E OS PROMOTORES AFRICANOS, PROFESSOR DOUTOR
ADRIANO MOREIRA...?!
"Não vale a pena recordar as origens da CPLP nem a sua filosofia e propósitos de origem portuguesa, porque de facto foi o Brasil que a tornou viável e efetiva."
Adriano Moreira
Fernando Casimiro
(Didinho)
didinhocasimiro@gmail.com
23.07.2014
Não
era suposto escrever mais nada hoje, mas em conversa com um amigo há poucos
minutos, tomei conhecimento da publicação no jornal Diário de Notícias, de
hoje, de um artigo da autoria do Professor Doutor Adriano Moreira,
intitulado "A CPLP E O FUTURO".
Não tendo nenhum
objectivo específico nesta minha "intromissão" para além de contrariar a
apresentação "histórica" feita por um dos mais consagrados intelectuais e
académicos portugueses, que nos tem dado de beber, através da fonte da sua
sabedoria e conhecimentos, o Professor Doutor Adriano Moreira, e tendo
presente que um artigo de opinião não é necessariamente uma teoria
científica, gostaria de questionar o seguinte:
Antes da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), referenciada pelo Professor Doutor
Adriano Moreira como organização de filosofia e propósitos portugueses,
viabilizada pelo Brasil, taratata, taratata ... quem fundou a 18 de
Abril de 1961 em Casablanca/Marrocos a Conferência das Organizações
Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), que viria a ser substituída
em 1979 pela designação Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP)?
Foram ou não os
Movimentos de Libertação Africanos de Língua Portuguesa, através do PAIGC
(Guiné-Bissau e Cabo-Verde); MPLA (Angola), FRELIMO (Moçambique) e MLSTP
(São Tomé e Príncipe)?
É ou não verdade que,
antes da criação da CONCP havia uma outra Organização Nacionalista criada em
1960 por Amilcar Cabral, suportada pelo PAIGC e pelo MPLA, designada Frente
Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias
Portuguesas (FRAIN)?
Afinal, com tantas
referências de iniciativas africanas suportadas pelo elo comum, a língua
portuguesa, desde a década de sessenta, que são processos mais do que
estruturantes do que depois das independências das colónias portuguesas de
África se convergiu para a criação da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) há quem nos queira ensinar uma nova história, que
dispensamos, por omitir factos, em função de interesses!
Não, o mundo evoluiu,
os povos evoluíram, inclusive, os povos africanos que têm o português como
língua oficial, por isso, tenho o direito de questionar e contrariar, com
todo o respeito, as afirmações de tão ilustre personalidade académica e
intelectual, que é o Professor Doutor Adriano Moreira.
Não há que
desconsiderar os mecanismos de libertação, mas também de união de toda uma
comunidade linguística, neste caso da lusofonia, promovidos pelos
revolucionários africanos das antigas colónias portuguesas.
"A língua portuguesa é a maior
herança que os colonialistas portugueses nos deixaram"
Amilcar Cabral
"A nossa
luta não é contra o povo português, mas sim, contra o colonialismo português"
Amilcar Cabral
Não vale a pena recordar as origens da CPLP
nem a sua filosofia e propósitos de origem
portuguesa, porque de facto foi o Brasil que
a tornou viável e efetiva, com a intervenção
brilhante e mal recompensada pelo destino,
que o levou cedo de mais, e pelos factos da
política imprevisível que não ajudaram a
mantê-lo em posição de continuar como
dinamizador. Trata-se do embaixador José
Aparecido de Oliveira. O mesmo aconteceria
com o Instituto Internacional de Língua
Portuguesa, que foi proposta portuguesa em
colóquio organizado pelo Instituto Joaquim
Nabuco, mas quem o tornou realidade, em
curto prazo, foi Sarney, então presidente da
República do Brasil. A intervenção criativa
do Brasil foi sempre bem recebida, porque
alinhava entre as grandes acarinhadas
promessas de renovação no século em que
estamos. A brasilidade, na versão
espalhada no mundo, e devendo muito a
Gilberto Freyre, chamou a atenção da
antropologia cultural para a criatividade da
mistura das culturas europeia, ameríndia,
africana, o que amortecia a memória dos
sacrifícios da colonização não apenas lá,
mas de norte a sul do continente, numa data
em que o nazismo alemão envolvera o mundo, e
o perseguido Stefan Zweig proclamava Le
Brésil Terre d"Avenir (1941) pouco antes de
decidir suicidar-se. As críticas que se
desenvolveram em relação a Gilberto e à sua
escola, em que se destaca o ilustre Fernando
Henriques Cardoso, que parece não dispensar
as reservas com que o incluiu no seu
Pensadores que inventaram o Brasil (2013),
mas também não se dispensou, quando
presidente, de declarar o ano 2000 como Ano
de Gilberto, nem implicaram que tal doutrina
não fosse acolhida contra o racismo que
caracterizou os crimes contra a humanidade,
mesmo chamando a tal doutrina "a fábula das
três raças", nem que ela se mantivesse como
símbolo da identidade nacional, a favor da
qual o pensamento de Gilberto continua a
circular como uma bandeira, e ainda que a
sua referência não viesse à lembrança dos
numerosos casos em que a libertação dos
povos pela descolonização a teve como
paradigma no sentido de orientar o povo
plural libertado para a fusão numa unidade
nacional.
Acontece que a CPLP, que teve essa
afirmada fábula nos seus alicerces, permitiu
criar uma organização que não tem
equivalente em qualquer das tentativas das
restantes potências coloniais europeias de
organizar para futuro uma solidariedade que
não necessita de ignorar o passado, e teve
não apenas a língua com os seus valores
diferenciados pelas latitudes, mas também a
maneira portuguesa de estar no mundo, como a
diferença que permitia a sonhada unidade.
Este facto muda necessariamente de
sentido quando um país como a Guiné
Equatorial é admitida na organização sem
corresponder aos fundamentos dela nem
praticar os valores de futuro que a
orientam, admitida portanto com fundamentos
imprevisíveis. É um caso sem paralelo com a
categoria de observadora que por exemplo
assenta à Academia Galega da Língua
Portuguesa, nem seguramente com o estatuto
que deverão assumir as comunidades de origem
portuguesa que são parte de Estados
independentes e plurais, como a de Malaca, a
da Califórnia ou da Nova Inglaterra, tal
como não se descortina inconveniente para
que os países da CPLP pertençam a outras
organizações diferenciadas, como poderá ser
a, se organizada, segurança do Atlântico
Sul, uma condição exigente e indispensável
para ultrapassar a anarquia em que se vive.
Mas o caso da Guiné Equatorial tem o
significado não apenas de ferir a filosofia
e a realidade da CPLP como de vir apoiada
numa motivação que não pode deixar de ser
lida, com alarme, de que é uma nova
diferente conceção estratégica que desponta,
a qual exige atenção diplomática e política
não apenas quando à origem, que foi
suficientemente determinante, mas quanto aos
objetivos que a orientam, talvez de acordo
com uma regra pouco recomendável, que é a de
não ser a seta que procura o alvo, é o alvo
que orienta a seta. Esse alvo não é
seguramente o que foi devotada e
trabalhosamente o que animou os esquecidos e
devotados servidores do projeto, sem
paralelo, da CPLP.
Fonte:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4039597&seccao=Adriano%20Moreira&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco
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A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS
INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES!
Didinho
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Cultivamos e incentivamos o
exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão,
pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e
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Didinho
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