Haja esperança!

Filomena Embaló

fembalo@gmail.com

22.12.2009

 Filomena EmbalóCaros compatriotas e amigos,

 

 

Mais um ano chega ao fim. Mais um que nos deixou com o sabor amargo da violência, da dor e da desilusão, que tristemente o marcaram.

 

A violência das armas e de corações humanos ávidos de sangue e vingança, mas também de poder...  

 

A violência dos que não querem compreender que ela só semeia e perpetua o ódio entre irmãos e, mais grave ainda, entre irmãos de armas!

 

A dor dos que perderam os seus, mas também a dor do povo guineense que, impotentemente, vê adiadas a paz e a concórdia tão necessárias ao seu processo de desenvolvimento.

 

A dor de todos nós que acreditámos nas armas libertadoras que levaram à proclamação do Estado da Guiné-Bissau em Boé, nesse já algo distante ano de 1973. 

 

E, creio também, a dor de todos aqueles que prematuramente deram as suas vidas para que o povo guineense reencontrasse a sua dignidade e liberdade. Sim, acredito que esses heróis, de Amílcar Cabral ao Combatente Desconhecido, algures numa outra dimensão da Vida, chorem com o povo guineense.

 

A desilusão que nos invade a alma e nos deixa quase incrédulos que o milagre da paz possa acontecer.

 

A desilusão que teima em destronar a esperança dos nossos corações e em fazer-nos acreditar que djitu ca tem...

 

Porém, como se diz, a esperança é a última a morrer e a vida de um povo é milenar. As gerações sucedem-se. Algumas jamais verão os seus sonhos realizados. Mas o povo, de geração em geração, de derrota em vitória, vai avançando na sua marcha rumo ao progresso e nada, NADA, poderá impedir essa caminhada por mais difícil que ela seja. E é isso que nos deve encher de ESPERANÇA de saber que um dia as gerações vindouras possam viver numa terra de paz, de concórdia, de fartura e de alegria para todos!

 

Desejo a todos uma quadra natalícia serena e que o ano de 2010 reforce em cada um a esperança e a força para um virar de página positivo nas vossas vidas. É o que vos desejo do fundo do coração através deste meu poema.

 

Na curva da vida

 

Na curva da vida

Um tempo de pausa

O olhar perdido

No âmago da alma

É dor

É tormenta

São coisas da vida

São vidas passadas

 

Bate a chamada

Na curva da vida

Larga o passado

Cria o futuro

Não olhes atrás

Fixa o horizonte

E corre veloz

 

É curta a vida

É tua vida

É tua sina

Não voltes atrás

Responde à chamada

É teu destino

É teu caminho

É tua luta

Se quiseres ser feliz

Pelo resto da vida...

 

 

 

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