GUINÉ-BISSAU: A REALIDADE DA MATERNIDADE DO HOSPITAL SIMÃO MENDES
“A razão da minha escolha é cuidar de quem necessita dos cuidados respeitando-o na sua dimensão biopsicossocial, sem discriminação de qualquer natureza” Alberto Oliveira Lopes * 18.03.2009 Na procura de referencias para a elaboração do meu trabalho de conclusão de curso sob o título situação da saúde materna na Guiné-Bissau em pleno século XXI, confrontei-me com uma situação muito preocupante que merece atenção de todos nós. É lamentável a situação do povo guineense em especial das mulheres, em pleno séc. XXI. Quando hoje acordei às 6 horas da manhã para escrever este artigo, escorreram-me lágrimas pelo rosto; lágrimas de dor pelo sofrimento das mulheres na Guiné-Bissau. Ninguém jamais pode ser exposto tal como esta puérpera (mulher que acaba de dar à luz), e pior de tudo, ser fotografada. Até acredito que não foi autorizada a publicação dessas imagem no blog que a seguir se referencia.
http://fisiodoula.blogspot.com/2009/02/realidade-na-maternidade-guine-bissau.html
Parece inacreditável mas é assim que as mulheres são tratadas na maternidade do hospital Simão Mendes na Guiné-Bissau. Onde se enquadra o parto humanizado olhando para essas imagens? Quem pode garantir que essa puérpera está livre de contaminação olhando para as condições dessa sala? O momento do parto é a etapa mais significativa para uma parturiente (mulher em trabalho do parto), para a criança recém nascida e toda a família, processo que despende horas e provoca grandes mudanças fisiológicas e psicológicas, proporcionando aos profissionais de saúde a oportunidade de colocar em prática a habilidade para assistir a um nascimento com qualidade (GOLDMAN Apud CARVALHO, 2007).
Olhando para essas imagem, onde se enquadra a assistência? Que tipo de cuidados estão sendo prestados? Sem falar das condições de higiene.
Ser solidário com o outro, valorizar o aspecto humano, prestar assistência sempre dentro de uma visão holística e estabelecer a relação de ajuda e empatia (colocar-se no lugar do outro), fazem da humanização a base da profissão que é a enfermagem.
Humanizar o parto é adotar um conjunto de condutas e procedimentos que promovem o parto e o nascimento saudáveis. É respeitar o processo natural e evitar condutas desnecessárias ou de risco para a mãe e o bebe (OMS 2000). A OMS preconiza ainda que, a parturiente tem o direito de escolher ou não o acompanhante no momento de trabalho do parto.
Quem cuida desse ser humano alastrado no chão? Pergunto se a maternidade do hospital Simão Mendes tem défice de profissionais e o porquê de não levar em consideração as recomendações da OMS?
Num dos meus artigos “Cuidado humanizado”abordei assuntos inerentes e eminentes da maternidade do maior hospital da Guiné-Bissau.
Só olhando para as imagens apresentadas, podemos concluir a razão de um elevado índice de mortalidade materno-infantil na Guiné-Bissau.
De acordo com as declarações do representante do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) na Guiné-Bissau, morre uma em cada treze mulheres (1/13 mulheres) no, ou durante o trabalho de parto, ou em resultado de complicações do parto. Facto que posso considerar fiáveis de acordo com as fotos apresentadas e a forma como são prestados os cuidados ou assistências, sem esquecer a falta de higiene.
Acredito que todos aqueles que escolheram a profissão de enfermagem já ouviram falar da precursora da enfermagem FLORENCE NETHYNGAY como ela enxergava o paciente, assim como São Camilo de Lilis. Assim como todos os médicos já ouviram falar do juramento de Hipócritas, como demonstrou o compromisso com a vida humana.
Como é que um ser humano pode ser exposto deste jeito e fotografada, posso estar errado mas .duvido muito se houve assinatura do termo de consentimento de divulgação destas imagens no blog (http://br.olhares.com/foto153084.html ) se não for o caso digo com toda a veemência que o autor dessas imagens foi anti-ético e infringiu os princípios éticos da deontologia profissional seja eles jornalísticos ou dos profissionais de saúde, apesar dos prós e contras, merece ser processado pela violação da privacidade do paciente. Devemos respeitar a pessoa sob nosso cuidado como um todo, não como uma parte, ser empático e tomar muita cautela aquando da decisão de algo sobre a pessoa sob nosso cuidado, partindo do pressuposto de que trabalhamos com o paciente mas não para o paciente e quando a pessoa procura serviços de saúde é porque está limitada para se auto cuidar. Zelar pela vida é um imperativo moral de todos os profissionais de saúde. Juntos unidos venceremos as barreiras da desigualdade.
*Estudante do 3º ano de enfermagem - Brasil VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO |