E se o continente Africano fosse a maior potência mundial, como seria a ordem mundial?
Cherif Haidara haidaraconsulting@googlemail.com Bissau, 13 de Outubro 2010 Acredito que todos os Africanos, mesmo que seja por momentos já imaginaram se o seu país, já agora porque não todo o continente fosse a maior potência, como é que seria a ordem mundial? Ora, aqui seguem algumas descrições; Aspecto demográfico: Olhando para o mapa de África seriamos obrigados a ter a segurança reforçada no golfo de Aden e no estreito de Gibraltar para impedir os saltos de europeus desesperados a tentar fugir as péssimas condições de vida (aumento do IVA, desemprego, precariedade social, envelhecimento da Europa, etc.) em busca de novas oportunidades. Existiriam filas intermináveis nas representações diplomáticas do continente Africano no exterior, onde os solicitadores de autorizações de entrada legal no continente seriam obrigados a marcar filas desde madrugada e a preencher formulários de pedidos de vistos que seriam autênticos inquéritos a vida pessoal. Aspecto Politico Não haveriam eleições, mas sim sucessões, de pai para filho, a linhagem dos nobres seria mantida e reconhecida por todas as nações do mundo. O Regulado * seria o modelo de gestão social, mais adequado nas comunidades e a sua aplicação como modelo de desenvolvimento seria aplicado em vários países. As alianças politicas internacionais que se traduzem na criação de organizações como: Nações Unidas, União Europeia, NATO, etc. As alianças seriam consolidadas através da atribuição de títulos e terras aos nossos parceiros e dependendo do interesse, poder-se-ia chegar a arranjos matrimoniais entre os nobres (tal como nos tempos primórdios), cimentada com o nascimento de um herdeiro homogéneo. A agenda política dos nossos líderes seria preenchida com pedidos de ajuda principalmente de matéria-prima como moeda de troca (petróleo, madeira, recursos minérios), com políticas de promoção de parcerias dentro dos modelos Africanos. Viríamos, europeus, Asiáticos e principalmente os americanos a vestirem “Granbubus e Kaftans”**, comerem em conjunto como demonstração de respeito pela cultura africana, fazendo vénias aos “sobas/ régulos”, e até pingarem cachaça nas raízes das árvores como oferenda e respeito aos espíritos anciões que habitam nas florestas. Aspecto Social O “fanadu”***, a poligamia, seriam aspectos praticados em todo mundo como forma de aculturação do modelo Africano. Os “pircings”, “sungas”, e tatuagens, teriam os seus “Dress code”**** de acordo com a cerimónia, casta familiar e posição social ocupada pela pessoa. Aspecto Económico As empresas seriam geridas em família, que se especializariam por sectores de actividade, onde bastaria o nome familiar para identificar o sector comercial em que se encontrariam inseridos, não havendo leis de comércio justo, ou politicas proteccionistas de mercados, muito menos bolsas de valores e mercados financeiros conjuntos. Resumo Isto para mostrar que mesmo com a corrupção da identidade Africana (de norte a sul), somos um povo com grande valor cultural, moral, respeitando o meio que nos rodeia, fazendo a balança entre o desenvolvimento e as tradições culturais ancestrais. “When the missionaries came to Africa they had the Bible and we had the land. They said -Let us pray. - We closed our eyes. When we opened them we had the Bible and they had the land”. Desmond Tutu “Quando os missionários chegaram a África, eles traziam a bíblia e nós éramos os donos da terra, disseram “Vamos rezar”, fechamos os olhos e quando abrimos, nós ficamos com a bíblia e eles com a terra” Desmond Tutu (Bispo da Africa do Sul) (*) Chefes tradicionais locais, com poder administrativo, aplicadores da justiça e defensores dos espíritos tradicionais. (**) Vestes tradicionais islâmicas utilizadas em regiões onde predomine a religião muçulmana (***) Cerimónia tradicional de passagem da fase adolescente a adulta quer no homem como na mulher, para poder adquirir o direito ao matrimónio e a ter o estatuto de Homem. (****) Código de vestimenta
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