JUVENTUDE GUINEENSE, VALOR DE UMA MUDANÇA NATURAL!

Quando vejo que os nossos jovens estão cada vez mais interessados e empenhados para que haja mudanças positivas na Guiné-Bissau, convenço-me mais ainda, de que estamos no caminho certo, através da sensibilização, da consciencialização dos guineenses, quer estimulando quer criticando as instituições da República.

O que nos importa o que os detractores desta obra ímpar continuam a cochichar sobre o que não têm criatividade para fazer, nem coragem para assumir?!

O que nos importa a falsa estabilidade de que hoje se fala na Guiné-Bissau, quando sabemos que o nosso trabalho ao longo destes quase sete anos de existência do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO, ajudou milhares de guineenses a recuperarem a mística, o orgulho de serem filhos da Mãe Guiné, a assumirem as suas responsabilidades para com o país?!

O que nos importa que alguns achem que nós estamos a desestabilizar a Guiné-Bissau, mas desconhecem que ajudamos e continuamos a ajudar os nossos jovens estudantes espalhados por várias Universidades um pouco por todo o Mundo, com todo o tipo de matérias e dados referentes à Guiné-Bissau, para que trilhem por bons caminhos, para que sigam as boas práticas, para que conheçam os erros e os males que levaram e continuam a levar o país para o abismo (país que cabe a eles dirigir daqui a uns anos), de forma a que esses erros e males não sejam "herdados" e repetidos por eles no futuro.

Felizmente, são já muitos os nossos jovens, quer os que estudam ou trabalham no estrangeiro, quer os que estudam ou "sobrevivem" na Guiné-Bissau, com mentes brilhantes e comprometidos com o país, decididos a inverter a tendência destrutiva das nefastas práticas governativas que têm impedido o desenvolvimento da Guiné-Bissau e o bem-estar dos guineenses.

Sim, recebemos desde sempre manifestações de apoio, de guineenses e amigos da Guiné-Bissau, mas são os jovens aqueles que mais nos incentivam com as suas solicitações e preocupações do dia-a-dia. É por eles, essencialmente, que lutamos!

É óptimo saber que estamos a ajudar a formar um "Homem Novo", uma "Mulher Nova" entre os guineenses. É com orgulho que prestamos serviço gratuito a milhares de pessoas espalhadas por todo o mundo, incluindo os nossos detractores, a bem da Guiné-Bissau, tendo em conta o Futuro, ou seja, as nossas crianças e os nossos jovens!

Este Editorial serve de apresentação da Mensagem de fim de ano (2009) da Associação dos Estudantes da Guiné-Bissau na China.

Uma Mensagem deveras importante, um contributo extraordinário que, estou certo, fará eco nos vários pontos do globo onde houver guineenses e amigos da Guiné-Bissau.

Aos nossos jovens estudantes na China, aos jovens guineenses espalhados por todo o mundo, votos de um 2010 Positivo e que continuem decididos a aprender e a evoluir em todos os aspectos e a todos os níveis, para estarem preparados para a Mudança natural que os desafios da afirmação e da modernidade impõem à Guiné-Bissau e que, necessariamente, passa por aquilo que conseguirem aprender a ser, positivamente falando, como "Homem Novo" e "Mulher Nova" de uma "Nova" e Próspera Guiné-Bissau!

Estamos praticamente no fim do ano de 2009. Para muitos guineenses, este ano termina com o sentimento de frustração e de desespero por não terem alcançado a mudança que muito almejavam com o ano 2009.

Em várias partes do Mundo, o ano de 2009 foi marcado pelo triunfo da mensagem da mudança. A mudança para mais justiça e inclusão social chegou à América com a eleição de Barack Hussein Obama; triunfou na Bolívia e no Quénia e abalou profundamente a base de sustentação da ditadura no Zimbabué. Estou certo de que a mensagem da democracia e da inclusão também não tardará a triunfar na nossa Guiné-Bissau.

Dois mil e nove termina com uma boa parte dos cidadãos guineenses a recearem pela subversão dos acontecimentos de 1 e 2 de Março e de 4 e 5 de Junho de 2009. Os vícios e indícios de crimes que caracterizaram estes acontecimentos resistiram e persistiram, constituindo factos que marcaram de forma dominante o nosso 2009. Marcas que deixaram mais "uma nódoa" num país que procura a estabilidade.

2009, 36 anos depois da proclamação da "Independência" da Guiné-Bissau, diante do esgotamento de um modelo que, em vez de gerar crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome; diante do fracasso de uma cultura de individualismo, de egoísmo, de indiferença perante o próximo, de desintegração das famílias e das comunidades. Diante das ameaças à soberania nacional, da precariedade avassaladora da segurança pública, do desrespeito aos mais velhos e do desalento dos mais jovens; diante do impasse económico, social e moral do País, a sociedade guineense escolheu mudar e começou, ela mesma, a promover a mudança desnecessária em vez de necessária.

