A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

16.06.2008

EM RESPOSTA AO JORNALISTA ARMANDO CONTÉ

 

Caro Armando,

Antes de mais, podes tratar-me por Djoca.

Recordando a festa dos finalistas de 1978, ela foi realizada no salão de festas da UDIB e o conjunto musical que a animou, era formado por elementos dos finalistas do mesmo ano (o Fernando "Kulum" foi o compositor da letra e música, que salvo algumas alterações era assim: "Si Deus djudano, nô na djuda n'ntru, si Deus djudano nô na tem sucesso; ano na bin, ano na camba; finalistas 78 na brinca; Tchon-Tchon na portuguis; Aristides formação militante, Casquilho, Mariazinha matemática...".

 

Em relação aos "brilhantes" estudantes que não tiveram "sorte" nas respectivas carreiras: sempre fui da opinião de que para se ter sucesso na vida, precisamos de duas coisas:

1- Estar na intersecção exacta (por vezes chegamos lá muito cedo ou muito tarde.);

2-Ter espírito de perseverança, para aguentar os temporais que a vida nos atira em cima;

 

Só um aparte: se analisares as carreiras de conterrâneos nossos nos campos da vida académica e da vida desportiva, a maioria dos que tiveram sucesso cedo nas suas carreiras (liceu e campeonato de futebol da Guiné), não conseguiu triunfar mais tarde quando tomaram rumo para Portugal ou outros países (sempre foi um puzzle para mim tentar encontrar uma resposta para esta situação: uma das razões que sempre encontrei, é que quando se está habituado a ser "herói", "o melhor" num determinado meio; quando nos “transplantamos” para meios mais cosmopolitanos, encontramos outros indivíduos tão bons ou melhores do que nós e começamos a duvidar das nossas capacidades e se não estivermos psicológica e fisicamente preparados, começamos a desenvolver o espírito de "perdedor", de "frustrado" e enveredamos por caminhos errados.

O conselho que dou a qualquer guineense na diáspora é o de sempre acreditar nas suas capacidades e na vida, para poder atingir o topo. Por vezes temos que nos esfolar, saber encaixar os murros, as rasteiras, ir a casa a chorar, se for necessário, mas no dia seguinte limparmos as lágrimas, curar as nossas feridas e começar um novo dia dispostos a retomar a luta.

Infelizmente, tens razão, muitos guineenses, alguns amigos próximos, têm vindo a ser dizimados por doenças: uma coisa é certa: estamos a ficar mais velhos e obviamente, queiramos ou não, estamos mais propensos a contrair enfermidades; em alguns casos, por culpa própria: álcool, muito sal na comida, muito açúcar, pouco exercício, etc.

Quanto às questões de ataque cardíaco e congestão cardíaca:

Os sintomas de ataque de coração são diversos (vamos dedicar um mês do sector saúde, falando somente de ataques de coração). Geralmente, em linguagem leiga, quando se fala de ataque de coração, significa enfarte do miocárdio; dores do peito excruciantes, irradiando para o braço ou queixo, dispneia, sensação de desmaio, algumas vezes náusea, etc. Deve-se imediatamente chamar os serviços de emergência ("112", "911", etc.).

 

Congestão cardíaca aguda, por si só, pode ser um tópico de discussão para três meses.

Sintomas - dispneia (dificuldade em respirar, cansaço fácil, edema (inchaço) das pernas, inabilidade de dormir sem 2 ou 3 almofadas, etc. Consultar um médico de imediato.

 

Quanto à questão de como nós na diáspora podemos ajudar: é uma questão de 1000 euros;

Pela minha experiência com o Projecto CONTRIBUTO nestes últimos 12 meses, a impressão que tenho é que ainda há um espírito de desconfiança entre os que estão na Guiné e os que estão na diáspora: "obrigado pela vossa oferta, mas o que sabem, também sabemos, com a vantagem de estarmos aqui a dar o pelo; ou, há sempre esse "medo" de: talvez me queiram roubar o tacho, etc.

Penso que temos de despir alguns preconceitos (dos dois lados); é a única forma de sermos úteis à Guiné...

Há excepções, como o Dr. Plácido Cardoso, que esteve sempre disponível e disposto a ajudar.

Obrigado pelos teus comentários, Armando!

Djoca

 

10.06.2008 12:15, Armando Conte from London. UK E-Mail:
Hi Professor Tavares
My name is Armando Conte, journalist, linguist and researcher. Needless to say, I am a proud Guinean fellow living in London.
I am writing in English not for shauvinism but because I am confortable in doing so, not because I have been living in London for the past 17 years, but also because I dont have benefit of having the Portuguese system. I therefore appologise those who could not understand this message.
Sir, I salute you for your success and I believe every right minded Guinean would do so. It has been long time since I first met you. It was at the end of the year party in Bairro de Ajuda. You were the Black Star (Estrela Negra). The party was animated by a band. Please correct me if I am wrong and please forgive me as it has been quite while (1978).
From that moment I always mention your name whenever a conversation involves "intelligent" Guineans. I am glad you made it to the top. But many other "brilliant" students did not have the same fate. Without mentioning names, we have many of them in the of London, doing odd jobs. It is fair to say that lack of appropriate documents. This is unfair assessment of the position of many of our people in the diaspora.
medically speaking, year 2008 has been very deadly for Guinean nationals in the UK. At least four of them died due to earth failure. And in one instance, I believe there was a medical negligence. With lack of diplomatic representation and limited human and financial resource, we have our hands tied and left to fend for ourselves.
I am sure you are the busier person than 20 years ago, but please advise us the followings:
-what is the symptoms of an heart attack?
-If someone suspect he/she has one, what can be done if the person is at home?

I am looking forwards to hearing from you soon
Yours truly
Armando Conte
Journalist, Researcher and Linguist
10.06.2008 17:09, Armando Conte from London UK E-Mail:
Professor Tavares

Like you, the editor of this website (Didinho) is great patriot and someone who love his country. While in London in unfortunate mission (death of the family) Didinho and a group of people all agree that Health is fundamental in the progress of any country. Therefore this secion should not be overlooked.
This is getting exciting! I cannot resist sending you this paragraph and asking you the following:
-as professor of medicine in a re-known institution in the States, do you get much contact with folks back home? Especially de Department of Health in Bissau?
- as far you know, what is the extent of co-operation between the United States and Guinea-Bissau in the field of Health?
-can you use your influence and expertise in the field and knowledge of the country(USA) and help some guinean professionals with scholarships or intensive training in both Guinea or US?
 
 

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM


ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS  PARTICIPE!

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO