GUINÉ-BISSAU, QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ


 

 

Filipe Sanhá *

filipesanha@iol.pt

24.04.2013

Filipe SanháTudo que tenho lido, neste últimos tempos, assusta-me, sobremaneira! Estão em causa, histórica e politicamente, valores mais estimáveis e de grande complexidade. Devemos estar todos preocupados e concentrados no que é essencial neste momento e, deixar os acessórios para outros momentos menos ameaçadores. Contextualizando os nossos actuais problemas, medito e rezo, para que sejam encontradas soluções rápidas, realistas, consistentes, mas duradouras. São muitos sobressaltos, em tão pouco tempo da nossa soberania que me assustam e entristecem. Tem que haver políticas proactivas, regenadoras para o País, implicando, necessariamente, todos os Partidos políticos nacionais. A GB, parece um País sitiado! Por vezes, parece-me haver quem esteja a imaginar um “day after” que provoca, naturalmente, insónias a qualquer guineense. Todavia, coloca-se-me, a seguinte questão: porque só agora estas intervenções e actuações musculadas, se os factores que as consubstanciam provêm doutros momentos da nossa história? Acredito que tudo na vida, processos, fenómenos, pessoas e países, tem o seu momento próprio de maturidade. Não sou apologista de guerra de palavras, infrutíferas e negativas, porque desviam-nos do substantivo. Basta de sofrimento e medo! Devemos afastar – nos da política de terra queimada! Eu que vivi a guerra colonial, de forma real, cruel e intensa, desde 1963, no interior do País, aos meus 8 anos, assusta – me, a ideia dos apologistas/defensores da política de terra queimada! Se a luta de libertação teve as suas virtuosidades por nos ter conduzido à dignificação identitária, também semeou espíritos de vingança e ódio, provindos dessa época, mais concretamente no período, pós - independência, na era do Partido único. Um conflito militar interno, neste momento, deve ser evitado a todo o custo, porque conduzir-nos-ia, provavelmente, à guerra civil, de proporções e consequências imprevisíveis, com enorme probabilidade à dependência estrangeira. Parece-me ser essa a posta de alguns países! Por isso, devemos manter as nossas cabeças frias, para podermos pensar em soluções políticas, realistas e duradoiras, auto -protectoras, que nos projectem para a conservação daquilo que é nosso, a GB. Proporia maior sobriedade! Sejamos realistas, uma GB, sem umas forças armadas, à sua medida e dimensão, modernamente equipadas, para a defesa do território, transformar-nos – ia, em bonecos neo-colonizados, escravizados e submissos, hipotecando, indubitavelmente, o futuro das gerações vindouras. Qualquer pessoa, com a minha idade, que viveu e sentiu na pele, o antes, durante e pós luta libertadora, assustar – se - à com os actuais propósitos encobertos.

 

Filipe Sanhá

 

Filipe Sanhá

 

Criança

 

  * Psicólogo, Mestre e Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)

 

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