Unidos pelos fatos

 

Matteo Candido *

10.02.2010

É entusiasmante ler no CONTRIBUTO o orgulho dos guineenses pela sua terra. As últimas mensagens que li foram as de Armando Quadé, de Bula e de Dionisio Mendonça, do Brasil.

Tratam-se de ideias e convicções fortes de quem não aceita a situação em que se encontra a sua Pátria. É notório o reconhecimento pela pessoa do Didinho. Ele soube criar uma relação maravilhosa com muitos guineenses. Deve continuar assim, e aqueles que acreditam nele, devem envolver outros mais.

Mas, para além das ideias serem essenciais, definindo-se como que "o motor principal de uma máquina", é fundamental que sejam materializadas. O Didinho, depois de ter feito durante muito tempo e praticamente sozinho, este trabalho de consciencialização, resolveu dar-lhe vida, concebendo algo que permitirá que as ideias não permaneçam apenas como palavras bonitas. Dirigindo a Associação que criou, segundo as suas convicções, o Didinho sabe que não pode ficar à espera. Deve entrar em campo e jogar.

As ideias, sem meios ou estruturas, são só academia e literatura: coisas belas, sem dúvida, mas que acabam por "apodrecer" nas prateleiras de uma biblioteca ou servir de peça de encenação num palco de teatro.

As ideias devem estar enquadradas com os Estatutos e necessitam de estar assentes em bases jurídicas.

Nada se consegue apenas com palavras e discursos, mas com participação, empenho e apoio. Li uma nota de um guineense que reside no estrangeiro, na qual ele diz não poder pagar a quota estabelecida pela Associação. Pergunto a esse guineense: você não consegue isso?  Não consegue doar uma pequena contribuição pessoal para passar das palavras aos atos, quando sabemos que há alguém que durante muito tempo, quase sozinho, tem dado todo o seu tempo e aplicado seu dinheiro no que dizemos que é de todos?!

Há muitos guineenses espalhados pelo mundo que, através das suas participações no CONTRIBUTO têm demonstrado inteligência e capacidade; muitos têm percorrido um longo caminho, é verdade, e economicamente e socialmente conseguiram posições de alguma estabilidade nos países onde trabalham. Não é possível aceitar da parte deles apenas palavras discursos. Devem aderir à Associação.

Certamente, toda e qualquer Associação tem os seus riscos. Pode haver desvios e falhar, mas isso depende da forma como for gerida e de quem faz parte!

Tendo em conta a forma como esta Associação foi criada e o facto de ser visto como um instrumento de unidade nacional, não posso acreditar que haja, na mente de qualquer pessoa justa e honesta, dúvidas e incertezas de qualquer espécie.

Um grupo de italianos, de Verona, dispostos a ir à Guiné para ajudar, lamentaram o facto de muitas coisas funcionarem ainda tão mal no país. Tendo eu participado do debate, disse-lhes que a África não é uma tábua rasa sobre a qual se pode fazer o que bem se entender, mas sim, um lugar que se deve encarar com respeito e consideração.

Porém, para os europeus, continua a ser um mistério como as coisas vão acontecendo sempre tão lentamente em África!

É necessário que os africanos construam infra-estruturas e ponham-nas a funcionar. Para a Guiné, a Associação criada pelo Didinho é uma oportunidade oferecida aos guineenses, no sentido de começarem a caminhar mais depressa e de forma honesta, rumo ao desenvolvimento!
 

* Pedagogo italiano, amigo da Guiné-Bissau.


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

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