Guiné-Bissau: Nossa Terra, Nossa Casa
(Ponto de Vista)
Para lutar é preciso unir, e para unir
é preciso lutar.
Amílcar Cabral
Rui Jorge Semedo
rjogos18@yahoo.com.br
11.05.2010
Desde
a sua criação por Fernando Casimiro (Didinho) em 2003 como um Projeto Pró-Guiné
independente e pacifica até ganhar a legitimidade de uma Associação reconhecida
pelas instituições competentes portuguesas em 2010, a Associação Contributo tem
pautado por um ideal que defenda os princípios fundamentais dos Direitos Humanos
presente na Constituição da Republica da Guiné-Bissau e também consagrado na
Carta Universal dos Direitos Humanos. Nunca apoiou atos de violências e
posicionou-se desde primeira hora contra subsequentes situações que alteraram a
ordem constitucional no País. Está a lutar diariamente em defesa do meio
ambiente e na valorização da vida humana nas suas mais diversas vertentes, no
domínio da saúde, educação, agricultura, emprego, cultura, lazer, desporto e
política. Seus posicionamentos e preocupações nacionalistas têm mexido com
interesses obscuros e causado várias incompreensões de caráter violento seja por
parte do poder ou por parte de indivíduos coniventes com ações contrárias a
defesa do bem-comum. Isso várias vezes resultou em ameaças de morte e/ou de
insultos ao Didinho e a outros colaboradores da Associação Contributo.
Temos consciência do perigo a que estamos expostos,
continuamos firmes e serenos em continuar a defender a liberdade humana e a
preservação ambiental na sua plenitude. É uma tarefa difícil, sabemos disso,
mas, julgamos ser nossa responsabilidade lutar por um Mundo mais justo, por uma
África mais unida e por uma Guiné-Bissau mais humana, que respeite e crie
condições do bem-estar a todos os seus cidadãos e amigos sem distinção social,
étnica ou religiosa.
Nossa vocação não é fazer política partidária, mas lutar pela
efetivação coerente de políticas públicas que visam, sobretudo, garantir o
mínimo necessário. E a garantia desse mínimo necessário peremptoriamente passa
pelo exercício da cidadania que manifesta sob duas condições: Direito e Dever.
No primeiro caso, por obrigação o Estado deve começar a proteger-nos e a
garantir-nos todos os cuidados necessários desde o momento da nossa concepção
uterina, passando pelo nascimento até depois da morte o Estado deve garantir
condições da nossa dignidade. No segundo, como uma mão lava a outra, também
temos a obrigação de ajudar o Estado a manter seu compromisso de garantir que
todos os cidadãos sintam-se protegidos pela sua ação. Essa obrigação deve
manifestar-se no cumprimento rigoroso e exemplar de tarefas a que fomos
incumbidos a desempenhar na esfera social.
A base para a construção da consciência cidadã está na
família, a primeira instituição social, por natureza, responsável pelo processo
inicial de formação da personalidade do indivíduo que, posteriormente, encontra
noutras sociedades de caráter mais complexo, como a escola, a igreja, o
sindicato, o partido político, o governo, a associação comercial, profissional e
desportiva, etc., o espaço de maturação da personalidade. Essas instituições
envolvidas pela teia do Estado são responsáveis para moldar a personalidade
coletiva e criar condições básicas para a prática decente da cidadania. E
consegue-se sentir a cidadania quando existe um sentimento nacional, ou seja, um
sentimento de Nação, que conceitualmente é difícil definir, mas, que no entender
dos analistas, sente-se, vê-se nas idéias e práticas, no aspecto físico, no
caráter coletivo esse ser moral denominado de Nação.
E perguntamos: será que temos esse ser moral na nossa
Guiné-Bissau? Sem hesitar, podemos afirmar que ultimamente tem crescido
sentimento anti-nacionalista que visivelmente obstaculizou o sentimento de
guinendadi surgido com o processo da independência nacional. Na realidade,
ainda não conseguimos formar uma Nação, apesar de existir um sentimento, apesar
de existir um sonho, apesar de existir uma vontade expressa por parte de
cidadãos com senso de realidade e desejo de construir o bem-estar comum. O
projeto da edificação da Nação continua adiado, continua sequestrado pela
vontade particular, continua esperançosamente a aguardar melhores dias.
Esse processo de formação da Nação é um parto difícil e
acreditamos que é possível torná-lo efetivo se todos os grupos e indivíduos
conseguissem entender que a nossa terra é uma aldeia que nos é comum, é um ninho
onde sempre vai brotar nossa identidade e geração, é polon garandi cujos
ramos nos protegem sempre do sol e da chuva, é o canto onde podemos sentir
melhor protegidos. Entretanto, que fique claro que a Nação não está isenta de
contradições entre seus atores. A Nação permite a contradição ou debate de
idéias porque considera que isso cria condições necessárias para o aperfeiçoar
do progresso, mas rejeita o uso da violência como mecanismo de resolução de
qualquer que seja o problema.
Hoje dispomos de uma ferramenta muito importante para
construir a Nação, que é a democracia, mas precisamos saber manuseá-la para
podermos tirar dela o melhor proveito. Pois, a democracia é como um computador
ou um telemóvel. Esses aparelhos são multi-funcionais e suas tarefas são
aperfeiçoadas à medida que o utilizador vai mexendo e descobrindo funções dos
programas, mas dificilmente conseguirá ter o domínio total de sua utilidade. A
mesma coisa existe na democracia, e temos que estar em condições de saber
aproveitar e explorar da melhor maneira possível suas possibilidades políticas,
no entanto, julgamos nunca conseguiremos esgotá-las.
É na senda dessa criação de condição para o funcionamento da
democracia que a Associação Contributo criou o espaço Cidadania e Direitos
Humanos, para suscitar debates que possam ser úteis à democracia e ao mesmo
tempo responsabilizar a cada um e a todos a assumirem seus papéis sociais,
econômicos, políticos e religiosos em prol da sociedade.
Particularmente, como coordenador do espaço Cidadania e
Direitos Humanos, sinto-me lisonjeado pela missão que me é concedida e,
entretanto, responsabilizado em fazer fluir no referido espaço contribuições de
vária ordem e que estimulem as consciências: aliás, acreditamos que estamos
todos pela Guiné-Bissau! Não estamos contra ninguém e, muito menos, desejamos
mal a alguém. Nesse sentido, convido a todos os compatriotas e amigos da Guiné a
participarem com suas idéias e também ser um observador atento sobre a situação
dos Direitos Humanos no País. Vamos fazer deste espaço um lugar de exercício
permanente da Cidadania Responsável.
ESPAÇO PARA
COMENTÁRIOS
VAMOS CONTINUAR A
TRABALHAR!
Associação
Guiné-Bissau
CONTRIBUTO
associacaocontributo@gmail.com
www.didinho.org
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