É BOM QUE OS GUINEENSES E
A COMUNIDADE INTERNACIONAL SE RECORDEM DE COMO COMEÇOU A GUERRA DE 98/99 NA
GUINÉ-BISSAU...
Por:
Fernando Casimiro
(Didinho)
didinho@sapo.pt
05.01.2009
Quem
pode garantir que há estabilidade na Guiné-Bissau ou que estão criadas condições
de estabilidade para, por exemplo, ser anunciada a composição do novo governo e
a respectiva tomada de posse?
Quem duvida de que se está a tentar criar um vazio do
poder institucional (governo), já que foi nomeado um novo Primeiro-Ministro, mas
que, sem governo instituído, nada pode fazer em situação de crise pontual, como
a que se verifica presentemente na Guiné-Bissau?
A quem interessa o vazio do poder que é atribuído ao
governo?
Quem tentou por diversas formas, impedir ou condicionar a
nomeação de Carlos Gomes Jr. Presidente do PAIGC, partido vencedor das
legislativas de 16 de Novembro, para o cargo de Primeiro-Ministro?
Foi anunciada mais uma tentativa de assassinato!
Obviamente que alguns estarão à espera que eu, Didinho, diga que é outra
encenação, mas não direi isso, pois acredito que a hora dos abutres chegou e
eles acabarão por se comer uns aos outros...
O momento é delicado, deveras delicado para os
guineenses, que devem continuar atentos, muito atentos, com as movimentações
tendentes a provocar uma nova guerra, tal como a de 98/99.
Já não há espaço para mais fingimentos; Nino Vieira
decidiu-se pela guerra no intuito de salvaguardar os seus compromissos com o mal
e sabe, a exemplo de 98/99, como provocar a guerra.
Não estou aqui para defender o Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas, Tagme Na Waie, pois foi ele o principal (ir)
responsável que possibilitou o retorno de Nino Vieira ao poder!
Estou aqui, como sempre, para defender os interesses da
Guiné-Bissau e dos guineenses!
O povo guineense não quer mais guerra!
O povo guineense não quer mais destruição!
A alegada tentativa de assassinato de Tagme Na Waie,
ocorrida ontem, foi denunciada pelo Movimento Nacional da Sociedade Civil em
Conferência de Imprensa, hoje 05 de Janeiro de 2009, no período da manhã, uma
Conferência de Imprensa a que estiveram presentes muitos órgãos de Comunicação
Social, nacionais e estrangeiros, entre eles a Agência Lusa.
Já a meio da tarde, o próprio Estado-Maior das Forças
Armadas guineenses emitiu oficialmente uma Nota de Imprensa confirmando as
denúncias sobre a tentativa de assassinato do Chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas, com detalhes da ocorrência.
Nessa Nota de Imprensa oficial, o Estado-Maior ordena o
imediato desarmamento de todos os elementos da guarda presidencial, constituída
por uma força de milícias conhecida por "Aguentas" e que formam a tropa pessoal
do ditador Nino Vieira, a quem serviram durante a guerra de 98/99.
O Estado-Maior na sua Nota de Imprensa responsabiliza o
Sr. Cipriano Cassamá, Ministro da Administração Interna, ainda em funções, por
qualquer agravamento da situação, em função das declarações que ontem proferiu
aos órgãos de Comunicação Social em Bissau e em que assume ser da sua inteira
responsabilidade a indicação dos efectivos de protecção da Presidência da
República.
De salientar que Cipriano Cassamá confirmou que os
milícias "aguentas" é que garantem a protecção do Presidente.
Fala-se em 400 elementos armados que protegem o
Presidente, mas há quem diga que há mais de 1000 homens armados acantonados na
antiga "Granja dos palestinianos" em Prábis, região de Biombo.
O clima de tensão que se verifica no país impõe-nos
várias questões, entre elas as seguintes:
Como poderá o Estado-Maior desarmar pacificamente os
milícias "aguentas", já que o processo de incorporação deste corpo de milícia
pessoal de Nino Vieira nem sequer foi oficializado ou dado a conhecer ao
Ministro das Forças Armadas e ao Chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas?
Com que legitimidade o Ministro da Administração Interna
de um governo já exonerado e à espera de passagem de pasta, interfere nos
assuntos de competência militar, passando por cima do membro do governo da área,
neste caso, o Ministro das Forças Armadas, bem como do Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas?
Como poderá o Presidente da República, que é um general,
militar de carreira, vir a desculpar-se com qualquer argumento, quando sabe que
os elementos que agora fazem a sua guarda não pertencem às Forças Armadas
guineenses e são parte da sua milícia pessoal?
Como pode a Guiné-Bissau ter uma força militar paralela
às Forças Armadas Republicanas?
Em que situação estamos no que toca à reforma das Forças
Armadas na Guiné-Bissau?
O que é que a Missão da União europeia encarregue da
reforma das Forças Armadas guineenses e chefiada por um general espanhol está
realmente a fazer no país?
Quem armou e quem financia essa milícia?
Caminhamos a passos largos para um novo confronto e a
Comunidade Internacional espera para ver se os abutres comer-se-ão uns aos
outros.
A ver vamos...
Nota:
Estranhei hoje o facto de a Agência Lusa, que teve o seu jornalista Mussa Baldé
(MB) na Conferência de Imprensa do Movimento Nacional da Sociedade Civil
(período da manhã) só ter divulgado a alegada tentativa de assassinato de Tagme
Na Waie, na versão do Comunicado de Imprensa do Movimento Nacional da Sociedade
Civil, pelas 18:22
sem sequer fazer referência à Nota de Imprensa do Estado-Maior, que foi
emitida oficialmente a meio da tarde.
Para quem deu cobertura total aquando da alegada
tentativa de assassinato de Nino Vieira a 23 de Novembro passado, é de estranhar
que agora não haja idêntico tratamento, mas enfim, compreende-se que seja por
receio de ser expulsa da Guiné, ou não tivesse Nino Vieira dado a entender
aos órgãos de Comunicação Social, há 2 dias atrás, por ocasião da tomada de
posse do novo Primeiro-Ministro, que o período de graças já lá vai...
Enquanto aguardamos por mais detalhes sobre as zangas das
comadres ou dos compadres, deixo-vos com recapitulações da guerra de 98/99, pois
há que impedir uma nova guerra na Guiné-Bissau!
GUINÉ-BISSAU:
O CONFLITO 1998/99
GUINÉ-BISSAU:
DEPOIS DO CONFLITO (1999)
CARLOS
NARCISO E A GUERRA DE 1998/99 NA GUINÉ-BISSAU
Guiné-Bissau: Plataforma da sociedade civil
anuncia tentativa de assassínio de CEMGFA,
Governo e militares em silêncio
05 de
Janeiro de 2009,
18:22
Bissau, 05 Jan (Lusa) - O Movimento Nacional da
Sociedade Civil guineense divulgou hoje em
Bissau uma alegada tentativa de assassínio
do chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas, general Tagmé Na Waié, mas nenhuma
entidade oficial se pronunciou.
Segundo a alegação,
feita em conferência de imprensa por Mamadu
Queitá, porta-voz do Movimento, que congrega
mais de cem organizações da sociedade civil
guineense, a tentativa de assassínio terá
ocorrido domingo à noite quando a escolta do
CEMGFA foi surpreendida com tiros junto à
Presidência da República.
A alegação da
tentativa de assassínio não foi confirmada
por nenhuma fonte oficial e, apesar de
várias tentativas de contacto, a Lusa não
conseguiu ainda falar com o general Tagmé Na
Waié.
Na conferência de
imprensa, Mamadu Queitá acrescentou que os
autores da alegada tentativa de assassínio
foram capturados, encontrando-se no
Estado-Maior das Forças Armadas (principal
quartel militar) da Guiné-Bissau.
O porta-voz do
Movimento escusou-se a adiantar mais dados
sobre os incidentes.
