MAIS UMA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO NA GUINÉ-BISSAU, QUE NÃO PASSA DE UMA GRANDE MENTIRA!
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
05.06.2009
COMUNICADO DA DIRECÇÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO DO ESTADOGolpe de Estado abortado?
Começo por dizer que no passado fui ameaçado de morte quer por Hélder Proença, quer por Baciro Dabó, hoje abatidos por um alegado envolvimento numa tentativa de golpe de Estado.
Nunca guardei rancor, quer a um, quer a outro em virtude dessas ameaças à minha pessoa. Também nunca tive dúvida de ambos estarem ligados ao narcotráfico, assim como o falecido Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, o falecido Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Tagme Na Waie e muitas outras figuras de Estado entre civis e militares.
Continuo a dizer que as mortes de Tagme Na Waie e de Nino Vieira estão relacionadas com o narcotráfico.
Continuo a dizer que há uma grande rivalidade e disputa entre os grupos de ilustres figuras civis e militares guineenses com interesse no narcotráfico e isso, continuará a importunar e a desestabilizar a Guiné-Bissau até que a autoridade do Estado seja realmente legitimada com a afirmação da Justiça e o fim da promoção da impunidade no país.
O que realmente aconteceu na Guiné-Bissau e que culminou com as mortes de Baciro Dabó, Hélder Proença e mais 2 cidadãos nacionais?
Um comunicado emitido hoje, 5 de Junho, pela Direcção Geral dos Serviços de Informação do Estado, contradiz afirmações do Director de campanha do candidato Baciro Dabó, que aos microfones da RDP África, confirmou ter jantado ontem, 4 de Junho com o seu candidato Baciro Dabó, com quem esteve até às 02:00 da madrugada.
Baciro Dabó foi morto em sua casa!
Hélder Proença foi abatido, com o seu motorista e guarda em plena Ponte Amilcar Cabral.
O Comunicado da Direcção Geral dos Serviços de Informação do Estado diz que a tentativa de golpe de Estado foi na noite de 4 de Junho.
Questiona-se noite, ou madrugada?
É que Baciro Dabó, segundo o seu Director de Campanha, que jantou em sua casa na companhia de amigos, esteve inclusive a tocar viola, tendo sido morto por um grupo de homens fardados e armados, que foram à sua casa matá-lo.
Isto contradiz o Comunicado dos Serviços de Informação, que afirma que: " Tratando-se de um acto de subversão da Ordem Constitucional e que os autores estavam armados, fora solicitado o apoio da Polícia Militar para o efeito do seu desmantelamento. Durante a operação, alguns renderam-se voluntariamente, enquanto que outros mostraram resistência contra as forças de ordem, o que culminou com trocas de tiros, tendo sido vitimados mortalmente."
O Comunicado diz ainda que " .... os Serviços de Informação do Estado tem provas materiais entre as quais as gravações e filmagens que testemunham todo o preparativo que vinha sendo levado a cabo por estes elementos..."
Com base na leitura e análise do Comunicado oficial dos Serviços de Informação do Estado, poder-se-á questionar o seguinte:
Em que sítio e a que horas foram interceptadas pessoas que alegadamente estavam a atentar contra a segurança do Estado, mais concretamente, tentando dar um Golpe de Estado?
É que Baciro Dabó não foi morto em nenhuma troca de tiros algures. Foi morto em sua casa por um grupo fardado e armado que aí se deslocou!
Hélder Proença e outras 2 pessoas, o motorista e o seu guarda, foram mortos quando viajavam para a capital Bissau...
Afinal, onde estão os operacionais de uma alegada tentativa de golpe de Estado que culminou em tiroteio, que ninguém testemunhou, sendo
que ninguém deu conta de nenhuma tentativa de assalto às instituições do Estado?
Quem foram as pessoas vitimadas mortalmente na alegada troca de tiros que se refere no comunicado, já que dos mortos, sabe-se onde foram mortos e em que circunstâncias?!
No passado dizia-se que quando Nino Vieira ordenava alguma matança, costumava ausentar-se do país. Será coincidência o facto de, neste momento quer o Presidente da República interino, o Primeiro-Ministro, o Ministro da Defesa e outros ministros estarem todos ausentes do país?!
A 28 de Maio, alguém em Bissau enviou-me uma mensagem dizendo que lhe tinham telefonado dando conta de movimentações...
Perguntei se eram movimentações militares e a pessoa confirmou que sim. Questionei se eram movimentações de militares leais ao Governo ou outros e a pessoa disse-me que desconhecia, mas que havia apreensão...
Na quarta-feira, falando com alguém em Lisboa, disse-me que o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau estava em Lisboa, supostamente porque havia informações de um atentado contra a sua vida...
Encontrei-me com o Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr. na terça-feira, aquando do funeral de Luís Cabral, sendo que, fez questão de me cumprimentar com um aperto de mão.
Juntando tudo isto, recordo-me de que há 2 semanas, o actual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas interino Zamora Induta, acusou no espaço de 1 semana, por 2 vezes, políticos de estarem a incentivar militares para a tomada do poder.
Fiquei preocupado com a repetição no espaço de 1 semana dessas acusações de Zamora Induta.
Falei com algumas pessoas desde então, dando-lhes conta de que, na minha opinião, poderíamos estar perante uma tentativa de se estar a preparar uma encenação para se criar confusão, matar algumas pessoas e adiar as eleições!
Disse isto a várias pessoas com quem falei e eis que, temos realmente confusão, mortes e, teremos, certamente, adiamento das eleições na Guiné-Bissau.
A lista dos alegados implicados emitida pelos Serviços de Informação do Estado contempla várias altas patentes militares que poderiam, caso as eleições fossem realizadas a 28 de Junho e, por escolha do Presidente eleito, ser convidadas para a Chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas, independentemente de serem militares fieis ao falecido Presidente João Bernardo "Nino" Vieira. É que esses militares, estão acima de Zamora Induta na hierarquia das Forças Armadas da Guiné-Bissau...
Esta é a minha primeira abordagem, baseada nas gritantes contradições do comunicado dos Serviços de Informação do Estado e as declarações do Director de campanha do candidato Baciro Dabó, bem como em relação às constatações das mortes ocorridas.
Na verdade, argumentar uma tentativa de golpe de Estado, transformou-se em escola, pois "legitima" matanças e acções repressivas contra alvos precisos.
Não estou a negar que não pudesse haver algo em preparação pelo Grupo mencionado no Comunicado dos Serviços de Informação do Estado, estou simplesmente a fazer a leitura, análise e interpretação do Comunicado em si, tal como foi tornado público e aí, o Comunicado contém diversas contradições que qualquer investigador facilmente consegue detectar, tomando em consideração depoimentos de particulares e as mortes ocorridas.
Algo continua mal com a estrutura que dirige o país.
Quando sugerimos o envio de uma Força Multinacional Militar e Policial, fomos vistos como pessoas que queriam levar "estrangeiros " para a Guiné...
Será que os políticos, governantes, militares e cidadãos que contrariaram essa ideia estão seguros de que a Guiné não precisa de nada disso e que os guineenses se entendem entre eles?
Quem está seguro na Guiné-Bissau, quando se mata, sabe-se que foram homens fardados e armadas que mataram e nada acontece, ou melhor, diz-se depois, neste caso, de que houve uma tentativa de golpe de Estado...?!
Aguardamos por mais detalhes para avançarmos com outras leituras e outras análises.
Vamos continuar a trabalhar!
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