"O homem branco tem ensinado ao negro neste país a se considerar inferior, a odiar um ao outro, a voltar-se um contra o outro. [...] Entre outras coisas, nós temos nossos pequenos negócios na maioria das grandes cidades neste país, e queremos criar muito mais. [...] Mas para isso, nós precisamos de nossa própria terra. [...] Nós precisamos aprender a nos tornarmos produtores, fabricantes e comerciantes; ter nossas próprias indústrias e empregos. O homem branco resiste a isso porque ele quer manter o negro sob seu domínio e jurisdição na sociedade branca. Ele quer manter o negro sempre dependente e implorando por empregos, alimentação, vestuário, abrigo, educação. [...] Ele quer manter o negro onde ele possa ser observado e retardado." (Malcolm apud Haley, 1963) Malcolm X A ASCENSÃO DO NEGRO NA AMÉRICA E AS METÁFORAS DE ARIEL, CALIBÃ E EXU: DE MALCOLM X A BARACK OBAMA
"Nós não somos o que gostaríamos de ser.
MALCOLM X: The Price of Freedom is Death
Fernando Casimiro (Didinho) 05.10.2011 O essencial na Justiça e para a Justiça, não é a satisfação do desejo de vingança (a título pessoal), por cada crime cometido contra um familiar ou amigo, mas sim, o reconhecimento do erro designado crime, o levantamento, estudo e avaliação da sua causa motivadora; a criação de mecanismos/instrumentos/estruturas legais de acompanhamento psicológico e pedagógico visando a recuperação da pessoa humana. Nenhuma sentença compensa qualquer que seja o crime, sobretudo, quando o que está em causa é a vida humana, porém, estamos todos, mas todos, enquanto humanos, sujeitos a atitudes irreflectidas com consequências imprevisíveis, que podem ser de cariz criminal em função do acto e da interpretação da lei vigente. Por sermos todos potenciais pecadores, merecermos todos, mas todos, uma nova oportunidade na vida! Perante factos consumados, não se deve optar pela vingança, mas sim, pelo perdão. A vingança incentiva o ódio, promove a violência, desestabiliza o mundo e não dá descanso à alma de quem perdemos, se for o caso. O perdão é simplesmente um acto de elevação espiritual (o maior de todos), essencial para qualquer reconciliação entre humanos! Aprenda a perdoar e sentir-se-á LIVRE! Não sou anti-americano, nem racista, fanático ou radicalista decidido a abrir uma frente de luta contra a América, reavivando questões de Justiça Social em geral e de ordem racial em particular, registados pela História e que envergonham a própria Humanidade. O meu tema de hoje está relacionado com a recente detenção, em Portugal, de George Edward Wright, ou Jack, o americano, como é conhecido pelos guineenses, já que viveu alguns anos na Guiné-Bissau. Convivi de perto com o Jack antes de (eu) deixar a Guiné em finais de 1981. Joguei basquetebol com ele e permiti que ele realizasse os seus treinos de Kung Fu (era um exímio "karateca", um atleta de alto rendimento, preparado espiritualmente e mentalmente para enfrentar as adversidades da vida) na Escola Nacional de Judo em Bissau, onde eu dava aulas de Judo. Era um homem calmo, humilde, brincalhão e respeitador. Na Guiné-Bissau, a maioria das pessoas que lidavam com ele sabiam que era americano e, muitos, como eu, sabiam que tinha participado no sequestro/desvio de um avião nos Estados Unidos. “Ele era conhecido por George Wright na Guiné e é estranho que a justiça americana nunca o tenha localizado lá”. John Blacken, antigo embaixador dos Estados Unidos na Guiné-Bissau. O embaixador americano na Guiné-Bissau à época, John Blacken, confirmou conhecer e ter convivido com o Jack e sua companheira, e que ambos terão até trabalhado em projectos de tradução para a embaixada americana na Guiné-Bissau. George Edward Wright, aliás, Jack, o americano, que se diz hoje ser dos criminosos mais procurados pelo FBI ao longo de 41 anos, nem sequer tinha mudado o seu nome de baptismo e quando passou a chamar-se José Luís Jorge dos Santos, não foi certamente para fugir às autoridades americanas, até porque, não fez nenhuma plástica, continuou com a sua fisionomia de sempre... Afinal, se George Edward Wright era mesmo um dos mais procurados criminosos pelas autoridades policiais americanas, como se explica que, a maior potência mundial, que faz questão de liderar e implementar todas as estratégias de luta contra o terrorismo e o crime organizado neste nosso planeta, não o tivesse localizado na Guiné-Bissau, onde andava de "peito aberto"? Será competência ou incompetência dos Estados Unidos e das suas polícias de investigação, o FBI e a CIA, o facto de um cidadão americano de nome George Wright surgir na Guiné-Bissau, com o nome original, prestar serviço à própria embaixada dos Estados Unidos e...não se passar