Freak de Maré
Por: Francelino Alfa
07.11.2006
São topos de gama: “Hummer”, “Mitsubishi”, "Nissan“, “Audi”, … carros todo terreno e de 1ª classe! As buzinadelas, o roncar dos motores, o B.I. do político governante. Um “swing”o pé em “Plaque”, outro “swing” o pé em “Bambu”; mais outro “swing” o pé na “Capital”, e ainda outro “swing” o pé em “Lenox” o B.I. do político governante; “freak, freak, freak de maré”. É impressionante ver a velocidade de circulação do franco CFA nas soireés dançantes da nossa capital nas mãos desses senhores!
Ostras e camarão frescos, o repasto em Quinhamel; o mergulho em Cussilintra e Varela; fins-de-semana prolongado em Bubaque, o B.I. do político governante; “freak, freak, freak de maré”.
Engate aqui, engate acolá; de preferência as sub 20; compra desta vestimenta e daqueles sapatos, cotejando-as com adjectivos espaventosos: “corte di viola, boca di mel, udju di djambureré, garganti di pneu”, o B.I. do político governante; o tráfico e a fraude à venda nas montras e passerelles; é a nova época, tendências da moda Bissau! “Freak, freak, freak de maré”.
Três, quatro, ou cinco assoalhadas, encomenda-se ao arquitecto e ao empreiteiro XPTO, o B.I. do político governante; ao gosto mais ou menos requintado do freguês, com pequeno jardim e piscina, normalmente situada no ermo, longe dos olhos mais indiscretos, blindada com portão de ferro e muralha de 3 m de altura, em sintonia com as celebridades e Cª Lda.; inaugura-se com festanças ao ritmo de “gumbé sabi, Bissau sabi”; “freak, freak, freak de maré”. Os mordomos e os bobos da festa após a fartadela e dos copos, no “djumbai di mandjuandadi”, abanando o “capacete”, com zombaria às gargalhadas, enquanto a clic, no seu recanto, (re) criando as fórmulas que o artigo 1º da “constituição” garante e fundada na aliança de certo povo: o enriquecimento ilícito. Esta pequena amostra, ilustra bem como esses senhores se consideram num quadro de impunidade, qual “república das bananas”, em que o lema é: “a lei somos nós”!
Viagens sumptuosas à Europa, com concubinas em Lisboa, Paris e Bruxelas, instalados com todas as mordomias em Tivoli, Sheraton, Majestic; vestidos por Hugo Boss, Jorge Armani, Nina Richy, Augustus, … já que a descoberta do consumismo e do luxo são prosaicos e adquiridos; Os retratistas, e longe dos paparazis, são os convivas de serviço de honra que servirão de recordação de momentos de glória; os gamanços, as comissões, guardados nas contas bancárias secretas, o B.I. do político governante; “freak, freak, freak de maré”.
Basta sentirem dores de dentes e/ou dores menstruais, para serem tratados nos melhores hospitais universitários e clínicas privadas; os seus filhos e família, enviados para os melhores colégios europeus, o B.I. do político governante; ignoram totalmente a realidade dos nossos hospitais e centros de saúde, com falta de tudo: equipamentos, pessoal qualificado, medicamentos, … em que mais de 60% das crianças até aos 5 anos de idade e mulheres grávidas morrem por doenças curáveis em três tempos: diagnóstico, tratamento e alimentação. A junta médica é reservada ao direito restrito de admissão. No entanto, não conseguem esconder o desespero que estampa nos olhos moribundos dos guineenses e aos olhos do mundo.
Na oposição, “show of” que se farta!, e no poleiro, o vírus da amnésia espalha-se rapidamente tomando conta do seu QI, olhando somente para o seu umbigo, o B.I. do político governante.
Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades e a política, a conversa do político governante!
A ostentação do luxo e pose de herói, sem qualquer pudor e nenhuma sensibilidade à pobreza à sua volta e a corrupção ganhando em toda a linha e sem controlo, com uma preguiça mental e de produzir, negando-se ao trabalho e ao esforço e dedicação, o B.I. do político governante; “freak, freak, freak de maré”. O país não pode continuar a aceitar este sacrifício!
Encontrar um emprego e conservá-lo é um drama para a maioria das pessoas - existem muitos guineenses a passar fome! -, em que não devia de haver lugar a tamanha indiferença ao que se passa na saúde, na educação, na justiça, no local de trabalho, nas ruas, … num país onde o rendimento disponível da maioria dos seus cidadãos é quase nulo! Um povo desesperadamente pobre! Todos os diabos são parecidos, dizia alguém. Parece que ainda não se aperceberam que já passou o tempo da política de avestruz, de meter a cabeça na areia! Só com trabalho e esforço e a falar verdade é que podemos progredir. Continuem a mitigar o problema (!) … e não será nas nossas costas! E depois, não chorem baba e ranho e nem fujam a sete pés (!) como tinha acontecido com o outro senhor.
Deus que estais no céu bem dito seja. Escutai as nossas preces e rezai por nós e salve o povo! É a homilia que se ouve em todas as missas diárias e dominicais. Aos hominídeos, parece dar-lhes prazer a tudo o que contrariasse ao bem-estar das suas populações. Safra!? “Freak, freak, freak de maré”. Quem diria?
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO