GUINÉ-BISSAU, 40 ANOS DEPOIS

A Guiné-Bissau completa hoje, 24 de Setembro, 40 anos da proclamação da sua independência política. E desde a minha saída, aos 13 anos, deste, apesar de tudo, adorado chão, que esta data não me encontrava no país.

 

Sou da opinião que devemos considerar, ser e fazer a Guiné-Bissau além das suas fronteiras físicas, pois como bem disse o grande poeta “Guiné-Bissau somos todos, até depois da esperança”. Somos Guiné-Bissau onde quer que nos encontremos.

Mas estar hoje no país e contatar in loco a apatia em que se encontra esta terra, é outra coisa. Uma apatia marcada pela desilusão dos mais velhos e por uma roda-viva que reina entre a juventude.

Atestar as reais condições em que a Guiné-Bissau se encontra, após 40 anos como país “independente”, é doloroso.

É doloroso estar hoje em Bissau, capital do país, num dia importante como hoje, sem luz e sem água.

É doloroso ver famílias numa autêntica ginástica para ter o que almoçar. Sem pensar, tão pouco, em celebrar o dia de hoje.

É doloroso ver crianças morrendo em casa, porque a família não tem dinheiro que chegue para dar entrada no hospital, que se diz público. 

É doloroso demais ver o desdém com que muitos murmuram sobre o dia de hoje. Dia que, apesar de tudo, faz parte do nosso passado glorioso. Dia que marca o nascer de uma identidade, de uma nação, de um sonho.

 Enfim… é doloroso contatar que os fazedores da luta e o próprio programa maior frustraram. 

Contudo, importa referir que existe gente com esperança. Existe uma juventude trabalhadora, inspirada pela crença que construir a Guiné-Bissau está nas nossas mãos. Tal como tivemos a ciência de que a nossa independência estava nas nossas mãos, lutamos e a auto-proclamamos, existe, em certa medida, e tem que existir a ciência que o nosso desenvolvimento, o nosso progresso está nas nossas mãos.

É o povo quem faz um país. E a Guiné-Bissau represente um conjugar de todos os seus filhos. Portanto, vamos fazer de nós mesmos pessoas melhores, para juntos construirmos um país melhor. Só através da educação podemos ser pessoas melhores. Ser, ao fim, Guiné-Bissau melhor.

Partimos de um ponto diferente, muito mais atrás, portanto deixemos de comparações. Mas também a nossa corrida não é contra ninguém. Somos nós, somente nós a fazer o nosso percurso, a construir o nosso futuro.

Vamos refundar a nossa esperança numa verdadeira independência. Vamos trabalhar, mesmo que com 40 anos de atraso, para sermos verdadeiramente independentes e soberanos. Tudo depende de nós. Tudo está em nós.

VIVA A GUINÉ-BISSAU!

VIVA A INDEPENDÊNCIA!

VIVA O POVO DA GUINÉ-BISSAU!

GLORIA AOS HERÓIS DA LUTA!

ABAIXO AQUELES QUE TRAÍRAM A LUTA E OS SONHOS DE TODO UM POVO!

Estamos juntos!