A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

13.01.2010

Editorial de Janeiro

DR. JOSEPH AND RAE BROWN AWARD

The Dr. Joseph and Rae Brown Award recognizes an SCCM member who has significantly advanced multiprofessional quality care for critically ill and injured patients at the regional or local level.   The award was established to honor the Browns for their work in organizing and sustaining the Pennsylvania Society of Critical Care Medicine (PASCCM), which later became the Pennsylvania Chapter of SCCM. 

 

2009 Society Of Critical Care Medicine Award and Grant Recipients

http://sccmmedia.sccm.org/images/CCC39/Convocation2010/

 

Editorial alargado de Janeiro

MAIS UM PARA A GUINÉ - De Miami Beach, com saudades do Chão Guineense

 

Das minhas 4 especialidades, aquela que pratico mais intensamente é a especialidade de Cuidados Intensivos (Critical Care Medicine), onde se combina o conhecimento geral de Medicina Interna com as mais avançadas tecnologias de informática, capacidade de comando, de liderança, de tomar, em fracções de segundos, decisões que vão determinar a morte ou a vida de outro ser humano; onde a coordenação das capacidades físicas e intelectuais estão no máximo.

Não imaginam a alegria e sensação de conquista (“afinal, como diz o nosso amigo Ângelo Correia DiasAnCoDi - não saí da Guiné para <contar telhas> <conta tidja> ”) que senti quando recebi o prémio “Dr. Joseph and Rae Brown”, prémio para o especialista de Cuidados Intensivos que, nos Estados Unidos (Norte a Sul, Este a Oeste) mais contribuiu para o avanço, desenvolvimento, ensino e melhoria da qualidade de cuidados prestados a doentes críticos na sua região.

Para uma sociedade de alto prestígio como a SCCM (Sociedade dos Cuidados Intensivos), com 14,000 membros de alta qualidade em 80 países, ser distinguido em primeiro lugar, é uma honra e “humbling experience”. É uma sensação confortável saber que o nosso trabalho não passou despercebido, uma forma de recompensa por anos de trabalho e sacrifício; somando a tudo isso, ainda foi uma honra maior estar na mesma lista de premiados com o Dr. Frederick Ognibene, Director do programa de especialistas do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos) e antigo Presidente da SCCM!!!

Dedico este prémio:

1-     Ao Homem e à Mulher, Guineenses, em geral, com ou, mais vezes, sem salário, vão lutando para sobreviver e não desistem;

2-     À minha Família e Amigos, pelo apoio condicional e inspiração que me têm dado;

3-     Ao Didinho e Colaboradores do Contributo por acreditarem em mim e por me terem feito acreditar outra vez na honestidade, criatividade e inteligência dos Guineenses.

4-     Aos colegas Médicos na Guiné, que fazem o que podem para garantir a Saúde básica dos nossos irmãos/irmãs.

5-     Aos Médicos Cubanos na Guiné, que, podendo auferir dezenas de milhares de dólares mensais noutros países, escolheram ajudar os nossos conterrâneos, em prol do Humanismo;

6-     À classe de 1978 (vulgarmente: Finalistas 78), essa mítica classe de indivíduos altamente dotados e que ainda são a minha fonte de inspiração.

Infelizmente, a nossa última noite de celebração foi amargada por visitas e interrogatórios por parte da polícia política de então, e muitos colegas foram detidos porque um discurso do professor de História (salvo erro) Vaz, foi interpretado como discurso subversivo e anti-governamental.

Ainda um dia destes vamos, mesmo que seja por uma hora, celebrar e reviver esses anos…

7-     MAS, ESTE PRÉMIO É ESPECIALMENTE DEDICADO AO MEU GRANDE AMIGO JAIME DELGADO (JAMES/JIMMY):

Poucos homens, no decorrer das suas vidas, têm o privilégio de ter amigos da magnitude e confiança do Jaime Delgado. Devido à minha personalidade, tenho um círculo muito fechado de amigos e o Jaime pertence a esse círculo.

Conheci o Jaime no Ciclo Preparatório de Bissau (posteriormente Salvador Allende), tínhamos em comum o gosto pela de leitura do jornal A Bola, jogar futebol e pertencermos à mesma turma (juntamente com o Edson, Beto Casimiro, Nado Cardoso, Renato Cabral, Carlos “Vaqueiro”, Eduardo Pimentel, entre outros). Assim continuamos até ao sétimo ano dos Liceus, excepto no ano lectivo de 1973/74 em que fui estudar para o Colégio de Nuno Álvares em Tomar (ainda me lembro do Faustino Martins Cunha, o João Manuel Gomes, o Rui José Abibe, o Osório de Pina Correia, o Hamer Aniz Bourafe e, de São Tomé: o Ovidio Martins Pequeno, O Teodósio; de Cabo Verde, o Gibau e as manas Gibau, entre outros), do Castelo dos Templários, do rio Nabão, etc.

O Jaime é desses Heróis e exemplos não cantados do folclore Guineense, mas que são exemplos a seguir pelos nossos jovens: nasceu em Tite e sem pais desde tenra idade, ele, os manos mais velhos (Augusto Delgado e Joaquim Delgado), os primos Francisco Dias, Ernesto e Garcia, ampararam-se uns aos outros à custa de muitos sacrifícios, misturados com “chapadas” dos mais velhos aos mais novos, para não perderem as perspectivas da vida, e conseguiram triunfar….

Formamos uma equipa de estudos (eu, o Jaime, a Dulcelina Perdigão -Note- e o Vivaldo) e, sem falta, depois das aulas íamos à minha casa praticar principalmente matemática, física e química; esporadicamente, o Abelha, o Brice, o Django (Júlio Mamadu Baldé), o Quintino Fernandes e o Francisco Cá juntavam-se ao “bando”. Ocasionalmente, íamos ao bairro de tchada, rua 5, estudar em casa do Jaime e era ali que escutávamos, na altura, a canção proibida dos “Saba Miniamba”: Abos, kinkons de Vida…

O Jaime, à custa de muito sacrifício e de forma honesta, conseguiu estabelecer-se em Vale de Cambra (Portugal), onde foi recebido de braços abertos e se sente como “peixe na água”; casou-se com uma mulher maravilhosa, a Deusa; têm filhas adoráveis e sempre que vou a Portugal, não perco a oportunidade de os visitar e ao amigo deles Mário Jorge.

Estamos todos orgulhosos de ti, Jaime, do que tens conseguido na Vida e da maneira como tens conduzido a tua vida. Um enigma que me vai levar a vida a esclarecer: a fascinação do Jaime pelo interior (ou o “ódio” pelos grandes centros urbanos). Na Guiné, preferiu sempre o interior (Mansoa, Farim, etc); em Portugal: Vale de Cambra, Macieira de Cambra, etc; se vivesse nos Estados Unidos, definitivamente, iria viver em Montana, North Dakota ou mesmo Alaska… O interior tem vantagens: Leitão à Bairrada, comprar mercearias na loja da esquina…

 

Notas: Miami Beach, ao contrário do que muita gente pensa, é uma cidade autónoma, e não parte da cidade de Miami; alguns pontos de interesse: o Art Deco distrito, a vivenda (ex - vivenda) de G. Versace, o hotel onde filmaram o Humphrey Bogart e Lauren Bacal e, para gente que gosta de noitada, o South Beach. O nome Miami significa Água Doce (dado pelos índios). Designação de Referência: Little Havana – (pequena Havana) que se consolidou entre 1959 a 1973 (desde a queda de Fulgencio Batista e subida de Fidel Castro ao poder, com a revolução Cubana, os Cubanos que se radicaram em Miami, tentaram recriar Havana em Miami) - “a República do Norte de Cuba”: mais de 60% da população fala espanhol.

Djoca!

 

 

 

 

 

 

 PRÉMIOS RECEBIDOS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ENTRE 2003 E 2007

 

FOTOS DA PASSAGEM RECENTE POR PORTUGAL, POR OCASIÃO DA QUADRA NATALÍCIA

Djoca, Mário Jorge e Jaime Delgado

Djoca, filhas e sobrinha do Jaime Delgado

 

Djoca, Ruth, Mashiko e Ká

Alexandre e Deusa

 

Na companhia de irmãos e primos

Júnior, Djoca e Mário Jorge

 

Júnior, Robaldo e Djoca

Júnior com os tios avós

 

Familiares e amigos

Familiares e amigos

 

Mashiko, as filhas e a sobrinha do Jaime Delgado

João, Lucy, Júnior e Mashiko

 


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