Guiné-Bissau: Façam o que digo e não o que  faço

    

As declarações do general Veríssimo Seabra, no dia comemorativo do 5ºaniversário do levantamento militar contra Nino Vieira, são demagógicas e oportunistas. Veríssimo Seabra (que foi promovido ao posto de Major-General, por Kumba Yalá, como outros oficiais do núcleo da ex. junta militar), desempenhando a função de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, devia olhar-se ao espelho, antes de dizer que: " As pessoas deviam repensar o país a sério. Deviam deixar de pensar nas suas barrigas e pensar nos verdadeiros interesses do povo."

 

A meu ver, o general Seabra aponta directivas, assim como outros camaradas seus que ganharam força e poder com a junta militar, mas essas directivas não se aplicam a ele, nem aos seus camaradas. O povo guineense tem maturidade e visão suficientes, para ver o que está bem e o que não está, Sr. general.

 

O povo guineense sabe quem mantém este regime ditatorial no poder e, porquê! Mas o Sr. general também sabe! O topo da hierarquia militar na Guiné-Bissau, está submisso ao poder político tirando contrapartidas pessoais, com os dinheiros e mordomias do Estado, enquanto o poder político, contrapõem com a necessidade da garantia do regime para o sustento dessas pretensões... Mas o povo guineense também não confunde a instituição (FARP), com elementos que se divorciaram dos ideais das nossas Forças Armadas.

 

Sr. general, reveja os manuais políticos e veja o que eles dizem sobre democracia. Consulte os vários arquivos de Amilcar Cabral e retempere as suas ideias. Depois disso, talvez se sinta em condições de dar lições de moral ou de ficar calado, pois em boca fechada não entra mosca. As Forças Armadas guineenses precisam de ser reestruturadas urgentemente para que não venham a ser património de nenhum "senhor da guerra..."      

 

 

Fernando Casimiro (Didinho )

10-06-2003   16:00