EM DEFESA DA SEGURANÇA E, DA VERDADE...! (3)

 

" Nós mandamos cocaína para outros países. Agora estamos a traficar seres humanos." Fernando Delfim da Silva - Ministro (demissionário) dos Negócios Estrangeiros do Governo de Transição da Guiné-Bissau

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

15.12.2013

Continuando a acompanhar o caso dos "74 sírios", e estando na posse das declarações do Ministro (demissionário) dos Negócios Estrangeiros do Governo de Transição da Guiné-Bissau, que partilho neste trabalho, lamento que, um membro de um governo, seja de que país for, tenha tido uma atitude tão irresponsável como foi o caso de Fernando Delfim da Silva, meu antigo professor de Formação Militante/Política na Guiné-Bissau.

O pedido de demissão apresentado pelo MNE deveria ter sido imediatamente aceite, bem como, deveria ser chamado a prestar declarações sobre as graves acusações que faz ao Estado da Guiné-Bissau e ao Governo ao qual ainda pertence.

Como é possível um Ministro dos Negócios Estrangeiros afirmar que a Guiné-Bissau manda cocaína para outros países, quando todos sabem que a Guiné-Bissau não produz cocaína?

Ou esqueceu-se o Sr. Ministro de que antes dessa droga sair da Guiné-Bissau, tinha entrado, proveniente de outros países?

Onde está a acusação do Ministro Delfim da Silva aos países que enviam a cocaína para a Guiné-Bissau e que depois a reenviam para os seus mercados de consumo?

O Sr. Ministro Delfim da Silva acusa o seu país, a Guiné-Bissau, de traficar seres humanos, por causa do caso dos 74 sírios?

Mas será que fomos buscar os sírios à Síria para vendê-los a outros países?

Muito sinceramente, um membro de um governo, ainda em funções, apesar do pedido de demissão apresentado, ainda que possa ter a sua visão/opinião pessoal de assuntos tão delicados e complexos, como os que aborda e que requerem investigação profunda por quem de direito, não devia ter esta atitude.

Já tinha saído mal ao pronunciar-se sobre o caso dos 74 sírios, lamentando a tal "falha de segurança grave", isto após insinuações de que teria havido coação dos militares ao Comandante de bordo do avião, quando nenhum inquérito tinha sido feito quer da parte portuguesa, quer da parte guineense, para apurar a veracidade da acusação de coação e que depois, pela voz do próprio Presidente da TAP confirmou-se não ter sido como dado a conhecer publicamente pela imprensa portuguesa.

Se o Governo da Guiné-Bissau reunido em Conselho de Ministros tinha decidido criar uma comissão de inquérito na qual à partida, iria fazer parte o próprio Ministro Delfim da Silva, porque razão, o Ministro, num procedimento irresponsável, presta declarações públicas, fazendo acusações graves e sem nexo tendo em conta que é a Guiné-Bissau, a primeira vítima quer do narcotráfico, quer do tráfico de seres humanos, como ele afirma, ou não é verdade?!

Para complicar ainda mais, apresenta o pedido de demissão, para mostrar que é um Homem digno das suas responsabilidades...

A meu ver, este não é um bom exemplo de dignidade e de responsabilidade por parte de um governante. Que o Ministro Delfim da Silva transmitisse ao Chefe do Governo, em privado, os seus pontos de vista e fizesse sugestões sobre o que deveria ser feito, sim, seria um acto de dignidade, de sentido de Estado e responsabilidade, mesmo que depois, pusesse o seu cargo à disposição. Não é na Imprensa que um Ministro deve questionar a governação, com acusações irreparáveis para o seu próprio país!

Vamos continuar a acompanhar o caso.

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!