E não querem o
poder....!!!
Hoje, 14 de Setembro de 2003, depois de consumado e anunciado o golpe militar arquitectado pelas altas patentes das Forças Armadas, quase todos membros da extinta Junta Militar, derrubando Kumba Yalá e o seu governo, convém reflectir sobre o momento e as consequências negativas que este acto terá para o país.
A primeira apreciação é que este golpe vem fora de tempo, se é que se pode legitimar um golpe de Estado. As justificações para se tomar o poder desta forma, a menos de 1 mês das eleições legislativas, também estão fora de contexto.
Outro aspecto discordante é a auto - proclamação de Veríssimo Seabra como presidente interino até à realização de eleições...citando o próprio, que nem diz, que eleições, nem para quando essas eleições.
Sempre defendi que teria que se fazer algo para mudar o rumo dos acontecimentos na Guiné-Bissau. Kumba Yalá foi, infelizmente, uma marioneta nas mãos de quem ajudou a agudizar a crise económica e social no país encobrindo-se no estatuto hierárquico oferecido pelos merecimentos da actuação na ex Junta Militar.
Sou da opinião que a Junta Militar nunca deixou de existir e que sempre pressionou o poder político para as contrapartidas do seu papel no derrube de Nino Vieira. É assim que aos olhos de todos os guineenses se assistiu à troca de favores entre Kumba Yalá e as altas patentes, tendo esse processo iniciado com a eliminação física de Ansumane Mané, comandante da Junta Militar.
Veríssimo Seabra e seus colaboradores directos foram os homens do golpe de 1998, são os homens do golpe de hoje e serão os homens do golpe de amanhã, se não se fizer nada para os reformar e pacificar. Estes homens que sempre disseram não querer o poder...encobrem-se no fragilizado poder político para extorquir dinheiro e bens do tesouro público, criando desequilíbrios de toda a ordem para o país.
Veríssimo Seabra e seus colaboradores sabem que havendo eleições nesta altura e com o espírito de mudança avivado na mente de todos os guineenses, será difícil algum novo governo saído de eleições manter os privilégios e mordomias da elite militar por isso, nada como impor a força e ganhar "degraus"para futuras cedências como houve no passado, continuando sempre o poder militar na sombra.
Quando Veríssimo Seabra fala na reposição da legalidade, porque não o equacionou em Novembro passado, por exemplo? Porque deu garantias às várias missões internacionais que ultimamente visitaram a Guiné-Bissau, de que as Forças Armadas iriam respeitar o processo eleitoral e os resultados dessas eleições, para a menos de 1 mês dessas mesmas eleições deitar tudo a perder, se é que queria ou quer mesmo essa tal reposição da legalidade de que fala.
Porque aceitou promoções e engodos de toda a ordem da parte de Kumba
Yalá, se achava que ele não
Desenganem-se,
tal como Kumba Yalá, os senhores também têm os seus dias contados. As almas dos
inocentes pedem justiça...Veríssimo Seabra, as suas divisas de General não lhe
assentam bem desculpe o reparo e muito menos ocupar a cadeira de presidente da
República ainda que interinamente, por isso, faça-nos um favor : Vá lá fora
ver se chove...
Fernando Casimiro
14-09-2003 20:40