A Lusa solicitou ao
ministro da Defesa, Marciano Barbeiro, um
comentário sobre o caso, mas o governante
disse desconhecer o que se passa.
"Oficialmente não sei
de nada. Não tenho elementos. Tudo o que sei
é o que ouvi pela comunicação social",
adiantou.
Entretanto, um dos
elementos acusados de envolvimento na
alegada tentativa de assassínio,
pronunciou-se sobre o caso, numa conferência
de imprensa realizada hoje na sede da
polícia, em Bissau, cuja organização
permanece incógnita.
Segundo o alferes
Albino Bogró, do Batalhão da Presidência da
República, o incidente resultou de "um
disparo acidental da arma de um soldado que
estava no posto de vigia", no momento em que
o CEMGFA estava a passar na rua da
Presidência da República.
"Tudo não passou de
um acidente. A arma de um soldado da guarda
presidencial disparou acidentalmente quando
estava a passar o Chefe do Estado-Maior. Foi
só isso e mais nada", afirmou.
O alferes Albino
Bogró acrescentou que os quatro elementos
detidos na sequência do "disparo acidental
da arma de um soldado" já foram postos em
liberdade, encontrando-se nos respectivos
postos de serviço.
Embora a conferência
de imprensa tenha decorrido num posto
policial, nenhum responsável da Polícia de
Ordem Pública nem o ministro da
Administração Interna falaram sobre o
alegado crime.
Por outro lado, o
porta-voz do Movimento Nacional da Sociedade
Civil referiu-se à composição da escolta do
Presidente da República, João Bernardo
'Nino' Vieira, que alegadamente é garantida
por "elementos estranhos às Forças Armadas"
guineenses.
Mamadu Queitá disse
que as diligências feitas pela sua
organização junto da Presidência, no sentido
de saber por que razão a guarda do
Presidente era feita por homens armados que
não pertencem ao corpo do exército regular,
não foram bem sucedidas.
O porta-voz do
Movimento adiantou que o CEMGFA desconhece
de onde partiu a ordem para que a guarda
presidencial seja feita pelos
"Aguentas" (jovens armados que lutaram ao
lado do Presidente 'Nino' Vieira durante a
guerra civil de 1998/99).
Recentemente, em
conferência de imprensa, o ministro da
Administração Interna, Cipriano Cassamá,
afirmou ter sido ele que ordenou a colocação
dos "Aguentas" (expressão em crioulo para
"aguenta") na segurança de 'Nino' Vieira,
justificando a medida porque o chefe de
Estado "não tinha um corpo de segurança de
que necessita".
No passado dia 23 de
Novembro, dois dias após a publicação dos
resultados das anteriores eleições
legislativas, um grupo de soldados de baixa
patente, atacou a residência de 'Nino'
Vieira durante três horas com armas de fogo
pesadas, no que foi considerada uma
tentativa de eliminação física.
MB.
Lusa/Fim
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Guiné-Bissau:
Ministro admite ter colocado «aguentas» na residência de Nino Vieira
2009-01-05 09:55:25
Bissau - O Ministro da Administração Interna
guineense assumiu publicamente a responsabilidade de mobilizar cerca
de 400 «aguentas» na segurança da Presidência da República e da
residência de João Bernardo Vieira.
As tropas, designadas «aguentas» durante o
conflito militar de 7 de Junho de 1998, foram incorporadas na
segurança pessoal de «Nino» Vieira, sem o consentimento do Chefe de
Estado-Maior General das Forças Armadas, Batista Tagme Na Waie.
A medida, segundo Cipriano Cassamá, vem na sequência dos
acontecimentos de 23 de Novembro de 2008, quando um grupo de tropas
atacou a residência do chefe de Estado guineense.
O Ministro da Administração Interna afirmou não compreender o motivo
de tanta interrogação sobre a decisão, lembrando que foram estes
homens que garantiram a segurança de «Nino» Vieira nas eleições
presidenciais de 2005.
Sumba Nansil
http://jornaldigital.com/noticias.php?noticia=17211 |
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