ESTÁ À ESPERA DE QUÊ, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO?!
Luís Barbosa Vicente (Cuca) *
14.06.2009
Começo por dizer que não tenho complexos nenhuns em aceitar uma Força Internacional, liderada pela UA ou ONU, para manutenção da paz e ordem na Guiné-Bissau. É óbvio que é necessário a presença dessa Força neste preciso momento e, é isso que se pede aos dirigentes guineenses. Porque será então a recusa por parte do PM e do Governo guineense?
Ouvi com atenção a entrevista dada pelo Sr. PM a uma rádio, cá em Portugal, referindo, mais ou menos, que a Guiné-Bissau é um Estado soberano, que sabe resolver os seus problemas, não precisa de qualquer Força estrangeira para repor a ordem e tranquilidade, até porque é um “País muito pacífico” e é contra a violência. Reparem bem, “pacífico e contra a violência”. Fui à procura destas duas palavras no dicionário de sinónimos e efectivamente lá estavam: Pacífico: calmo, manso, ordeiro, pacato, sereno, tranquilo, etc. Contra a Violência, todos sabem o que significa, de resto, juntando estas duas palavras poderíamos referir que “a Guiné-Bissau é um Estado de Direito, é óbvio que sim, dependendo do grau de direito, é tranquilo, é ordeiro e pacífico, existe a liberdade de expressão, as instituições nacionais funcionam na base de entendimento, não há repressão política, nem militar, existe separação de poderes entre os órgãos de soberania, a sociedade civil e os militares. Por incrível que pareça, só encontrei analogia e definição exacta, deste conceito de País, quando cruzei informação com o que se faz e o que existe nos países, p.e., como a Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia, etc., estão a ver onde quero chegar não é?
Bem, deixando agora as definições e conceitos técnicos da teoria política, que todos sabemos, até porque nós guineenses, segundo um escritor e investigador holandês, somos o povo mais politizado do mundo, pois vivemos a política com intensidade, senão vejamos, nos últimos anos quantos partidos se dispuseram à participação nos combates políticos nas legislativas anteriores e quantas personalidades guineenses se intentaram no concurso para ocupação do emprego n.º 1 do País, aliás, recentemente julgo que foram 13 pessoas, uma desistiu por vontade própria e outra por vontade de outros. Mas, vamos agora ao que interessa e que está a deixar o povo guineense algo inquieto.
Os últimos acontecimentos que têm marcado a honra da Guiné-Bissau e do seu povo, perpetrados pelos mesmos intervenientes dos últimos 29 anos, sem excepção, repito sem excepção, às vezes pelos próprios e outras vezes por mandatários, têm feito este pequeno País, outrora “El dorado” da Costa Ocidental de África, um celeiro, um mercado de produtos e de negócios obscuros, onde a ilicitude impera e os conflitos são resolvidos à base de chumbo.
O Sr. PM ainda entende que não precisa de Força Internacional, está à espera de quê?
À espera que as instituições, por si já débeis, desapareçam e a esperança daquele povo se esvaia com o último sufoco?
Está à espera de quê Sr. PM?
Que continuem com a política de eliminação física de mais intervenientes no processo político do País que ousam enfrentar as forças militares e alguns órgãos de soberania do Estado, mesmo sabendo nós que isso não traz vantagem e nem contribui para o processo reconciliador do País?
Está à espera de quê Sr. PM?
Que seja o próximo PR a assumir essa responsabilidade, sabendo nós que a herança é pesada e pobre?
Está à espera de quê Sr. PM?
Que a Comunidade Internacional decida por V. Exa.?
Está à espera de quê Sr. PM?
Que sejam os nossos militares, com o devido respeito e consideração que tenho por eles, façam justiça que cabe aos tribunais civis?
Está à espera de quê Sr. PM?
Que a Guiné-Bissau seja um Estado Militar?
Não aceito este facto, creio que os dirigentes políticos que têm assumido a responsabilidade de conduzir o povo guineense não têm sido bem escolhidos e na falta de escolha temos que aguentar com os mesmos. Nós merecemos respeito e consideração dos nossos governantes, exigimos que V. Exas. saibam escolher, como representantes do povo, o melhor para nós e para os nossos filhos. Que acatem o grito de alerta dos cidadãos guineenses que chegam todos os dias às nossas caixas de correio electrónico a pedir ajuda e orientação. Por último, resta desabafar o seguinte: Para ser um líder eficiente é preciso que as pessoas confiem na sua opinião e na sua ética, e tenham confiança nas suas capacidades de chefia, fazendo-lhes acreditar que merece a autoridade que tem. Não havendo confiança e credibilidade, nada mais é possível!
Bem haja!
* Mestre em Administração e Políticas Públicas; Economista e docente universitário
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