A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA
Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)
05.11.2009
Editorial Especial de Novembro
Devido à importância do tópico, decidi dedicar todo este editorial à gripe suína.
Depois de uns comentários iniciais, vamos falar das especificidades deste fenómeno, não separadamente, mas incluído no editorial: pro ou contra, temos que admitir que este assunto é importante e merece toda a nossa atenção: A vida humana não tem fronteiras.
Começo por agradecer aos irmãos Muma e Rogado, por disponibilizarem parte do seu tempo para postarem os seus comentários. Não me surpreenderam em nada as posições opostas (50% vs 50%) que, de certa forma, espelham, no geral, as posições de todos quanto à vacinação. Isto, porque a comunidade médica internacional vem fazendo um trabalho de relações públicas muitíssimo pobre (talvez 20% dos médicos também não acreditam na eficácia desta vacina ou de qualquer outra vacina para o efeito; dos restantes 80%, 20% estão a trabalhar incansavelmente para clarificar as populações, mas 60% continua a ser a maioria silenciosa!!! o que me faz questionar: porque é que perderam toda a juventude e maioria da idade adulta a estudar medicina e no fim, quando se trata de prevenir doenças se decidem acampar na neutralidade?)
Do outro lado da moeda, as pessoas que estão contra a vacinação (uns por convicção pessoal, que respeito, outros ligados a indústrias de vitaminas e produtos naturais, outros ainda por motivos religiosos), pululam na Net, fazem campanhas massivas de propagação do medo, fomentando teorias de “conspiração”: E a maioria das informações disponíveis surgem de sites como o “Juízo Final”, Óvnis Locutores de talk show como Rush Limbaugh e Glenn Beck (ultra direita) ou Bill Maher (esquerda), pessoas sem formação ou background médico-científico (Se o meu filho ou familiar apanhar a gripe, com certeza que não os vou levar a estes indivíduos…, mas ao pediatra ou médico de familia.
Todo este cenário traz-me à mente a campanha contra a reforma da Saúde que o Governo Obama quer implementar: O governo relaxou-se no verão, acreditando que qualquer pessoa inteligente ia compreender o motivo da reforma (mais de 50 milhões de indivíduos sem seguro médico; os cuidados médicos, tratamentos como a maior razão de falência e bancarrota das pessoas, etc); Não fizeram campanha para suportar estes pontos e o resultado foi: ”o verão do nosso descontentamento”: com o lado oposto a espalhar boatos sobre o governo tentar implementar o sistema comunista na saúde, matar pessoas idosas para cortar as despesas, etc., surrealista, não parece? Mas as pessoas acreditam quando são bombardeadas com informações a cada segundo, algumas sem fundamento.
Com tudo isso, o plano teve uma aprovação de menos de 40%. Finalmente, o governo resolveu fazer uma acção de campanha e três meses depois, o apoio da população subiu para mais de 53%.
Voltando ao nosso tema, assim está acontecer com a campanha de vacinação: Apesar de haver pessoas que genuinamente não acreditam na vacinação, por detrás da maioria dos blogues está uma indústria bem organizada de companhias produtoras de Vitaminas e Produtos Naturais que nos dizem que tudo é culpa das companhias farmacêuticas para fazerem dinheiro; uma conspiração dos governos para reduzir a população mundial, etc. Isto, enquanto promovem Vitaminas e Produtos Naturais, que não dão lucro nenhum, só para o beneficio das pessoas (quando alguém diz que “não é por dinheiro” e está a vender,”então é por dinheiro!!!); Os meus produtos naturais custam 100 dólares, enquanto qualquer produto químico convencional, para tratar a mesma doença custa 500 dólares (o que se esquecem de nos dizer é que enquanto o lucro deles é de 80%, para as companhias farmacêuticas, com todos os cientistas envolvidos, tarifas do governo, pagamento para 3 ou 4 investigações para se obter a aprovação da FDA, o lucro final talvez seja só de 10 a 20%!!!)!
E esses produtos não são tão inofensivos como dizem: as vitaminas também podem intoxicar, os produtos naturais também podem ter efeitos nefastos: nunca o vamos saber, porque com excepção de alguns poucos, a maioria destes produtos só tem um investigador principal e não ha estudos comparativos a longo prazo para verificar a validade dos dados.
Posso ir uma semana com tudo isto! É tempo de falarmos sobre a Gripe suína!!!
24 de Fevereiro, 2009: doente zero; uma rapariga de 6 meses no norte do México
3 de Março, 2009:Vários casos reportados em México City.
6 de Abril, 2009: Explosão de casos em La Gloria, México com incidência de 60%
15 de Abril, 2009: Primeiro caso nos Estados Unidos: um rapaz de 10 anos de idade, da California
26 de Abril, 2009: Os Estados Unidos declaram estado de emergência de Saúde.
29 de Abril, 2009: Ministério da Saúde do México: 2155 doentes são infectados com pneumonia grave (100 morrem).
9 de Maio, 2009: Epidemia global, que corresponde com tráfego aéreo partindo de México City
11 de Junho, 2009: Dra. Margaret Chan, directora da OMS declara pandemia grau 6 (maioria dos casos em pessoas com menos de 25 anos de idade)
1 de Julho, 2009: Total de casos nos Estados Unidos é de mais de 1 milhão (87% das pessoas que morreram estavam no escalão etário de 5-59 anos de idade)
20 de Julho, 2009: Chile relata H1N1 em perus, com possibilidade de mistura de genes
25 de Agosto, 2009: Conselheiros governamentais antecipam que o vírus H1N1 2009 pode infectar metade da população dos Estados Unidos com mortes entre 30 mil a 90 mil.
31 de Agosto: Estimativas da OMS: em 2 anos, quase 1/3 da população mundial será infectada.
Período de Incubação: 1 a 4 dias
Sintomas: Febre alta, cefalalgias, astenia, tosse, odinofagia, mialgias, vómito/diarreia (mais em crianças)
Mais grave: pneumonia com ARDS (sindroma respiratório agudo)
0 a 4 anos de idade: 23/100.000 (fatalidade: 2%)
5-24 anos de idade: 27/100.000 (fatalidade: 16%)
25-49 anos de idade: 7/100.000 (fatalidade: 41%)
50-64 anos de idade: 4/100.000 (fatalidade: 24%)
Mais de 65 anos: 1.3/100.000 (fatalidade: 2%)
De notar que pessoas com mais de 65 anos têm menos possibilidade de morrer (muito provavelmente porque adquiriram imunidade parcial quando foram expostas ao H1N1 entre 1918 e 1957) — ler a parte de genética.
Há 3 subtipos de vírus da gripe A (H1N1, H3, H1 e um ainda não individualizado)) e gripe B
Acredita-se que em 1918 o H1N1 humano foi transmitido a um suíno que por sua vez devolveu o favor à espécie humana; No processo, o vírus tornou-se mais resistente e letal.
Por isso pessoas nascidas antes de 1957 podem ter alguma imunidade, mas não estão 100% protegidas.
Este H1N1 2009 replica-se com mais eficácia nos pulmões, do que o vírus de 1957.
4 vacinas aprovadas nos Estados Unidos pela FDA (todas contêm proteína residual do ovo)
Medimmune (spray nasal que contem o vírus vivo; o mcg de mercúrio; indicado para 2- 49 anos
Sanofi (injecção) Vírus inactivado; (6 - 35 meses: 0.25ml, o mcg mercúrio; 5ml adultos; 25mcg/ml mercúrio)
Novartis (injecção)
Biothec (injecção)
Dados de 2 de Novembro mostraram que 21 dias depois de receber a vacina, 92% de grávidas adquiriram imunidade contra o H1N1.
Crianças com menos de 10 anos, ainda necessitam de 2 doses (um mês de intervalo entre as doses)
Nenhum efeito indesejável foi documentado dos milhões de indivíduos que receberam a vacina, no entanto, 302 tiveram efeitos como dores musculares nos sítios das injecções, febre e mal-estar.
Um grupo independente, reúne-se 2 vezes por mês para rever qualquer incidente de efeitos indesejáveis (o médico de família, o doente ou familiares ou qualquer técnico de saúde pode contactar as autoridades em caso de qualquer anomalia.
Devido à carência de vacinas (o governo encomendou 259 milhões de doses, mas até agora as companhias farmacêuticas so produziram 30 milhões de doses) médicos e enfermeiras nos Estados mais populosos queixaram-se que tiveram de fazer "bicha" juntamente com a população para poder receberem vacinação.
Setembro 2 - 7 de 2009 (total de 1502 adultos):
1- Quer ser vacinado: 34%
2- Indeciso: 43%
3- Vão vacinar os filhos: 35 %
4- Indecisos quanto a vacinar os filhos: 50%
5- Tomaram a vacina contra a gripe regular: 41%
Razão invocada para não vacinar os filhos: desejo de os filhos adquirirem imunidade natural e preocupação com a adequacidade das pesquisas.
Cidade com 8.3 milhões de habitantes com taxa de vacinação de 40%
Mortes prevenidas: Outubro: 2051; novembro: 1468
Poupança: 469 milhões de dólares e 302 milhões de dólares respectivamente.
Thimerosal (preservativo com mercúrio) é usado em algumas embalagens com doses múltiplas
Anteriormente chamada de paralisia ascendente, é uma doença neurológica; a incidência em geral nos Estados Unidos, NÃO RELACIONADA COM QUALQUER VACINA, é de 140 casos/semana (a maioria dos casos é associada a infecções intestinais com o Campylobacter Jejuni); A maioria das pessoas recupera.
A preocupação com o Guillain barre é baseada na vacina de 1976 que foi associada com uma taxa de 1/100.000; Estudos subsequentes (excepto 2 estudos que mostraram uma taxa, relacionada com a vacina de 1/1milhão) falharam por mostrar qualquer correlação.
O Governo dos Estados Unidos encomendou 250 milhões de doses da vacina (preço total de 2 biliões de dólares)
Agradeço ao Dr. John Bartlet (especialista de doenças infecto contagiosas) pela maioria das informações. que compilou.
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