Malam Bacai Sanhá: o périplo internacional antes da posse

 

 

Ricardino J. D. Teixeira[1]

ricardino_teixeira@hotmail.com 

06.08.2009

Ricardino Dumas TeixeiraMalan Bacai Sanhá venceu as eleições passadas e prometeu surpreender os guineenses e a comunidade internacional com políticas inovadoras nos próximos quatro anos de sua gestão. Garantiu - no decorrer da campanha eleitoral - coisas que suas recentes ações públicas e políticas demonstram incapazes de cumprir. Antes de assumir o cotidiano do palácio e a agenda pública do país, o périplo internacional já começou. Foram quatro países visitados com dinheiro público (Angola, Cabo Verde, Gâmbia e Senegal) em apenas uma semana. E prometeu mais: pretende proceder outras visitas de caráter privado, incluindo Portugal, tendo como objetivo central formular, pessoalmente, o convite aos seus futuros homólogos para a sua tomada de posse.

Provavelmente, alguns integrados ou aqueles que se pretendem integrar no atual sistema político de Bacai diriam que é cedo demais para levantar dúvidas de um presidente que nem assumiu suas funções; já os apocalípticos, do qual faço parte, argumentariam que teremos provavelmente um presidente que aumentará as despesas do país com viagens e subsídios.

O nosso futuro presidente, por ser o mandatário supremo da República, deveria ser o exemplo, diferentemente dos seus antecessores, pelo menos neste momento, no sentido de gastar menos e levar em conta a miséria do povo. Viajar para cinco países após eleição indica-nos que teremos a partir de Setembro um presidente viajante em condições de pobreza alarmante. Um presidente solidário com os seus “amigos” de campanha e ingratos com o seu eleitorado. Em cada viagem são milhões de francos CFA, moeda corrente do país que raras vezes chega à mão dos trabalhadores.

Malam Bacai Sanhá prometeu que se for eleito presidente trabalhará diariamente para propiciar o desenvolvimento do país a partir do saneamento das finanças públicas, mas esqueceu-se que foi incapaz e não teve sucesso político em diversos cargos públicos que assumiu nos anteriores governos. Como promover o diálogo político com despesas desnecessárias?  Como promover o equilíbrio e a unidade nacional quando as viagens desnecessárias do futuro presidente incentivam o desequilíbrio orçamentário? 

Dizer que as visitas e os convites pessoais do futuro presidente Malam Bacai visam incentivar o investimento externo, gerar a credibilidade e promover o entendimento entre os guineense é escandaloso. São escandalosas as quatros viagens privadas nas dramáticas atuais condições financeiras do país. Não somos contra viagens de qualquer futuro presidente, mas usar argumento como o de Sanhá num momento em que o quadro macroeconômico do país é negativo, não ajuda a resgatar o desempenho das finanças públicas e a credibilidade política do atual governo.

 Isso é uma vergonha!

 

[1] Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor de sociologia na Faculdade de Ipojuca - Brasil

 


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