A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA
Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)
15.03.2009
Editorial de Março
Editorial de Março
Sempre tive a sorte e a bênção de conviver e lidar com pessoas cujas atitudes me influenciaram e me influenciam diariamente nas minhas lutas constantes de dar mais e melhor.
Umas mais jovens do que eu, como o Didinho, que pela sua postura na vida, honestidade e frontalidade me tem inspirado profundamente; outras da mesma idade ou um pouco mais velhos, como o Chico Fos, o Gungo Pinhel, os meus contemporâneos da classe de 1978 e a maioria dos Contribuidores do Contributo.
Mas hoje vou falar brevemente de um paciente e amigo meu que faleceu no dia 1 de Março: James Earniel Rodgers: nascido em Nova Iorque em 1929, o ano da Grande Depressão; Alistou-se nas Forças Armadas, no 555 batalhão de pára-quedistas, primeiro batalhão “somente para negros”. Casou-se com Sylvia Symonette em 1953 e estiveram casados por 56 anos, até à data da sua morte; Tornou-se meu doente e amigo em 2001 e não vos posso precisar quantas lições aprendi com ele: honra, lealdade, respeito pela vida dos outros; como ele dizia: Be true to yourself, reach for the sky, and never look back. A maior pena dele, penso, foi não poder assistir ao empossamento de Barack Obama…
Rest in peace, Jimmy.
Anos atrás, pouco depois da morte de Viriato Pã, o Chico Fos, eu, o Gungo Pinhel, o Mário Góia e o Augusto Cassius fomos prestar condolências à esposa (salvo erro, Maria Evangelista) e família: foi um momento triste, porque para além da perda de alguém que ainda tinha muito que dar para a GUINÉ, era uma família cujos filhos/as iam ser privados de um pai para o resto das suas vidas, sonhos que se desmoronavam; assim aconteceu com a família do Paulo Correia e tantos outros que sucumbiram, nestes trilhos de vingança, ódio, cobiça e obsessão pelo poder.
As minhas condolências às famílias do Nino e do Tagma: quer queiramos quer não, foram indivíduos que sacrificaram as suas juventudes, para que pudéssemos aspirar a um futuro melhor; Por alguma razão, pelo caminho, devido à cobiça, obsessão pelo poder, ganância, maus avisos/conselhos de “amigos”, optaram por trilhar “por outro caminho”. Se, pelo menos, por 5 minutos, tivessem parado para ouvir/ler as críticas construtivas de alguns membros da família Contributo e não os vissem como inimigos, talvez teriam chegado à conclusão que o trilho por que optaram só podia levá-los para o abismo e morte inglória. Como o Djodji salientou no seu artigo” paremos de nos matar uns aos outros; somos poucos e devíamos tentar ajudar uns aos outros a permanecermos vivos e saudáveis física e intelectualmente.
QUERIA FAZER UM APELO AOS VÁRIOS COLABORADORES DO CONTRIBUTO: TENTEMOS BANIR PALAVRAS COMO BALANTAS, PAPEIS, FULAS, MANDINGAS, MANDJACOS ETC. DO NOSSO VOCABULÁRIO: BASTA UMA PALAVRA: GUINEENSE; sei que não podemos eliminar estas tendências artificialmente, mas vamos tentar viver, agir, falar, escrever GUINEENSE e não agir/ler/escrever em estereótipos tribais.
O Juramento de Hipócrates é algo que nos deve sempre acompanhar no nosso dia-a-dia, sob pena de nos deixarmos subjugar pelo espírito de VINGANÇA, HOMICÍDIO, COBIÇA, ABUSOS SEXUAIS; ISTO É UNIVERSAL, não importa se tiraste o curso nos ESTADOS UNIDOS, PORTUGAL, UNIÃO SOVIÉTICA, ALEMANHA etc.
Em 2002, aquando da minha visita a Portugal, tive a honra e prazer de participar numa reunião de médicos Guineenses em Portugal; aí estavam indivíduos que cresci idolatrando e outros com quem estudei no Liceu Kwame N’krumah, como o Chico Fos, A Zélia, o Augusto Mansoa, o July, o Pipi Cunha, o João Tatis Sá, o Quintino (advogado); Depois do almoço num dos hotéis das Caldas da Rainha, tive a oportunidade de ir à casa do Augusto Mansoa e conhecer his beautiful esposa e wonderful kids, que espero vão ser tão inteligentes como o pai; E o Celso Cassamá: troquei impressão com o Celso e vi que estava na presença de um indivíduo com uma inteligência ímpar, ávido por discutir problemas e muito interessado no ensino; tempos depois, todos os colegas com quem falei, perderam o contacto dele; um apelo para o Celso (Sidia): Tens demasiada inteligência, demasiado “cérebro” para “desaparecer”; precisamos de ti para ajudar a “endireitar o nome da Guiné no estrangeiro, Celso; Dá notícias e espero que estejas de boa saúde. O meu irmão Ká ficou de me facultar o teu paradeiro (ainda tentei telefonar-te através do numero que ele me deu, mas estava desligado).
Para a senhora Angolana que me perguntou sobre o transplante da medula óssea em pacientes com anemia de células falciformes, vou tentar resumir as indicações e potenciais efeitos negativos deste tipo de tratamento. Entretanto, pode ir ao Site Sickle cell disease association of America (www.sicklecelldisease.org) para informações importantes. Penso que devem pensar em formar uma Associação da CPLP de pessoas sofrendo de anemia de células falciformes, para trocarem experiências e ao mesmo tempo estarem em contacto com esta organização Americana, que pode ajudar muito em termos de conselhos, apoio material/psicológico, etc.
Obrigado pelo tempo
Djoca!
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VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO