Tudo
que tenho lido, neste últimos tempos, assusta-me, sobremaneira! Estão em causa,
histórica e politicamente, valores mais estimáveis e de grande complexidade.
Devemos estar todos preocupados e concentrados no que é essencial neste momento
e, deixar os acessórios para outros momentos menos ameaçadores. Contextualizando
os nossos actuais problemas, medito e rezo, para que sejam encontradas soluções
rápidas, realistas, consistentes, mas duradouras. São muitos sobressaltos, em
tão pouco tempo da nossa soberania que me assustam e entristecem. Tem que haver
políticas proactivas, regenadoras para o País, implicando, necessariamente,
todos os Partidos políticos nacionais. A GB, parece um País sitiado! Por vezes,
parece-me haver quem esteja a imaginar um “day after” que provoca, naturalmente,
insónias a qualquer guineense. Todavia, coloca-se-me, a seguinte questão: porque
só agora estas intervenções e actuações musculadas, se os factores que as
consubstanciam provêm doutros momentos da nossa história? Acredito que tudo na
vida, processos, fenómenos, pessoas e países, tem o seu momento próprio de
maturidade. Não sou apologista de guerra de palavras, infrutíferas e negativas,
porque desviam-nos do substantivo. Basta de sofrimento e medo! Devemos afastar –
nos da política de terra queimada! Eu que vivi a guerra colonial, de forma real,
cruel e intensa, desde 1963, no interior do País, aos meus 8 anos, assusta – me,
a ideia dos apologistas/defensores da política de terra queimada! Se a luta de
libertação teve as suas virtuosidades por nos ter conduzido à dignificação
identitária, também semeou espíritos de vingança e ódio, provindos dessa época,
mais concretamente no período, pós - independência, na era do Partido único. Um
conflito militar interno, neste momento, deve ser evitado a todo o custo, porque
conduzir-nos-ia, provavelmente, à guerra civil, de proporções e consequências
imprevisíveis, com enorme probabilidade à dependência estrangeira. Parece-me ser
essa a posta de alguns países! Por isso, devemos manter as nossas cabeças frias,
para podermos pensar em soluções políticas, realistas e duradoiras, auto
-protectoras, que nos projectem para a conservação daquilo que é nosso, a GB.
Proporia maior sobriedade! Sejamos realistas, uma GB, sem umas forças armadas, à
sua medida e dimensão, modernamente equipadas, para a defesa do território,
transformar-nos – ia, em bonecos neo-colonizados, escravizados e submissos,
hipotecando, indubitavelmente, o futuro das gerações vindouras. Qualquer pessoa,
com a minha idade, que viveu e sentiu na pele, o antes, durante e pós luta
libertadora, assustar – se - à com os actuais propósitos encobertos.
Filipe Sanhá
Filipe
Sanhá
Criança
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Psicólogo, Mestre e
Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)