nada durante os anos que viveu na Guiné? Não havia certamente muitos cidadãos americanos a residir na Guiné-Bissau. Não seria motivo de curiosidade e até para o registo e acompanhamento de um cidadão americano na Guiné, saber de que Estado era George Wright, o que o tinha levado à Guiné, há quantos anos tinha saído dos Estados Unidos, etc., etc...? Alguém disse que o George Wright chegou inclusive a trabalhar na Guiné, para o "PEACE CORPS" Corpos da Paz. Se for realmente verdade, é assustador o desconhecimento das autoridades dos Estados Unidos sobre o percurso aberto de George Wright na Guiné-Bissau. George Edward Wright, Jack, o americano, foi para a Guiné-Bissau por intermédio do falecido Dr. Vasco Cabral, a meu ver, por razões humanitárias e de solidariedade. Argel, Rabat, Tunis e Cairo entre outras capitais africanas, foram "porto de abrigo" de muitas organizações/movimentos e pessoas decididas e envolvidas em lutas anticolonialistas ou de afirmação de causas. Não foi por acaso que o avião sequestrado pelos membros do Black Liberation Army se dirigiu para a Argélia, onde, aliás, havia uma "base" do Black Liberation Army. A Guiné-Bissau seguiu esses exemplos no pós-independência. Recebeu, deu asilo e prestou apoio a quem achou que devia dar. De que Justiça se fala quando se cataloga George Edward Wright de criminoso e dos mais procurados fugitivos desde há 41 anos? Da Justiça em relação ao assassinato de Walter Patterson em 1962 ou do facto de ter sido membro do Black Liberation Army e de ter participado no desvio de um avião? Segundo informações conhecidas através de reportagens da Imprensa, da acusação de homicídio de Walter Patterson em 1962, George Wright foi sentenciado a cumprir uma pena de prisão entre os 15 e os 30 anos. Cumpriu oito anos e evadiu-se da cadeia em 1970, para dois anos mais tarde, já como membro do Black Liberation Army participar no sequestro e desvio de um avião com mais de 80 pessoas a bordo, exigindo o resgate de 1 milhão de dólares, sem prejuízo físico para os passageiros. Condeno todo e qualquer acto que tira a vida a outrem. Por isso, se George Wright realmente matou Walter Patterson, condeno-o por isso. Uma evasão de um estabelecimento prisional é também um acto condenável, mas, quantos inocentes não foram injustamente sentenciados e quantos criminosos não foram injustamente absolvidos nos Estados Unidos, sendo que muitos inocentes pagaram com vida o facto de não terem como provar a inocência por um lado e, não terem como evadir da prisão, por outro. Não me compete defender ou julgar George Edward Wright e, muito menos, apontar as motivações que o levaram a estar envolvido no assassinato de Walter Patterson, embora seja mais fácil perceber as motivações do desvio do avião.
"O xerife John Brown sempre me odiou,
A década de 60 foi explosiva nos Estados Unidos a nível das relações entre brancos e negros. Não associo o alegado assassinato de Walter Patterson a um mero acto de delinquência urbana. Se George Wright matou, não o fez para roubar $70 dólares. A afirmação dos negros, na altura, era quase que uma necessidade vital e a luta por essa afirmação, que lhes reconhecesse os direitos e igualdades, para muitos deles tornou-se uma causa de vida ou de morte. Quantos negros não foram barbaramente espancados, torturados, humilhados e assassinados por civis e polícias brancos, por, simplesmente serem negros e reivindicarem melhores oportunidades e igualdade de direitos? Quantas mulheres negras não foram violadas, abusadas de toda a forma e viram ser-lhes retirados os seus filhos, para parte incerta? Foi na década de 60 que Malcom X foi assassinado, assim como Martin Luther King, embora por motivações diferentes, mas era a década de 60... O crime de homicídio atribuído a George Edward Wright foi cometido em 1962, época de grandes convulsões sociais/raciais nos Estados Unidos. Os Estados Unidos, convenhamos, foram os pioneiros da globalização da violência armada no mundo através dos filmes western "cowboys ou faroeste". Quem não se lembra dos assaltos, do "mãos ao ar", dos duelos, das carnificinas das tribos índias, das humilhações e assassinatos de negros, tudo a roçar a violência ao mais alto nível? Se há violência nos Estados Unidos, se há violência no mundo, não é difícil saber uma de entre várias outras razões, sem esquecer, obrigatoriamente, a questão das desigualdades sociais! Não se deve esquecer que, se nos dias de hoje, há um estatuto de igualdade, de respeito e consideração entre brancos e negros, bem como em relação a todas as comunidades humanas existentes nos Estados Unidos, isso deveu-se, sobretudo, às lutas reivindicativas iniciadas ainda na época da