiro-ministro se a isso for obrigado por força das circunstâncias!
O Sr. Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
Major-General António Indjai, deve solicitar a sua "dispensa" do cargo, facultar
as provas da grave acusação que faz ao Sr. Primeiro-ministro e aguardar pelo
desfecho das decisões judiciais.
ACUSAÇÕES, AMEAÇAS
E DEPOIMENTOS DE ANTÓNIO INDJAI E BUBO NA TCHUTO
2 - Face às
notícias que dão conta de um documento assinado pelo Vice-Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas, Major-General António Indjai e do conhecimento do
Sr. Presidente da República, do Sr. Primeiro-ministro e do Sr. Procurador-Geral
da República a propósito do seu alegado envolvimento no narcotráfico
concretamente em relação a um avião referenciado numa operação recente no
aeroporto de Cufar, solicitar um desmentido devidamente sustentado por parte de
todas estas personalidades, afim de se provar que tudo não passou duma cabala
jornalística.
Eis alguns excertos da notícia,
da autoria do jornalista
Rodrigo Nunes
e publicado no site www.bissaudigital.com
"...O Presidente, que
contrariamente ao primeiro-ministro, não foi incomodado pelos fiéis de
Antonio Indjai durante o Golpe militar, escuda-se num comprometedor
documento assinado a 05 de Março onde Indjai confessou a sua implicação
directa numa operação de tráfico ocorrida na noite de 28 de Fevereiro para
01 de Março no aeródromo de Cufar, sul da Guiné, no município de Catió.
Na manhã de 28 de Fevereiro vários indivíduos
«brancos e negros» foram vistos a transportarem
combustível para o aquartelamento de Cufar, próximo
do aeródromo. Por volta das 20h00 foram acesas
fogueiras e militares garantiram um perímetro de
«segurança» em torno da pista. Por volta das 00h30,
01 de Março, aterrou um avião, de maior porte que os
precedentes em operações semelhantes, e durante uma
hora foi efectuada a transferência da droga entre os
veículos estacionados na pista e o avião. Por volta
das 01h30 o avião descolou. A operação estava
terminada. No mesmo dia, às 09:00 horas o Comissário
da Polícia de Catió decidiu deslocar-se a Cufar para
tentar apurar alguns pormenores do ocorrido.
Através da Inteligência militar, o Presidente,
primeiro-ministro e o Procurador-Geral da Republica,
são informados do sucedido, mas Malam Bacai Sanha
opta por desmentir o ocorrido em Cufar a fim de
continuar a preservar a «boa imagem da Guiné-Bissau»
face aos seus parceiros internacionais. Mesmo assim, a 03 de Março, é constituída uma
comissão pelos Serviços de Informações de Estado com
a missão apurar os pormenores da questão do «avião
em Cufar» e apurarem o envolvimento de «altas
hierarquias militares», entre os quais António
Indjai que acabou por reconhecer a sua
responsabilidade directa da operação de narcotráfico
em Cufar."
3
- Face às acusações de envolvimento no narcotráfico de que
são alvos o actual Chefe do Estado-Maior da Força Aérea da Guiné-Bissau, General
Ibraima "Papa" Camará e o antigo Chefe do Estado-Maior da
Marinha, Contra-Almirante Bubo Na Tchuto, seria interessante e
digno que estas duas altas patentes militares guineenses não se limitassem
apenas a desmentir e a desvalorizar as acusações proferidas pelos Estados Unidos
da América às suas respectivas pessoas.
Para o BOM NOME e a BOA IMAGEM
do país, o actual Chefe do Estado-Maior da Força Aérea deve solicitar a
suspensão temporária do seu cargo, disponibilizar-se ao Ministério-Público para
que seja investigado no âmbito dessa acusação e,
estando seguro de não ter nada a ver com o narcotráfico,
mover, ele próprio, uma acção judicial contra o Governo dos Estados Unidos.
Importa salientar que se o General Ibraima Camará estiver a ser acusado
infundadamente, pode vir a reivindicar milhões de dólares ao Governo americano.
Cabe ao General agir de forma a salvaguardar o seu bom nome e imagem e, por
assim dizer, enquanto representante de uma Instituição da República,
salvaguardar o BOM NOME e a BOA IMAGEM da
Guiné-Bissau!
O mesmo se espera do Contra-Almirante José Américo Bubo Na Tchuto.
Juntamente com
Ibraima Papa Câmara Guiné-Bissau:
Bubo Na Tchuto acusado de narcotráfico pelos
Estados Unidos
2010-04-08 18:32:44
Lisboa – O Departamento do Tesouro
norte-americano qualificou Bubo Na Tchuto e Ibraima Papa Câmara de
narcotraficantes e responsabiliza-os de «acções de destabilização».
Segundo o New York Times o Departamento do
Tesouro proibiu todos os cidadãos norte-americanos de efectuarem qualquer
transacção de carácter comercial ou financeiro com
Bubo Na Tchuto
e com Ibraima Papa Câmarachefe de Estado Maior da Força Aérea guineense
devido à ligação destes com o narcotráfico.
Através do Departamento do Tesouro o Governo de Washington assumiu uma
posição clara face aos responsáveis da tentativa de Golpe de Estado que
provocou a actual crise politica e militar que atravessa a Guiné Bissau.
Logo após o início da acção desencadeada a 01 de Abril os militares
revoltosos «libertaram» Bubo Na Tchuto da sede da ONU, o qual aliou-se
imediatamente ao número dois das forças armadas, Antonio Indjai, que
liderava os insurgentes.
(c) PNN Portuguese News Network
Se os guineenses em geral e as
nossas autoridades em particular querem de facto
resgatar o BOM NOME e a BOA
IMAGEM da Guiné-Bissau, devem optar pela
TRANSPARÊNCIA, pela VERDADE e pela ACÇÃO
da JUSTIÇA perante as acusações ou suspeições de que são ou
forem alvos, incluindo as minhas!
Como se costuma dizer: quem não deve não teme!
Tudo o que for com base em ameaças e matanças apenas
compromete os suspeitos e, claro está, o BOM NOME e a
BOA IMAGEM da Guiné-Bissau!
Espero, com estes casos, incentivar acções idênticas
para outras alegadas suspeições de governantes e militares guineenses!
Cultivamos e
incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade
de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do
pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por
ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)