Vamos mudar, sim. Mudar com coragem e cuidado, humildade e ousadia, mudar tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado, não um simples ato de vontade, não um arroubo voluntarista. Mudança por meio do diálogo e da negociação, sem atropelos ou precipitações, para que o resultado seja consistente e duradouro.

Teremos que manter sob controlo as nossas muitas e legítimas ansiedades sociais, para que elas possam ser atendidas ao ritmo adequado e no momento oportuno; teremos que pisar a estrada com os olhos abertos e caminhar com os passos pensados, precisos e sólidos, pelo simples motivo de que ninguém pode colher frutos antes de plantar árvores. Mas começaremos a mudar já, pois como diz a sabedoria popular, uma longa caminhada começa pelos primeiros passos.

O povo guineense, tanto na sua história mais antiga, quanto na mais recente, tem dado provas incontestáveis da sua grandeza e generosidade, provas da sua capacidade de mobilizar o seu recurso nacional em grandes momentos cívicos; e eu desejo, antes de qualquer outra coisa, convocar um encontro nacional, justamente para um grande debate cívico, para um consenso nacional contra a fome.

Num país que conta com tantas terras férteis e com tanta gente que quer trabalhar, não deveria haver razão alguma para se falar em fome. No entanto, milhares de guineenses, no campo e na cidade, nas zonas rurais mais desamparadas e nas periferias urbanas, estão, neste momento, sem o que comer. Sobrevivem milagrosamente (situando-se abaixo da linha da pobreza), quando não morrem de miséria, mendigando um pedaço de pão.

Essa é uma história antiga. A Guiné-Bissau conhece a riqueza dos seus recursos florestais, mas não venceu a fome; conhece os seus recursos pesqueiros, mas não venceu a fome; conhece as suas terras férteis, mas não venceu a fome; proclamou a independência nacional e aboliu a escravidão, mas não venceu a fome; conhece a riqueza dos seus recursos humanos e naturais, mas não venceu a fome. Isso não pode continuar assim.

Para isso, será também imprescindível fazer um trabalho agrário pacífico, organizado e planeado. Devemos garantir o acesso à terra a quem quiser trabalhar, não apenas por uma questão de justiça social, mas para que os campos da Guiné produzam mais e tragam mais alimentos para a mesa de todos nós, tragam trigo, tragam soja, tragam frutos, tragam o nosso feijão, arroz e amendoim. Para que o homem do campo recupere sua dignidade humana sabendo que, ao se levantar com o nascer do sol, cada movimento de sua enxada ou da sua catana irá contribuir para o bem-estar dos guineenses do campo e da cidade. Devemos incrementar também a agricultura familiar, o cooperativismo, as formas de economia solidária. Elas serão perfeitamente compatíveis com o nosso vigoroso apoio à pecuária, à agricultura empresarial, à agroindústria e ao agronegócio, que são, na verdade, complementares tanto na dimensão económica quanto social. Temos de nos orgulhar de todos esses bens.

Apesar deste quadro sombrio, não temos nada a temer. Quando olhamos para trás e vemos toda a humilhação e tirania por que passámos, nós e os nossos antepassados; quando olhamos para trás e vemos todos os perigos por que passámos, as poderosas conquistas que alcançamos, por que razão havemos de ter medo do futuro? Sobrevivemos ao pior. Afinal, o futuro pertence-nos, porque somos um povo maduro, temos uma história e teremos um destino. Assim:

Dirijo-me a todos os combatentes da liberdade da pátria, que deram a sua juventude e o seu espírito de luta à causa da GUINENDADE e do nacionalismo guineense e cabo-verdiano.

Dirijo-me à mulher guineense, que consentiu os maiores sacrifícios para que os filhos da Guiné não morressem mais de miséria na pátria livre e independente do REI CABRAL.

Dirijo-me em particular à juventude que não tem eira nem beira, à juventude sem trabalho e sem futuro.

Dirijo-me a todos os homens da Guiné, empregados e desempregados, aos camponeses, aos intelectuais, aos estudantes e às crianças, àqueles que são vítimas da exclusão, da corrupção e da má gestão.

Dirijo-me a todos vós, meus irmãos e concidadãos, para pedir-vos que defendamos a democracia, os direitos e liberdades individuais dos guineenses na nossa Pátria comum. Unamo-nos na defesa da igualdade.

Quando os guineenses aceitarem genuinamente o princípio do Estado Democrático de Direito, abandonarão o autoritarismo e farão a sua transição para a genuína democracia.

Oxalá, o ano de 2010 permita que acima de interesses de grupo ou partidários, os guineenses se sobreponham às diferenças políticas e privilegiem o interesse nacional.

Iaia Maria Co Indi Turé
Data e local de nascimento: 15 de Janeiro de 1985. Bissau, Guiné-Bissau
Residência actual: Chongqing, China
Nível académico: Estudante universitário, terceiro ano do curso de Gestão de Administração

Membro fundador da Associação dos Estudantes da Guiné-Bissau na

China, foi Secretário-Executivo e Vice-Presidente desta Associação.

Actualmente é o Presidente em Exercício da Associação dos Estudantes da Guiné-Bissau na

China.

Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)