escravatura e que continuaram até ao ponto que todos conhecem hoje. George Edward Wright também fez parte dessa luta, à sua maneira. Pode-se reprovar, condenar, mas o cenário nos Estados Unidos e no mundo na década de 60 não era este que hoje temos... As mortes de então, ajudaram a repensar a sociedade e as relações entre brancos e negros nos Estados Unidos da América! Os Estados Unidos depois do sucesso da morte de Bin Laden querem continuar a mostrar que a luta contra o terrorismo e o crime organizado, por eles "fabricado", vale a pena e deve continuar a merecer a sua liderança e apoio contínuo, com privilégios que lhes possibilite o controlo da base de dados de muitos países e, por assim dizer, o controlo de toda a informação de qualquer cidadão dos países que lhes facultam as bases de dados. Não havendo mais Bin Laden, há o George Edward Wright, que, de fugitivo desprezado, passou, 41 anos depois a ter o estatuto de um dos fugitivos mais procurados pelo FBI... Mas que incompetência de uma das mais famosas polícias de investigação do mundo! Os Estados Unidos, de facto, têm feito algum esforço na prevenção e redução da violência; na luta contra o crime organizado e o terrorismo, mas com poucos resultados. Mais do que promover a detenção, humilhação, extradição e vingança judicial de George Edward Wright, os Estados Unidos deveriam amnistiá-lo bem assim, a todos os que lutaram, cada um à sua maneira, pela mudança das relações interpessoais para que hoje, nos Estados Unidos, brancos e negros pudessem viver em harmonia, com igualdade de direitos e oportunidades! A ANÁLISE MAIS FÁCIL...PELA REVISTA SÁBADO... Comprei por € 3,00 o nº 388 da revista SÁBADO, editada e publicada em Portugal, que se aventurou a tratar do caso George Wright como se de um caso de delinquência comum se tratasse. Dos contactos com a Guiné-Bissau e sem nenhum documento comprovativo, a revista SÁBADO, que não é uma revista qualquer, deixou de lado a deontologia e a ética; deixou de lado a essência do jornalismo de investigação, para optar por ser uma fonte de acusação tendenciosa, irresponsável e remetido à vulgaridade. Apresentar um trabalho sério, construtivo e de cariz pedagógico entre o social e o jurídico é de se enaltecer e apoiar, mas o contrário, é de se repudiar. Nalgumas passagens do trabalho apresentado pela revista SÁBADO, há um aspecto de extrema gravidade e irresponsabilidade, que, por não ser acompanhado de provas documentais não resisto a questionar. A revista SÁBADO deveria saber que pode vir a incorrer num processo acusatório, se o Jack assim o entender, pois através do tema lançado acusa-o de um homicídio na Guiné-Bissau. - " Jack, o americano, estava farto de ver a sua casa, uma vivenda na Avenida Cidade de Lisboa, em Bissau, ser assaltada. A viver há alguns anos na capital guineense, comentou com os amigos os roubos de que era alvo e perguntou o que deveria fazer. "Todos se riram porque havia centenas de assaltos a residências", lembra à SÁBADO um vizinho do homem que, na semana passada, se soube ser George Wright, um dos criminosos mais procurados pelo FBI e que vivia em Portugal com o nome de José Luís Jorge dos Santos. Mas depois, os amigos falaram-lhe de uma lei aprovada pelo governo: qualquer cidadão podia abater um assaltante, desde que estivesse no interior da sua propriedade. Foi o suficiente. Numa noite, em meados da década de 80, Jack sentou-se no corredor da sua casa com a caçadeira encostada às costas de uma cadeira. "Assim que ouviu a maçaneta da porta a rodar, tirou a segurança da arma e esperou. Quando viu o vulto do ladrão, disparou, conta o mesmo amigo. "Depois foi só chamar a polícia que declarou tratar-se de um assalto e confirmou o óbito", diz. A minha questão: Quando Jack, o americano, comenta com os amigos o facto de estar a ser alvo de assaltos na sua residência, perguntando o que fazer, estaria ali um homem violento, um assassino? Ou estaria ali um homem decente que, pedia apoio e aconselhamento aos seus amigos que, por incrível que pareça, gozaram com o assunto e, pasme-se, falaram-lhe de uma lei aprovada pelo governo: qualquer cidadão podia abater um assaltante, desde que estivesse no interior da sua propriedade. Se este suposto amigo, estava ou não em casa do Jack na altura do alegado crime, para relatar com detalhe e precisão o que por lá aconteceu, então foi durante todos estes anos cúmplice desse crime, bem como, todos aqueles que aconselharam e mal, o Jack de que havia uma lei que legitimava abater um assaltante. Que lei é essa, onde e quando foi aprovada na Guiné?
"Olho por olho, e o mundo acabará cego." Mahatma Gandhi
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